Por bianca.lobianco

Rio - ‘Eu tinha uma visão completamente errada do que é o Carnaval, porque lá fora a festa é usada com propósitos comerciais. Você só vê mulheres nuas e coloridas. Se eu fosse o ministro do Turismo do Brasil, mudaria isso”, diz o cineasta francês Georges Gachot, que lança na quadra da Vila Isabel hoje, às 19h, a pré-estreia de seu documentário ‘O Samba’. Uma visão humanizada das escolas de samba, trazendo Martinho da Vila como guia e a sua Unidos de Vila Isabel como cenário. E seu objetivo foi mostrar um universo que, ainda hoje, muitos desconhecem fora do Brasil.

Filme mostra Martinho da Vila no desfile de 2013 e os bastidores da preparação da Vila Isabel para o CarnavalDivulgação

“Quis mostrar o lado musical, social e humano do samba. Muitas mulheres brasileiras que vivem na Europa me disseram o quanto essa mensagem foi importante para elas, já que se sentem desrespeitadas”, conta Gachot, acreditando que essa maneira comercial de se enxergar o Carnaval seja a razão pela qual o samba nunca teve o sucesso da bossa nova.

Martinho, que é popularíssimo na França (“em Paris, você não anda cem metros sem que alguém peça autógrafos a ele, ou peça para tirar uma foto”, diz Gachot), surge mostrando ritmos brasileiros num pandeiro, exibindo bastidores da escola de samba ou apresentando seu sítio em Duas Barras (RJ). O trabalho de toda uma comunidade para colocar a Vila Isabel na Avenida surge em personagens, diálogos e cenas. “É um retrato bem fiel, que mostra que todo mundo na comunidade trabalha pela escola: fazendo cabelo, maquiagem, montando coisas, ensinando crianças a tocar. Quando você fala em Carnaval no cinema, pensa logo em mulatas sambando. E no filme você vê as pessoas carregando suas fantasias”, alegra-se Martinho da Vila.

Incluindo ainda participações de Mart’nália, Ney Matogrosso, Leci Brandão, Zeca Baleiro, Beth Carvalho e mostrando a disputa do Carnaval de 2013, vencida pela Vila Isabel, Gachot diz que aprendeu com o filme que o samba pode salvar vidas. “Vi pessoas que nem têm um emprego ou uma casa chorarem quando a escola entrou na Avenida. A arte pode salvar o ser humano e lhe dar forças”, diz.


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