Susana Naspolini e a filha, JuliaReprodução Internet

Rio - Julia Naspolini, de 16 anos, abriu o coração e revelou como tem se sentido após a morte da mãe, a jornalista Susana Naspolini, vítima de um câncer, no mês passado. Em um depoimento enviado à "Veja", a jovem também falou sobre sua força, relembrou os últimos momentos ao lado da repórter do "RJTV", da TV Globo, no hospital e citou os planos futuros. 
"Há momentos em que estou bem, em outros, nem tanto. Minha mãe, meu grande exemplo, me fez ser forte", começou Julia, que recordou os últimos momentos ao lado da jornalista no hospital. "Quando o médico me disse, quatro dias antes de ela nos deixar, em 25 de outubro, que o quadro era gravíssimo, não pensei duas vezes. Como ela nunca perdeu a fé, gravei um vídeo e postei nas redes pedindo orações, que agradeço muito. Naquele dia, já extremamente debilitada, falou comigo pela última vez. Queria que ficasse a seu lado, e eu não larguei sua mão. Mas não deu. Ela se foi aos 49 anos". 
A estudante também ressaltou a força de Susana depois de enfrentar o câncer por cinco vezes. "A doença surgiu aos 18 anos. Ela venceu um linfoma de Hodgkin. Quando eu tinha 4, descobriu um tumor na mama, seguido de um na tireoide. Em 2016, soubemos de outro câncer na região da mama e, em janeiro de 2020, veio a notícia da metástase na bacia. Ela me ensinou muito. Nunca deixou de lutar. Mesmo quando estava abatida e cansada, era generosa e demonstrava alegria".
No depoimento, Julia afirmou que, após a morte do pai, o jornalista esportivo Maurício Torres, em 2014, sua relação com a mãe se intensificou ainda mais. "Sempre fomos grudadas, adorávamos fazer tudo juntas, o que se intensificou ainda mais depois que meu pai teve uma arritmia cardíaca em um voo do Rio para São Paulo, precisou ser hospitalizado e não resistiu. Morreu em um mês, devido a uma infecção, aos 43 anos. Eu era nova na época e não pude me despedir dele no CTI, como fiz agora com minha mãe. Ninguém espera enfrentar essas perdas tão cedo, mas sou grata por ter tido um tempo tão intenso e feliz com eles". 
Por fim, a estudante revelou seus planos futuros. "Ainda não sei se continuarei no Rio, mas quero acabar o ensino médio na escola onde sempre estudei, vivendo com minha avó.  Como muita gente da minha idade, estou indecisa em relação à escolha no Enem. Não sei se tento medicina, direito ou jornalismo, seguindo os passos dos meus pais. Seja qual for a escolha, os dois já me deram grandes lições, que carrego comigo. Apesar de tudo isso não ser nada fácil, minha maior escolha mesmo é ser feliz como a minha mãe". 
Susana Naspolini, de 49 anos, morreu no dia 25 de outubro em São Paulo. A jornalista foi vítima de um câncer. Esta foi a quinta vez que ela enfrentou a doença, que atingiu os ossos da bacia e se espalhou para outros órgãos. Conhecida por seu jornalismo irreverente no "RJ Móvel", a repórter foi homenageada pela Prefeitura do Rio, que deu seu nome ao Parque Realengo, na Zona Oeste do Rio, previsto para ser entregue aos cariocas e fluminenses em 2024.