Filme Ninguém Sai Vivo Daqui é baseado na história da tragédia em Hospital Psiquiátro de BarbacenaDivulgação
"Eu sempre fui apaixonada pelo audiovisual, e acho que, às vezes, a realidade é tão dura que a gente precisa da arte para dar conta dela", comenta Arbex, cuja carreira é marcada por mais de 20 prêmios, nacionais e internacionais, e pela adaptação de suas obras para a televisão.
Nos cinemas
O filme, dirigido por André Ristum, conta a história de Elisa, uma jovem que é internada à força pelo pai, após engravidar do namorado. Vítimas de todo tipo de abusos no local, ela e outros internos se unem para descobrir uma forma de fugir do inferno.
Segundo Ristum, a ideia de fazer uma ficção surgiu após uma longa pesquisa, incluindo com uma visita ao local onde funcionou o hospital. "Aquilo me chocou demais, e entendi que talvez esse fosse o melhor caminho para contar essa história. Depois, eu encontrei inclusive uma afinidade com minha história pessoal pois, minha mãe, quando moça, bem antes de eu nascer, também passou por uma situação de uma gravidez antes do casamento e acabou de alguma maneira sendo obrigada a praticar um aborto".
Fernanda Marques, de 30 anos, que dá vida à protagonista Elisa, afirmou que encontrou no elenco o equilíbrio emocional para aliviar as cenas mais pesadas. "Essa união fez com que o trabalho ficasse mais leve. Acho que todo mundo ficou impactado, porque emprestar o sentimento nunca é fácil, é sempre trabalhoso. Mas, de um modo geral, a gente lidou muito bem com isso", lembra a atriz, que interpretou Cecília, filha de Rebeca (Andrea Beltrão), na novela "Um Lugar ao Sol" (2021), da TV Globo.
Além de Fernanda, estão no elenco de "Ninguém Sai Vivo Daqui" atores conhecidos do grande público, como Andréia Horta e Augusto Madeira. Andréia considera a produção como um grande aprendizado: "Fiz uma pesquisa intensa e extensa sobre esse assunto tão marcante em nossa história! Foi um trabalho especial pra mim".
Das páginas para as telas
Além da adaptação de "Holocausto Brasileiro" para um documentário, uma série de ficção e um filme, a escritora já teve outra obra levada para as telinhas. O livro "Todo Dia a Mesma Noite", também da Intrínseca, tornou-se ficção na série da Netflix de mesmo nome. A produção conquistou o público, chegando ao top 10 global da plataforma de streaming.
Para Daniela, o sucesso dos livros e a atração para as telas se devem aos temas explorados, caracterizados por ela como universais. "Todas as histórias que conto têm em comum a impunidade e precisam ser discutidos. Eu falo sempre que esquecer é negar a história. E se a gente esquece, a gente repete os erros do passado que nos trouxeram até aqui. Então, se existe uma marca do meu trabalho, eu acho que é exatamente construir a memória coletiva do Brasil", avalia a escritora.
Embalada pela boa recepção nas telas, Arbex tem o desejo repetir a dose em outras publicações, como "Longe do Ninho", livro lançado em 2019. A obra retrata o incêndio no Ninho do Urubu, que vitimou dez jogadores da base do Flamengo. "A minha expectativa é que também possa ir para o cinema e a gente possa contar essa história, não tem nada fechado ainda", adianta ela, deixando escapar ainda outro projeto. "Estou flertando com um podcast".
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