Zé de Abreu como Coronel Tertúlio em Mar do SertãoReprodução/TV Globo

Rio - José de Abreu, mais conhecido como Zé de Abreu, acabou com a dúvida de muitos ao garantir que a TV Globo não interfere no posicionamento político dos profissionais. Em entrevista ao "IG Gente", o ator, no ar em "Mar do Sertão", negou qualquer tipo de retaliação aos que declaram seu voto.
"Lado político, a emissora sempre deixou claro que não mexia em ninguém por declarar voto", afirmou ele. O ator acrescentou que a emissora só intervém em situações que envolvem um crime, como o caso do ator José Dumont. "Isso já é justa causa, não tem nem o que discuta. A Elizângela, também, por não se vacinar. É questão de saúde pública, quem não tomava vacina não poderia nem entrar no Projac", disse. 
Zé também destacou que já chegou a se sentir solitário por se posicionar politicamente. "Era uns cinco ou seis, eu, o Paulo Betti, o Osmar Prado. A maioria só se manifestava nas eleições, ia em reuniões, agora todo mundo participa. Não que todos viraram de esquerda, mas pelo menos tem uma posição política", celebrou.
Filiado ao PT, o ator discorda das pessoas que deixam de consumir sua arte ou conteúdo por terem um posicionamento contrário. "Não deixei de cantar 'Inútil' porque descobri que o Roger é um inútil, eu acho a música boa, gosto do grupo. Tem que separar o artista da obra", exemplificou. "Tem quem fale que pega ranço de bolsonarista, não sei o que lá, mas se for pegar ranço de quem for de esquerda, vai pegar 70% de toda a arte. Ultimamente quem vem do teatro tem essa visão que chamam de esquerda, né?", completou ele.
Ao falar sobre "Mar do Sertão", o ator avaliou que o seu personagem, o coronel Tertúlio, votaria em Bolsonaro (PL) nas eleições presidenciais. "Nunca que ele votaria na esquerda, por princípios dele, mas ele respeita a Candoca (Isadora Cruz), por ela enfrentar ele de peito aberto e olho no olho", ressaltou.
Zé de Abreu aproveitou para salientar que gosta de interpretar personagens que fogem a sua personalidade. "É mais fácil fazer o que está longe, o oposto da gente é mais fácil, porque você enxerga melhor. Quando é algo próximo, não fica claro quando é o ator e quando é o personagem. Por isso gosto tanto de fazer vilões", explicou.