Rio - Lady Gaga, mesmo tendo como justificativa problemas graves de saúde, perdeu em não vir ao Rock In Rio. Seria o item principal da noite mais colorida e diversa da história do evento. A abertura da edição 2017 tinha casais LGBT se beijando, casando nos jardins do festival (as mulheres Marina e Maria Cecília), show surpresa de Pabblo Vittar e era para ter trazido a cantora de Bad romance - música lembrada como homenagem a ela por ninguém menos que Ivete Sangalo, que abriu o Palco Mundo.
Ivete também homenageou Claudia Leite com um trecho de 'Bola de sabão', canção popularizada pela loura. E subiu no palco após GIsele Bundchen anunciar, entre lágrimas, a campanha Believe, de reaproveitamento florestal e "um movimento global para inspirar e conectar todos que querem se unir por um mundo melhor". Ivete cantou Imagine, de John Lennon, ficou ao lado da modelo no palco e só então o festival e o show da baiana começaram de vez, com hits como 'Festa', 'Abalou', 'Quando A Chuva Passar'. Sobre Gaga, disse que "não há nada que entrsisteça mais o artista do que ter que avisar ao fã que ele não vai. Ela jamais trataria uma situação dessas de forma irresponsável". E ainda pediu close no telão para mostrar o tamanho dos seus seios após ter descoberto a gravidez de gêmeos. "Eles não cabem mais em lugar nenhum, só na mão do papai", brincou.
No Palco Mundo, em seguida, vieram os Pet Shop Boys, com muito mais anos de carreira à frente de Ivete e Gaga, e um show que parecia conectado com o espírito diverso da plateia, mais desconectado do clima esfuziante do festival. Neil Tennant e Chris Lowe demoraram para engrenar, com versões extensas e batidões dosados, em músicas como 'Opportunities', 'West End girls', 'The enigma'. E empolgou mais para o final, com 'It's a sin', 'Left to my own devices', 'Domino dancing' e o fim com a releitura do hit de Elvis Presley, 'Always on my mind'. A dupla também resgatou 'Se A Vida É', gravada originalmente com o Olodum, e agradeceu ao Brasil "pela música que vocês nos deram".
Os garotos da banda australiana 5 Seconds Of Summer viriam em seguida, realmente felizes e emocionados por estarem "realizando o sonho" de tocar no maior festival do mundo. Eles têm fãs - muitas meninas e alguns garotos cantavam músicas como 'Good girls' e 'Disconnected'. Na prática, são uma boy band que toca, mesmo não gostando do rótulo. E o som é um punk pop cheio de referências e com poucas canções boas de verdade. Quem não era fã ou não tinha interesse foi dar uma volta ou até dormir no gramado (!) até começar o Maroon 5. Quem tinha idade para conhecer coisas mais antigas reconheceu quase plágios de 'Why don't you get a job', do The Offspring, em 'She's Kinda Hot',e 'Hungry Like The Wolf, do Duran Duran, em 'Hey Everybody'
Não havia dúvidas de que, mesmo tendo sido uma substituição feita às pressas, essa seria a noite do Maroon 5 - um grupo que na prática não tem público igual ao de Lady Gaga. Mas acabou sendo a noite deles, com uma turma numerosa lotando a plateia e cantando junto hits como 'Moves Like Jagger', 'Animals', 'This Love', 'Harder To Breathe'. Houve expectativa sobre se a banda iria tocar algum hit de Lady Gaga, o que não aconteceu - alguns fãs tentaram puxar o início de 'Bad Romance', mas não foram ouvidos. Experientes em substituir artistas no festival (a saída de Jay-Z da escalação abriu espaço para eles em 2011),
No Palco Sunset, o clima de diversidade musical ficou garantido, com o samba de Monarco, Criolo, Roberta Sá, Alcione, Martinho da Vila, Jorge Aragão e Mart'Nália, o encontro entre Fernanda Abreu, Focus Cia de Dança e Dream Team do Passinho, a cantora Céu convidando a banda psicodélica Boogarins e o som eletrônico misturado com jazz e hip hop de SG Lewis. Na nem tão badalada Rock Street teve até música do Marrocos com Tyous Gnaoua e pop africano com Freddy Massamba.