Ricardo VillardoReprodução

Rio - Nesta quarta-feira, Ricardo Villardo chega ao Rio para uma apresentação única da peça 'Você Não É Todo Mundo', no Teatro Claro Rio em Copacabana. Apaixonado por dramaturgia e comédia, Ricardo ficou famoso durante a pandemia após fazer uma imitação de Paulo Gustavo e ser comparado ao ator, que morreu vítima de covid-19 em maior deste ano. 
Prestes a subir aos palcos, Ricardo fala com exclusividade ao DIA sobre as expectativas para o show, sobre as comparações com Paulo Gustavo e sobre a importância de levantar a bandeira LGBTQIA+. Confira:
Sobre o que se trata o espetáculo "Você Não É Todo Mundo" e o que tem do jovem Ricardo nessa peça?

O espetáculo conta a minha história de vida, através do olhar das mulheres que me influenciaram de alguma forma a ser o artista que sou hoje. Durante a peça eu interpreto essas mulheres com muito humor como, por exemplo, Alba Valéria (personagem inspirada na minha mãe), onde ela surge para contar “os podres” do Ricardinho. Um dos momentos mais divertidos do monólogo é quando narro para o público a minha relação com a dupla Sandy e Junior, durante minha adolescência. É um momento de total identificação que a plateia tem comigo, pois quem, em algum momento da vida, não incluiu em sua trilha sonora de vida, uma canção da dupla? Eu me divirto horrores.

Você teve um crescimento exponencial na carreira em meio à pandemia, impulsionada pela expansão de seu trabalho na internet. Como é voltar para os palcos e o que você planeja para essa retomada e como você tem lidado com o crescimento?

Eu encaro esse crescimento como um resultado de muito trabalho. São quase 20 anos de carreira. Durante a pandemia nós, artistas, precisamos recorrer a internet para não deixar nossa arte “morrer”. Mas voltar aos palcos é, no mínimo, revigorante. É como voltar às suas origens. Retornar para o lugar onde você pertence. Eu estou em casa, novamente.

E esse crescimento se deve ainda muito em compararão com o trabalho que Paulo Gustavo fazia como ator. Como você lida com essa comparação?

Eu sou muito grato por ter a habilidade de imitar um dos maiores artistas brasileiros. Me sinto honrado todas as vezes em que falam o quanto me pareço com ele, até mesmo quando querem me criticar. É algo natural e genuíno, não é forçado. Mas muitas pessoas não veem dessa forma. Eu sempre falo que é preciso ser um gênio para conseguir imitar uma pessoa 24 horas por dia e, definitivamente, eu não me considero um gênio. E eu falo isso no espetáculo, que muitas vezes, ser parecido com alguém, não é uma opção. Você simplesmente é.

Você possui uma longa experiência nos palcos, mas é a primeira vez que estrela um monólogo. Essa experiência é diferente? Como funciona a conexão com o público estando sozinho em cena?

É completamente diferente. Ali, sozinho em cena, eu não tenho uma “escada”, ou seja, alguém que jogue comigo, além da plateia. E essa peça é muito interativa. O público é, praticamente, a outra personagem. E é isso que torna o espetáculo único para cada apresentação. Eu preciso deles muito mais do que imaginam. E eu faço questão de deixá-los muito a vontade para participar. É incrível como as pessoas se sentem dentro da história. É lindo de ver!

Você pretende levar o espetáculo para outros lugares do Brasil?

Com certeza! Este é o meu objetivo para o próximo ano. Muita gente me pergunta quando irei levar o espetáculo para tal cidade, e minha resposta é: só dependemos dos produtores locais, porque a peça tá pronta pra viajar. E eu, mais ainda rsrs.

Você é uma artista LGBTQIA+ e que levanta essa bandeira por onde passa, seja em seus trabalhos ou na sua vida como um todo. Qual a importância de um artista LGBTQIA+ levar as reflexões sobre aceitação e diversidade nos seus trabalhos?

Não existe transformação em massa sem representatividade. E o mínimo que posso fazer é representar a minha comunidade em tudo o que eu puder fazer. Não posso me abster. Quanto mais falarmos sobre essas causas, sendo de forma natural ou, se precisar, de forma mais impositiva, mais espaço teremos. Eu sempre falo que me aceitar não compete a ninguém, a não ser a mim mesmo. Jamais vou colocar alguém nessa posição de me aceitar. Quando fazemos isso, dizemos para essas pessoas que elas são superiores a nós e que dependemos da aceitação delas para sermos alguém na vida. Não amor, você não tem que me aceitar. Eu, literalmente, “caguei” para a sua aceitação. Mas respeitar, é sim sua obrigação. Faça, pelo menos, o mínimo. E é através da minha arte que eu exponho o que acabei de falar. Farei sempre questão de representar “minha galera”.
Serviço
24 de novembro, às 20h.
Teatro Claro Rio. Rua Siqueira Campos, 143, Copacabana. 
Ingressos: a partir de R$ 30 (vendas pelo Sympla)
Confira a homenagem a Paulo Gustavo: