Público será convidado a ’embarcar’ em trem fantasma durante desfile da Unidos de Vila IsabelPedro Teixeira/Agência O Dia
O desfile da Vila começará com o público "embarcando" em um verdadeiro trem fantasma, representado no carro abre-alas, que o guiará por uma viagem pelos seres mais assustadores das matas, das águas e das lendas urbanas. Segundo o carnavalesco Paulo Barros, a intenção é tornar a experiência de quem está no sambódromo em um parque de diversões, passando pelos sustos, adrenalina e, especialmente, alegria.
"É uma diversão, você entra nele (trem fantasma) para ter sustos, pavor, medo, mas, ao mesmo tempo, ter uma adrenalina e causar alegria. Quem acha que esse enredo sobre assombrações é para ser assombroso, não é. É um trajeto desse trem onde a gente vai ter essas sensações misturadas e no final causará alegria, porque quando você sai do brinquedo, o que você faz? Você ri", apontou.
Do medo à festa
O artista deixou espaço para todas as criaturas assombrosas brilharem na Avenida. Enquanto o primeiro setor vai trazer os seres das matas e florestas, como o Saci, Curupira e Boitatá, o segundo chega com os mistérios dos mares e rios, como a Iara. Haverá ainda uma representação daquelas lendas e mistérios que correm pelos vilarejos, cidadezinhas, castelos e até igrejas.
Além dos seres míticos, o enredo também vai apresentar os medos da infância, muita vezes incutidos na cabeça das crianças pelos próprios pais. "Hoje isso vira uma grande piada. Eu quando era criança tinha medo do bicho-papão, do homem do saco, e hoje é divertido relembrar tudo isso", brincou Barros.
Ao final do desfile, Paulo promete transformar a Sapucaí no que chamou de "Carnaween", ao incluir figuras de terror muito usadas nas fantasias de Halloween. A proposta, de acordo com ele, é dar o tom de festa que as duas celebrações têm e contagiar o público de alegria. "São figuras que na literatura, no cinema, são horrendas, mas que no Halloween são engraçadas. O enredo da Vila, no final, forma essa grande festa de alegria. O próprio samba diz: "A Vila vai te pegar" e ela vai te pegar de alegria", explicou.
Conhecido pela inovação e ousadia, que lhe renderam três títulos com a Unidos da Tijuca (2010, 2012, 2014) e um com a Portela (2017), o carnavalesco garante que o desfile da Unidos de Vila Isabel será realizado à la Paulo Barros. Com seis alegorias e 30 alas, decidiu aposentar os tripés e a grande aposta fica por conta da diversidade estética dos elementos, uma das formas que encontrou de carimbar para sempre na memória dos presentes a passagem da agremiação pela Avenida em 2025.
"Podem esperar o Paulo Barros, que é aquele cara que quer causar sensações. Eu tenho um conjunto alegórico que é muito diversificado, é muito particular no sentido de que cada carro é muito diferente um do outro. A gente vê muitas alegorias passando sendo muito parecidas, com a estética sendo mais ou menos a mesma. Eu tento fugir disso para que no desfile as pessoas saiam e elejam qual o seu preferido. Isso é o legal, carimbar nas pessoas imagens que nunca vão esquecer. O meu objetivo de fazer um desfile é sempre esse".
"Hoje o mundo está correndo muito rápido, as coisas estão acontecendo muito rápido. A televisão, o celular que você compra hoje, amanhã já estão obsoletos. A tecnologia hoje, você consegue absorver muita coisa, só que a gente não tem fundo financeiro para bancar isso. Hoje eu tenho o que sempre tive: fumaça, efeito de luz, movimentação pelo pessoal de Parintins, não tenho novidade nenhuma. A novidade vem no uso dessas coisas de modo único. É aí que a gente consegue ser diferente".
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