Anderson Macumba, da Imperatriz Leopoldinense, trabalha com carro enfeitadoBeatriz Perez/ Agência O DIA
"É o maior espetáculo da Terra. Muita gente entra, às vezes triste, cabisbaixo, em situações difíceis, mas quando olha o carro enfeitado, já começa aquele riso, o olhar começa a brilhar. A gente tem que levar alegria pro público. Carnaval é uma energia boa. Como diz a Imperatriz Leopoldinense: 'Ê, cigana, a caravana está em festa”, diverte-se.
Além de motorista de aplicativo, Macumba é diretor de harmonia na Sapucaí e este ano vai acompanhar a musa Rafa Kalimann na Avenida. Nos dias de folia, o leopoldinense trabalha devidamente uniformizado com a camisa da escola e enfeita o carro com bandeirolas atrás das poltronas e máscaras por todo o carro. No painel, a faixa do campeonato de 2023 fica estendida.
Cria de Merendiba, aos pés da Igreja da Penha, Anderson cresceu na quadra de Ramos, levado pelo tio. Macumba já foi componente e diretor de Harmonia. Em sua casa, todo mundo participa da escola. A família também enfeita o lar de verde e branco e deixa o samba-enredo do ano tocando. A mulher desfila como harmonia de ala, e a filha de 15 anos, a Macumbinha, é componente. A caçula da família não escapou do apelido. É a mini-Macumba na Imperatriz.
O padre reitor da Basílica Santuário de Nossa Senhora da Penha, Thiago Sardinha, cresceu no bairro e por isso também frequenta a quadra da Imperatriz, de onde conhece Anderson. Consciente da relação da Igreja da Penha com os sambistas, o padre autorizou que a bandeira fique estendida voltada para o aeroporto do Galeão. É a primeira vez que o reitor recebe o pedido da escola no Carnaval, mas já atendeu torcedores do Flamengo e do Fluminense em vitórias de campeonatos.
"A Igreja da Penha tem essa relação por abrigar e acolher os primeiros sambistas, e outros: Pixinguinha, Jamelão, Beth Carvalho. Nossa Senhora da Penha é Patrona dos Sambistas. A Imperatriz e outras escolas estão sempre aqui na Festa da Penha. O samba nasceu na Praça Onze e Tia Ciata e Donga vinham para cá lançar os sucessos, como foi com o primeiro samba, 'Pelo telefone (1916)", lembra Padre Sardinha. O reitor mantém a tradição de berço do samba e realiza, além da Festa da Penha, em outubro, o Penha Folia, com marchinhas de Carnaval e samba durante janeiro e fevereiro.
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