Rio - A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) divulgou as justificativas e observações dos jurados para tirar pontos das agremiações do Grupo Especial, nesta sexta-feira (16).
fotogaleria
Vencedora do Carnaval 2024, a Viradouro recebeu apenas três notas 9.9. A escola foi penalizada com um décimo nos quesitos Alegorias e Adereços, Mestre-Sala e Porta Bandeira e Enredo. Entre as justificativa, estavam ferragens e emendas das alegorias à mostra, muitos passos de balé na coreografia do mestre-sala e a falta de relação de alegorias com o desdobramento do enredo.
Entre problemas com alegorias, iluminação e passos de dança, as justificativas dos jurados viralizaram nas redes sociais. Outro ponto que chamou a atenção dos internautas, foi a letra de alguns dos avaliadores. Determinadas escritas foram comparadas a receitas médicas.
Confira, a seguir, as melhores justificativas por quesito:
Alegorias e Adereços
Além de tirar ponto da Estação Primeira de Mangueira por alegorias com falta de acabamento, Fernando Lima citou o fato da cabeça da escultura que representava a Alcione estar quebrada. Ele também pontuou o esquecimento de uma espécie de sacola deixada na lateral da alegoria 3.
Walber Ângelo de Freitas apontou que no desfile da Porto da Pedra, escola que foi rebaixada, o rompimento de um elemento causou pânico em um destaque da alegoria pelo risco de queda. Ele também tirou penalizou o Salgueiro pela falta de criatividade apresentada pela escola.
Para Madson Oliveira, início da apresentação do Salgueiro foi grandioso, mas foi "perdendo impacto visual à medida que o desfile avançava".
Já Soter Bentes retirou ponto da Paraíso do Tuiutí ao perceber que um componente quase caiu com um acidente na estrutura da alegoria.
Bateria
Para Rafael Barros, o som da bateria ficou comprometido por causa das fantasias usadas pelos componetes da bateria da Porto da Pedra. Mila Schiavo descontou pontos da Beija-Flor, Portela e Mangueira por falta de precisão rítmica.
Evolução
A jurada Verônica Torres apontou a formação de um buraco na Beija-Flor, Salgueiro e Mocidade, dois na Mangueira e três na Porto da Pedra. Mateus Dutra apontou que a musa 7 do Paraíso do Tuiutí não desfilou na ala em que deveria estar, passando por dentro da ala 28 e atrapalhando a fluidez.
Para Lucila de Beaurepair, algumas alas do Grande Rio ficaram emboladas e prejudicaram outras, que ficaram espremidas. Já Gerson Oliver, afirmou que a Vila Isabel apresentou buracos e embolação.
Mestre-Sala e Porta Bandeira
Fernando Bersot citou lentidão e falta de energias nos casais da Porto da Pedra, Unidos da Tijuca e Portela. Já Paulo Rodrigues, achou que o mestre-sala da Mocidade precisa desenvolver mais o repertório técnico e que não estava em sintonia com a porta-bandeira.
Para João Wlamir, faltou interação do mestre-sala com a porta-bandeira do Paraíso do Tuiutí, já que ele estava dançando mais para a plateia do que com a companheira. Segundo o jurado, o mestre-sala chegou a quase bater com o rosto na bandeira por causa da proximidade do casal
Quase unânime como fator que prejudicou, três dos quatro jurados citaram a falta de iluminação do casal da Vila Isabel como um empecilho para assistir à apresentação. Para Mônica Barbosa, as luzes nas roupas dos componentes "seriam ótimas em um espetáculo qualquer. O problema é que estamos falando da dança do mestre-sala e porta-bandeira! Cheia de simbolismo, tradição e ancestralidade", escreveu.
Comissão de Frente
As maiores queixas dos jurados foram os acabamentos e as encenações apresentadas pelas escolas de samba na Sapucaí.
Para Rafaela Riveiro Ribeiro, a Beija-Flor apresentou "momentos da concepção coreográfica confusos e múltiplas informações concomitantes" na comissão de frente. Raffael Araújo, notou que a iluminação não favoreceu a comissão da Mangueira, já que as bailarinas que representavam as várias fases da Alcione ficaram no escuro enquanto a luz ficou apenas na parte de cima do elemento.
Nenhum jurado penalizou a comissão de frente da Viradouro, que foi alvo de recurso de outras agremiações por supostamente ter infringido uma regra sobre a quantidade de componentes na apresentação. Recurso este que foi negado pela Liesa.
Enredo
Com poucas notas 10, o jurado Jhonny Soares deu a nota máxima apenas para três escolas: Portela, Unidos de Vila Isabel e Viradouro. Nas justificativas, ele detalhou seu entendimento das alegorias e comparou com os enredos apresentados.
Para Carolina Vieira Thomaz, as escolas penalizadas apresentaram repetições em alas e carros. Sobre a Grande Rio, agremiação que perdeu três décimos, a jurada afirmou que "o recorte e a abordagem escolhidos não são eficientes em priorizar a mensagem que pretendem comunicar".
Tanto Artur Nunes Gomes quanto Marcelo Figueira disseram em suas justificativas que a Unidos da Tijuca deixou a desejar quanto à critica a Portugal. No desfile a escola apresentou um carro retratando que os monstros imaginados por portugueses eram eles próprios, devido à escravidão e navios negreiros. Para os jurados, a abordagem foi tímida, segundo Nunes, e "sem um elo que torne o discurso coerente", de acordo com Figueira.
Harmonia
Para Rodrigo Lima e Jardel Maia, a Unidos da Tijuca foi perdendo força no canto ao longo do desfile, a Porto da Pedra enfrentou problemas de afinação e canto dos componentes.
Segundo Bruno Marques, houve "queda frequente da dinâmica do canto, causando a sensação de quase abandono pelos intérpretes" da Beija-Flor. Já Júlia Félix, o canto da Mocidade "diversas vezes soou arrastado".
Samba-Enredo
Embora o samba-enredo da Mocidade tenha caído na boca do povo e viralizado nas redes sociais, a música não foi unânime entre os jurados, já que a escola ganhou duas notas 10, uma 9.9 e uma 9.8. Para Cyro Delvizio, as notas longas fizeram com que "os refrões perdessem força".
Além da Mocidade, Cyro também afirmou que o samba da Grande Rio não deu conta de expressar com clareza a pauta indígena, a Imperatriz apresentou excesso de motivos melódicos nos versos e a Unidos da Tijuca possui pouca conexão entre os assuntos.
Alessandro Ventura disse que o samba da Grande Rio eram de difícil dicção. Já Alice Serrano, afirmou que o verso "kiô, kiô, kiô, kiera" fugiu do tema musical apresentado pela agremiação.
Fantasias
Regina Oliveira disse que várias fantasias da ala das baianas da Porto da Pedra apresentavam fios aparentes, as da unidos da Tijuca estavam com defeito e as da Portela eram de difícil entendimento.
Para Sérgio Henrique, o acúmulo de adereços na Grande Rio "fez perder o apuro estético". Paulo Paradela afirmou que a agremiação "deixou a fantasia poluída, dificultando sua leitura". Já Wagner Louza apontou que as fantasias do o Salgueiro preservava "estereótipos eurocêntricos da cultura indígena".
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.