Império da Tijuca será a segunda escola a desfilar com homenagem a Lia de ItamaracáPedro Ivo/Agência O Dia
A União do Parque Acari promete levar as ladeiras do Curuzu de Salvador para a Marquês de Sapucaí. A escola de apenas cinco anos será a primeira a desfilar e vai homenagear os 50 anos do Ilê Aiyê, considerado o primeiro bloco afro do Brasil. A agremiação de Acari surgiu da fusão entre as escolas Corações Unidos do Amarelinho e Favo de Acari.
O presidente do bloco afro, Antonio Carlos, o Vovô do Ilê, vai participar do desfile na última alegoria, que representa a ladeira do Curuzu. A estreante União do Parque Acari promete um desfile imponente e tem como objetivo se manter na Série Ouro. A escola superou a adversidade que sofreu quando teve a quadra inundada pelo temporal que atingiu a Zona Norte do Rio e Baixada em 14 de janeiro e conseguiu recompor as fantasias a tempo.
"O objetivo da escola é fazer um belo Carnaval e se manter na Série Ouro. Se preparar cada vez mais para os próximos anos. A União do Parque Acari vai fazer um belo desfile com alegorias grandiosas, imponentes, bem acabadas. As fantasias são bem luxuosas e haverá muitas surpresas durante o desfile", destaca o carnavalesco André Tabuquine.
O Império da Tijuca será a segunda escola a desfilar com o enredo "Sou Lia de Itamaracá, cirandando a vida na beira do mar" em homenagem aos 80 anos da Rainha da Ciranda, que vai participar do desfile. A escola do Morro da Formiga promete um desfile alegre e colorido com referências às manifestações culturais do Nordeste, à arte de Lia e a sua vivência na Ilha de Itamaracá.
"Um ponto importante no desfile é o início da escola, que traz a ligação com as águas doces e salgadas. Lia é abençoada por Nanã, Oxum e Iemanjá. Acho que vai trazer bastante emoção", recomenda o carnavalesco Júnior Pernambucano.
O artista, que é do mesmo estado da homenageada, revela que o enredo toca em um ponto familiar. "Resgata toda a minha infância e vivência em Pernambuco. É uma grande homenagem a uma mulher preta que veio da simplicidade, do povo. Ela traz uma garra muito grande na influência da música e da dança. Lia é Pernambuco. Lia é toda a influência cultural do nosso Brasil", declara Júnior.
Terceira escola a desfilar nesta sexta-feira, a Acadêmicos de Vigário Geral vai promover um São João no Carnaval com o enredo "Maracanaú: Bem-vindos ao Maior São João do Planeta". O desfile vai reverenciar a cidade pernambucana, contar sua história e exaltar sua cultura.
Já a Inocentes de Belford Roxo vai unir passado e presente com o enredo "Debret pintou, camelô gritou: 'compre 2 leve 3!'. Tudo para agradar o freguês". A "Caçulinha da Baixada" apresentará, no início do quarto desfile da noite, um Carnaval mais clássico, que remontará aos tempos em que o pintor francês Jean-Baptiste Debret retratou o Rio de Janeiro e seu comércio ambulante.
O enredo se desenrola até chegar à atualidade, com vendedores ambulantes nos trens, praias e ruas da capital fluminense. "Será um desfile alegre, colorido, divertido, informativo, mostrando a importância do comércio ambulante em nosso país", conta o carnavalesco Cristiano Bara.
Entre os pontos de atenção recomendados pelo carnavalesco está o momento em que Debret pinta um quadro na Avenida, representado por uma grande escultura. Outra cena importante é a que o apresentador Silvio Santos sairá do Baú da Felicidade, além do último carro, que contará com coreografia de Carlinhos do Salgueiro.
"O objetivo da Inocentes neste Carnaval é mostrar a importância do comércio ambulante para o crescimento do nosso país. A contribuição dessa vasta categoria que ajuda a fazer o dinheiro girar e leva seu sustento para casa depois de tanto suor na rua, no trem, na praia", resume Bara.
Com o enredo "Chão de Devoção - Orgulho Ancestral", a Estácio de Sá, quinta a desfilar nesta sexta-feira, vai exaltar o povo negro brasileiro e a ancestralidade vinda de África através das figuras de Vovó Cambinda e Maria Conga. O carnavalesco Marcus Paulo ressalta que o povo negro, no seu enredo, será retratado pela sua potência e não em situação de subserviência ou escravidão.
"Não reforçaremos as imagens colonialistas do negro subserviente, do negro chicoteado, do negro amordaçado, maltratado, acorrentado. Esses universais escravocratas não farão parte do nosso desfile. Não quero me recolocar nesse lugar. Vocês verão foco nas estratégias culturais, no colorido, no canto, na dança, na religiosidade", promete o carnavalesco da Estácio.
Marcus Paulo adianta que o Carnaval do Berço do Samba será de uma África "extremamente colorida" para apresentar como as duas homenageadas, juntas com seu povo, criaram estratégias para preservar sua cultura e lembrar de suas terras. A comissão de frente terá cinco momentos com diferentes figurinos, destaca.
"É um momento de liberdade das nossas duas meninas ainda na região do Congo-Angola e faz uma síntese do destino delas até se tornarem espíritos evoluídos, irem para o reino das almas e ganharem o direito de continuar cuidando da gente, mesmo no plano espiritual", explica Marcus Paulo.
O carnavalesco também destaca que a Estácio terá um carro completamente bordado pelos aderecistas do barracão e que o Mestre Chuvisco também estará coreografado no comando de sua bateria.
Vice-campeã da Série Prata 2023, a União de Maricá desfila pela primeira vez na Marquês de Sapucaí nesta sexta-feira com o enredo "O esperançar do poeta". A escola de samba vai homenagear os compositores. O carnavalesco André Rodrigues pontua que o desfile tem um olhar romântico sobre o contexto em que esses sambistas cresceram.
"O esperançar através da fé, em depositar esperança nas crianças, nessas próximas gerações e construindo através do samba um novo mundo que seja possível", finaliza André Rodrigues.
Penúltima escola a desfilar, a Acadêmicos de Niterói apresenta o enredo "Catopês - Um céu de fitas". Trata-se de uma festa popular realizada há 174 anos em Montes Claros, Minas Gerais. O presidente da Acadêmicos de Niterói, Hugo Júnior, afirma que o Carnaval deste ano é o maior de sua carreira e acredita que o enredo levará a escola ao Grupo Especial no ano que vem.
"A Acadêmicos de Niterói fará um grandioso Carnaval, que brigará pelo campeonato. Temos um enredo cultural brasileiro, um tema do povo. A festa dos Catopês também é resistência, assim como o Carnaval e essa união nos trará o campeonato e vaga no Grupo Especial", afirma Hugo. O presidente indica ao público atenção para a comissão de frente. "Além de muito bem coreografada, será um dos pontos altos de emoção", indica.
A Unidos da Ponte promete encerrar a primeira noite de desfile com um clima quente e animado, fazendo jus ao enredo "Tendendém – O axé do epô pupá". A escola vai contar a história do dendê desde África até o Brasil.
"Sustentado por um ótimo samba, o público pode esperar um desfile criativo com materiais que causarão impacto. Destaco o segundo carro, justamente pela forma que foi confeccionado. Ele será adereçado com 5 mil garrafas pets pintadas emulando garrafas de dendê", antecipa o carnavalesco Renato Esteves.
A alegoria foi toda pintada à mão. Outro ponto destacado pelo carnavalesco é a Comissão de Frente. "Para 2024, esperamos alcançar a melhor colocação desde que a escola retornou à Sapucaí. Estamos trabalhando para isso!", garante o carnavalesco da Unidos da Ponte. "Tem dendê, tem axé", de Raul Lody, é o livro que inspirou o enredo. Na Unidos da Ponte, a história será desenvolvida através da influência do dendê nos mitos ritualísticos africanos, mostrando sua importância nos hábitos e na cultura brasileira, sobretudo na Bahia.
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