Lucas MoratoReprodução / Instagram

Rio - Lucas Morato, de 31 anos, filho do cantor Péricles, está seguindo os passos do pai. O artista deu um pontapé no novo projeto de pagode, contendo 13 faixas e um DVD ao vivo que marcam um novo momento na carreira. Em entrevista ao DIA, o cantor e compositor deu detalhes sobre seu trabalho, falou sobre as participações especiais de Vitinho, Marvvila e Gaab, revelou como é sua relação com o pai e contou quem são suas grandes referências na música.

Apaixonado por pagode e pelo palco desde pequeno, Lucas aprendeu ainda criança a tocar cavaquinho e violão. Aos 12 anos, começou a cantar. "Eu tinha um grupo chamado 'Filhos do Samba', e a gente não tinha nenhuma música inédita. Meu pai tinha algumas sortidas da época do Exaltasamba, mas eu não podia usar porque não eram minhas. Logo eu senti a necessidade de começar a compor", diz o músico, acrescentando que ali também despertou a curiosidade.
"As pessoas foram notando, fui compondo com grandes ídolos, como Nego Branco, Cleitinho Persona, Elizeu Henrique e Rodrigo Oliveira. 'Minha Namorada', gravada pelo Ferrugem, foi o meu primeiro sucesso como compositor. Além dessa, também compus 'Pra Você Acreditar' e 'Até Que Enfim'. Na mesma época teve música gravada pelo Thiaguinho chamada 'Ponto Fraco'. Tive os sinais de que eu estava no caminho certo como compositor", conta.
Questionado se prefere cantar ou compor, ele responde: "Ah, acredito que são coisas diferentes. Eu sou apaixonado por cantar, não desmerecendo compor. Não é que eu não consiga escolher, eu gosto muito de cantar o que eu componho. Eu gosto de compor para eu cantar, o foco sempre vai ser esse".
'Quem Eu Sou'

Lucas dá detalhes, com orgulho, de como foi gravar seu DVD. "Eu nunca senti nada igual. Sou muito crente da minha carreira, acredito que vai dar tudo certo. E mesmo que dê tudo errado, eu ainda vou achar uma outra saída, uma outra perspectiva. E de todas as tentativas, gravar esse DVD foi outra perspectiva muito boa. Realmente, foi uma aposta muito grande na minha carreira, um feito que fala muito alto, de acordo com o meu sonho".

O compositor ainda falou sobre o significado do projeto "Quem Eu Sou". "Eu me tornei um dos cantores com mais sobrenomes possíveis. Eu sou o Lucas que eu conheço, o Lucas Morato. Eu também sou o Lucas filho do Péricles. Sou o Lucas, compositor do Mumuzinho e Ferrugem. Acho que acabei criando muitas referências e trabalhos sortidos. Eu nunca consegui unir em apenas um trabalho o que o Lucas Morato é capaz, o que eu fiz, a minha história. 'Quem Eu Sou' é uma brincadeira que a gente faz com uma música do Jorge Vercillo, que eu sou muito fã. O DVD é a melhor forma para eu me apresentar por completo e mostrar tudo o que eu pude pensar e contribuir com a música", acrescenta.

Lucas diz não se incomodar com as associações que fazem ao seu nome. "Isso me engrandece, não me incomoda de forma alguma. Eu me sinto muito orgulhoso, acho isso único. Além de compor e ser bem reconhecido compondo, eu canto e sou reconhecido cantando. Eu tenho toda essa história, esses padrinhos, pessoas que realmente acabam confirmando o meu trabalho. Porém, o DVD 'Quem Eu Sou' é de fato uma apresentação, não que eu não queira ser comparado e relacionado a esses nomes, pelo contrário, mas eu também quero cantar as minhas músicas. Eu canto desde sempre, eu faço show todos os finais de semana e eu quero que isso ganhe cada vez mais voz".
Parcerias
O DVD do cantor tem participações de Vitinho, Marvilla e Gaab, artistas considerados amigos de longa data de Lucas, mesmo antes do sucesso. O músico explica sobre as parcerias. "Com o Vitinho é uma música que nós dois escrevemos, então nada mais bonito do que cantar eu e ele. A Marvilla é um fenômeno, tem uma voz maravilhosa. Eu decidi chocar: a música é romântica, porém divertida. Fala sobre uma discussão de relacionamento, e ela entrou demais no personagem. É uma mulher que eu vi cantando desde os 16 anos, então foi um prazer trazer para o meu trabalho. E o Gaab... Toda vez que a gente se encontra é para mudar as nossas vidas. A gente se encontrou para compor a música 'Ponto Fraco' e para gravar 'Para/Vai Passar'".

Morato acredita que esse projeto se diferencia dos anteriores devido a dimensão, aposta e entrega. "Eu tenho dois CDs. Um álbum, 'Muito Prazer', que eu sou extremamente fã, onde eu fiz parte de tudo. E o 'De Corpo e Alma', que também é uma divisão de águas da minha vida. Esse CD tem as faixas 'Sinto Sua Falta', 'É Natural', 'Apaguei Seu Nome' e 'Para'. Já o 'Quem Eu Sou' teve uma entrega muito grande, classifica o Lucas Morato como cantor, como artista e traz tudo que se destacou nas outras épocas para esse DVD. São mais composições que eu contribuí para o pagode e mais composições inéditas, porque as pessoas estão procurando músicas novas".
O cantor comenta, em meio a risos, sobre a sua música preferida neste trabalho. "Eu não consigo selecionar dos meus filhos qual eu mais amo, não dá. A gente não brincou em serviço, não queremos errar em nada. Eu prestaria atenção na música 'De Guarda Baixa', que é uma participação com o Vitinho. Gostamos dessa faixa desde que ela estava na voz e violão. Ela foi no estúdio, gravamos a base, gravamos no DVD, pegamos o feedback do público e toda aquela energia", diz.

"Nossa função, empenho e missão é com o público, fazer eles gostarem do nosso trabalho e ouvirem cada vez mais. Tem muita coisa boa que faz parte da vida do Lucas Morato. Eu fico falando em terceira pessoa, mas além de mim, é uma firma inteira, uma empresa, mais pessoas ajudam a construir, não só eu. Tem muita coisa que ficou para trás, tem muita coisa que não conseguimos dar atenção que o público pede. Então, nossa missão é fazer esse trabalho dar certo", declara.
Os 'feats' dos sonhos
Em andamento com o DVD, Morato segue com os sonhos e planos envolvendosua carreira. "Já tenho música para cada um do pagode. O Vitinho acabou de cantar comigo e já tenho outra para fazer com ele. De outros gêneros", expõe ele, revelando ainda do sonho ter feito uma parceria com Marília Mendonça, que morreu em 2021, vítima de um acidente de avião.
"Eu tinha uma música que eu queria ter chamado a Marília Mendonça, a faixa é um sertanejo e, ao mesmo tempo, um pagode muito bonito. Chama-se 'Baile da Saudade', combinava muito com a voz dela. Ela já mandou alguns vídeos cantando algumas músicas minhas, ela ouvia o meu trabalho e isso me encorajou bastante a mostrar a música, mas infelizmente não é mais possível. Queria alguma outra voz feminina de sertanejo para cantar essa comigo. Alguém da MPB, Djavan, já pensou? Talvez o Jorge Vercillo, que sou extremamente fã também".

Relação com o pai
Lucas conta sobre a relação com o pai, considerado um ídolo por ele. Segundo o cantor, os dois cultivam uma amizade e uma grande afinidade no gosto pela música. "Quando estamos juntos nos fazemos bastante companhia. Profissionalmente não é diferente, quando eu vou gravar uma música, eu pergunto o que ele acha, quando procuro um produtor musical, ele também dá opinião, alguma música inédita ou música minha, eu mostro para saber a opinião dele, que vai me direcionando. Eu tenho muita opinião própria, mas se tem feedback dentro de casa vale mais a pena mostrar para ele", relata.

O artista diz que crescer no meio musical ao lado do pai, ex-vocalista do Exaltasamba, o influenciou a ser artista. "Não vejo pessoas que tenham esse grau de influência. Eu tenho feedbacks, reconhecimento de artistas e de músicos que eu sou fã. Me sinto privilegiado. Eu também acabo tomando certas decisões pelo fato de já ter vivido algumas coisas, de já ter visto. Posso errar, mas vou errar em outras coisas", conclui.
*Reportagem da estagiária Letícia Montrezor sob supervisão de Nara Boechat