Negra Li
Negra LiDivulgação
Por Juliana Pimenta
Rio - Nesta quinta-feira, Negra Li inicia uma nova etapa em sua carreira. Com o lançamento de 'Comando', sua música de trabalho, a cantora faz um manifesto antirracista e discorre sobre os obstáculos e preconceitos que os negros enfrentam diariamente. Para Negra Li, é importante que a própria comunidade se identifique e se apoie. "Nós, mulheres pretas, devemos nos manter cada vez mais unidas. Como disse a filósofa Angela Davis, 'quando uma mulher preta se movimenta, toda uma sociedade se movimenta com ela' Então imagine mulheres pretas unidas, poderemos fazer a diferença no mundo", vislumbra a cantora.


Apesar de ter um trabalho que pode parecer destinado a um público-alvo específico em um primeiro momento, a cantora faz questão de destacar a importância de que toda a sociedade se una em torno da luta de igualdade racial. "Para pessoas que não estão em seu lugar de fala, acho importante ter empatia e tentar se colocar neste lugar. É muito difícil, eu sei... Mas reconhecer seu lugar de privilégios e tentar se imaginar em outra pele é importante também. Você escolheria vir como uma mulher preta? Se sua resposta for não, então você já sabe que tem... Precisa ter empatia, ler, ouvir, estudar a respeito e ser antirracista", prega a artista.

Mas se engana quem pensa que o conceito se atém apenas à música. O clipe, lançado também nesta quinta-feira, promete impactar o público. "Desenvolvemos todo um roteiro com base na história do período da escravidão. O clipe é muito representativo, cheio de significados e tem muito para contar dessa situação que não aguentamos mais, dessa desigualdade do racismo desenfreado. É uma forma de fazer a galera refletir, olhar mais para o racismo, para o sofrimento alheio e ter empatia", defende Negra Li.

Criação na pandemia

A produção do álbum, por sinal, aconteceu nos últimos meses, já na pandemia. Para Negra Li, o trabalho artístico ajudou a lidar com as incertezas persistentes nesse período. "A pandemia me assustou um pouco, me senti em uma montanha, uma hora víamos uma aparente melhora na situação e, em seguida, voltávamos ao que parecia o início da pandemia. Mas, de certa forma, foi importante para eu ter dado inicio na produção do álbum. Tive tempo para me dedicar a isso, pude compor mais e dar continuidade ao meu trabalho", conta a cantora que, para matar a saudade do seu público, recorreu às famosas lives.

"Eu adorei, fico muito feliz de ver e sentir o carinho das pessoas, ler os comentários. É gostoso ver que estão sentindo falta do meu trabalho, isso pra mim é reconfortante. Não fiz muitas lives, mas as que fiz foram maravilhosas, pude matar um pouquinho da saudade e saber que tem pessoas me ouvindo, gostando do que estão ouvindo e com saudade do meu som", declara Negra Li.

E mesmo tendo se adaptado, de certa forma, à pandemia, a cantora já sabe tudo o que quer fazer quando esse momento difícil acabar. "Eu sinto muita falta da agitação que era a minha vida: as viagens, as pessoas, muito trabalho e muitos shows. Quando isso acabar, eu só quero andar com liberdade, sem pensar em máscara e distanciamento social. Quero apenas viver normalmente, quero que a vida volte ao normal de fato e não ter esse novo normal".