Ana Cláudia Soares e ManinhoReprodução/Globo

Rio - A Globo está exibindo no canal aberto o documentário "Vale o Escrito - A Guerra do Jogo do Bicho", lançado no ano passado no Globoplay. A série traça um histórico do surgimento do jogo do bicho no Rio de Janeiro e, em um dos episódios, se aprofunda na história do bicheiro Maninho, que foi patrono da escola de samba Acadêmicos do Salgueiro e mostra a disputa por pontos na cidade.


Muitos assuntos polêmicos têm chamado a atenção do público, um deles é o depoimento da amante de Maninho na época, Ana Cláudia Soares, repleto de preconceitos ao citar como começou o relacionamento dos dois e analisar as vestimentas dele na época.
"Logo no início do nosso namoro, o Maninho me convidou para ir no escritório dele. Ele com uma camisa amarela, gema de ovo, cheio de ouro, ele falou: 'pô, vamos sair comigo e tal'. Falei: 'Maninho, eu posso até sair com você, mas não do jeito que você tá'. E o Maninho tinha um cabelinho [com corte tipo] Chitãozinho Xororó aqui atrás, né? E a roupa dele muito paraíba", disparou.
Ana Cláudia contou que impôs uma condição para ela topar sair com ele: "Falei pra ele, 'vamos na loja Fórum comigo? Se você quiser sair comigo, mano, vai ter que ser com uma roupa decente. Eu mudei o Maninho inteiro, só que a gente ainda não tinha aquela intimidade, né?", continuou.
O show de preconceitos seguiu quando ela falou qual foi sua reação ao vê-lo de cueca pela primeira vez.
"Era aquela cueca de francês, parecia gay. Amigo, pelo amor de Deus, manda comprar trinta cuecas. Daquela tipo 'bad boy', pelo amor de Deus, aí o Marinho falou: 'pô cara, eu não vou, eu tô acostumado com as minhas cuecas'. Eu falei: 'meu irmão, tu vai desacostumar", concluiu.
'Respeita a Paraíba'
O perfil da ex-amante de Maninho recebeu mensagens de pessoas que não gostaram das palavras xenofóbicas ditas na série documental. "Respeita a Paraíba", disse um internauta.
"Lava a boca quando falar dos paraíbas", disse outro. "Pra que esse preconceito com os nordestinos e a Globo apoiou ainda?", questionou mais um internauta.
"Olha paraíba como você disse é gente viu, melhor do que você! Sabia que xenofobia é crime!", reagiu uma seguidora.
Com sete episódios, a produção mostra as histórias dos bicheiros, seus herdeiros e mulheres, detalhando a história de suas atuações no jogo do bicho e trocas de acusações. Brigas internas pelo poder, tretas familiares, fraudes, traições, prisões, vinganças e assassinatos também são mostrados na série.
Quem foi Maninho?
Waldomiro Paes Garcia, conhecido como Maninho, era filho do bicheiro Waldemir Garcia, o Miro, presidente de honra do Salgueiro e membro da cúpula do jogo de bicho no Rio de Janeiro e em outros estados brasileiros.
Ele morreu assassinado no dia 28 de setembro de 2004 quando saía de uma academia de ginástica na Freguesia, em Jacarepaguá, Zona Oeste. Na ocasião, Maninho estava acompanhado do filho Waldomiro Paes Garcia Júnior, o Mirinho, que tinha 15 anos e também foi baleado, mas conseguiu sobreviver.
O contraventor tinha 42 anos quando morreu e era presidente do Conselho Fiscal da escola de samba Acadêmicos do Salgueiro. Miro morreu 34 dias após o assassinato do filho, aos 77 anos,  de infecção pulmonar.
Em 2017, o filho de Maninho, conhecido como Mirinho, foi morto, aos 27 anos, após ser mantido refém por sequestradores ao sair de uma academia de ginástica. Ele foi baleado após tentar fugir enquanto o pagamento para o sequestro era realizado.