Por KARILAYN AREIAS

Rio - "É água purinha brotando da fonte". É com esses versos que o Movimento Popular e Cultural Samba Na Fonte se autoproclama a renovação do samba de raiz. Também não é para menos: desde 2007 eles dão a oportunidade de novos compositores mostrarem seus trabalhos, algo que não é muito comum no meio do samba. 

GALERIA: Conheça os compositores do Samba Na Fonte

Samba na Fonte propõe a renovação do samba através das músicas autorias. Rodas acontecem todas às terças no Botequim Vaca Atolada, na LapaKarilayn Areias/ Agência O DIA

 A ideia do movimento surgiu da insatisfação de alguns compositores que não tinham oportunidade de mostrar suas obras nas rodas. O incômodo fez com que esses músicos se reunissem nos Sindicatos dos Fumageiros, na Tijuca, e fundassem o movimento. Com o tempo, a ideia foi ganhando forma e eles passaram a se apresentar também na Pedra do Sal, na Zona Portuária da cidade. "Nos reuníamos na Pedra do Sal todas às quartas e com o tempo fomos crescendo e viemos cantar no Vaca Atolada", conta Mario Júnior, vice-presidente do Samba Na Fonte e que integra o movimento desde de 2009.

Porém, a luta por mais espaço nem sempre foi fácil. Após alguns anos na Pedra do Sal, o movimento perdeu o apoio de um dos bares da região, cujo dono passou o ponto, e devido a falta de infraestrutura os compositores quase viram o sonho de abrir espaço para as músicas autorais ir por água abaixo. 

Foi quando um personagem mudou o rumo dessa história. Claúdio Cruz, dono do Vaca Atolada, apareceu como um anjo e reforçou o convite para que continuassem a tocar na casa. Assim, o Samba na Fonte passou a ter como único endereço a Lapa, berço da boemia carioca. "O Samba Na Fonte dá a oportunidade para quem não tem, para quem procura e não encontra no meio do samba. E tem cada samba maravilhoso", comenta Claúdio, que também compõe, mas prefere não participar das rodas.

E é justamente a importância do samba e da renovação que move esta "família". Todos os 23 integrantes associados — sem contar aqueles que dão uma palinha do seu samba inédito e autoral na roda — tem o amor pelo samba e a vontade de que ele seja valorizado como ponto em comum. "Nosso começo foi na palma e no gogó. Enfrentamos água na canela e falta de infraestrutura, tudo por amor ao samba. Hoje estamos com o boi na sombra, no Vaca temos estrutura. Agora que conseguimos nos firmar desejo que possamos tocar em outros lugares e levantar ainda mais essa bandeira (de que as rodas de samba passem a dar mais espaços para sambas inéditos). O Samba Na Fonte não pode morrer!", comentou Nier Ribeiro, integrante do movimento desde o tempo da Pedra do Sal. 

Renovação do samba

O Samba Na Fonte tem a proposta diferente de dar espaço para compositores ainda não conhecidos. Com apresentações todas às terças-feiras, das 19h30 às 23h, para cantar é só chegar. Podem cantar até 4 compositores não associados por roda. E caso você visite e queira se associar é preciso pagar uma mensalidade, no valor de R$ 50. 

O movimento também tem atividades além da roda. Toda primeira terça do mês eles organizam a "Terça dos Independetes", em que apresentam projetos (CD, Eps, DVD) de artistas ainda sem incentivo. Já na última terça-feira do mês eles homenageiam pessoas que façam algo pelo samba ou fazem o evento "Fontes de Além Mar", em que são tocadas ritmos como jongo, ijexá, caxambu e poesia.

Serviço

Samba Na Fonte. Botequim Vaca Atolada - Rua Gomes Freire, 533, Lapa. Às terças-feiras, das 19h30 às 23h.

Você pode gostar