Augusto CerqueiraReprodução/Divulgação
“Sou muito ouvinte de Martinho da Vila. Acho o samba dele inovador, desafiador. As letras são lindas e as melodias sempre interessantes também. Gosto de arte que experimenta e sai de um lugar comum e acho que o Martinho ao longo das eras da carreira dele desenvolveu uma maneira muito única de brincar com as infinitas possibilidades que tem o samba, sem perder a tradição. Ele é alguém que eu admiro muito, e que está sempre aberto a coisas novas. Tem uma musicalidade muito bem desenvolvida, além de um público muito fiel e ao mesmo tempo geral. Martinho é unanimidade”, contou.
A relação de Augusto com a música começou aos cinco anos, quando aprendeu a tocar piano, e desde cedo foi desenvolvida através de muitos estudos do artista sobre história da música, técnica e teoria. Entre suas maiores inspirações também estão outros nomes bem conhecidos da música popular brasileira. “Ainda que em gêneros musicais diferentes, ouço e me inspiro muito em: Ney Matogrosso, Maria Bethânia, Maria Rita, Adriana Calcanhoto, Marisa Monte, Baby do Brasil, Arlindo Cruz e Elza Soares, que pra mim é a maior cantora que já pisou na terra, muito técnica, mas ao mesmo tempo capaz de fazer o que bem entende sem se importar com nada além do que era o mais relevante: sentimento e sua autenticidade”, acrescentou.
As críticas e a vontade de viver novas experiências no samba
O artista, aliás, também não tem medo de inovar. “As críticas foram muito importantes. Me fizeram aprender muito, conhecer muitos artistas e colegas novos que tem me abraçado e ajudado bastante. Entendo que como homem branco, muitos entendam que o samba não seja culturalmente o meu lugar de fala. Entendo que o samba tem uma origem de luta e miscigenação. Durante o período de colonização foi uma manifestação cultural dos povos africanos escravizados. Depois disso seguiu por anos sendo marginalizado, e percorreu um longo caminho até se tornar o símbolo nacional da brasilidade que visitamos hoje. Respeito muito toda essa história e principalmente a todos que lutaram para o gênero se tornasse o que é hoje, presente nos quatros cantos do país. Sinto o samba como um movimento de resistência, mas de abraço também”, pontuou.
E continuou: “Sou um garoto de 25 anos. Então tenho bem latente meu lado de querer sair pra festas, barzinho, samba, praia, cerveja, carnaval. Ao mesmo tempo que muita dedicação à música e uma grande vontade de experimentar. Gosto de pensar que, na música, a técnica é pra ser desenvolvida o máximo possível até aparecer momentos em que ela deve ser jogada fora brevemente… acredito que aprendi e estou aprendendo cada vez mais esses limites e até onde o outro, a vida real e o mercado permitem esse desapego. Mas pra mim, fazer MPB significa justamente experimentar o que tem de musicalidade nesse país… E tem coisa demais (risos)”.
Novos Planos
Por tudo isso, Augusto costuma se definir como uma artista arrojado, corajoso, maluco e estudioso. Com planos de se estabelecer de vez em São Paulo, ou no Rio de Janeiro, ele tem bem definido o que quer para sua carreira e já trabalha no seu próximo álbum que deve ser lançado em abril. “Mesmo não querendo me definir como um cantor que apenas canta Samba, pretendo levantar a bandeira do samba de qualidade. Das boas canções com suas belas letras e defender a comunidade do samba. Caminhar junto e lutar pelo povo que faz o samba seguir mais vivo do que nunca”, concluiu.
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