Rio - Entre o rock de espírito punk (revivido em músicas como ‘Pic nic’, faixa afiada pela guitarra cortante de Fernando Catatau) e o regionalismo nativo (exposto em ‘Rimã’, música com toque de ciranda e a guitarra de Manoel Cordeiro), a cantora e compositora Karina Buhr peita o mundo machista e entra na guerra com ‘Selvática’, seu terceiro álbum. De tom feminista, o disco sai dia 29.

De peito aberto na capa do CD, Buhr desafia os textos sagrados que pregam a servidão feminina. O discurso peitudo de ‘Selvática’ soa atual e profano. “Não lhe devemos nada / Não nos verá na escuridão / Como capacho / Nos temporais amargos”, avisa Buhr na punk música-título ‘Selvática’, gravada com participação de Elke Maravilha. Elke roga versos que soam como pragas para a tribo machista.
A poética de ‘Selvática’ é sempre vigorosa. A pulsação da música oscila. Se ‘Alcunha de ladrão’ se aproxima da praia do reggae, ‘Desperdiço-te-me’ é balada que versa sobre o cansaço da vida que passa (e vai embora...) pela personagem da canção. Com ruídos na introdução, ‘Conta-gotas’ soa apática.
Bruno Buarque, MAU, André Lima e Victor Rice (cujo violoncelo adorna a balada ‘Vela e navalha’) são os músicos que pilotam a produção, tocando no disco ao lado do guitarrista Edgard Scandurra. Esse quarteto fantástico vitaliza a produção autoral de Karina Buhr em ‘Selvática’. Ela vence sua guerra.