Filipe Ret é jurado do reality musical Nova CenaVans Bumbeers/Netflix

Rio - Novo reality show musical da Netflix, "Nova Cena" revela a evolução artística de 18 participantes do Rio, São Paulo e Minas Gerais, selecionados por Filipe Ret, a dupla Tasha & Tracie e Djonga. Quem ganhar o programa, uma versão nacional do formato norte-americano "Rhythm & Flow, após participar de várias etapas - que incluem batalha de rap e feat - leva para casa o prêmio de R$ 500 mil, além de gravar uma participação especial na 5ª temporada da série "Sintonia".

A novidade já conta com quatro episódios disponíveis no streaming e os dois últimos, que revelam o nome de quem venceu, entram nesta terça-feira (19).  As gravações do reality show ocorreram nas três cidades de origem dos jurados, passando por regiões que contribuíram para suas carreiras: Viaduto Santa Tereza (BH), de Djonga, Tavares Bastos e Lapa (RJ), de Ret, e Cidade Tiradentes (SP), das gêmeas Tasha & Tracie. "O resultado nenhum de nós esperava. Todas as pessoas que a gente mais apostou (não avançaram), foi uma reviravolta muito grande em todos os episódios", comenta Tasha.

Filipe Ret participou das audições no Rio e contou com a ajuda de Marcelo D2 em uma das etapas que aconteceu na comunidade de Tavares Bastos, no Catete. O rapper não disfarçou a decepção que sentiu ao se deparar com os candidatos errando e esquecendo as letras. "No início a galera não estava nem conseguindo rimar direito. Teve uns três que foram eliminados porque não estavam conseguindo nem lembrar da rima. Tem o lado emocional. Depois foi crescendo para parte mais técnica, por pouquinho mesmo, e foi ficando quem teve a base emocional boa, estratégia, técnica e foi errando menos", conta. 
Djonga também opina sobre a performance dos homens no início do programa. "Os caras estavam com medo. Na primeira fase, foi isso que senti. Aí tem o lance que questiona os caras, que é a questão da masculinidade. O cara tem tanto que ser fod* que, no final das contas, acaba se saindo como fraco".
De acordo com Filipe, as mulheres demonstraram mais segurança e foco na primeira fase. "Que eu lembre, nenhuma 'mina' esqueceu letra. Talvez os caras me conhecendo possam ter ficado nervosos. Talvez as 'minas' por estarem mais preparadas e me conhecerem menos, conseguiram sair melhor".

Dono de sucessos como "Amor Livre" e "Invicto", o cantor ainda ressalta a importância da presença feminina cada vez mais forte no cenário de rap e trap: "A cena das 'minas' está aí, Tasha & Tracie participando do programa. Estão conquistando o bagulho por elas, abrindo o caminho na marra, como tem que ser para ser verdadeiro. O cenário está aí, os projetos misturando as minas, acho isso fantástico".
Em vários episódios as mulheres demonstraram coragem, talento e foram aplaudidas e elogiadas pelo elenco. Em um deles, na batalha, duas delas se destacaram entre os homens. "As mulheres já estão acostumadas com a pressão, elas já chegaram mais preparadas. Já estão acostumadas a serem desafiadas. Elas surpreenderam muito porque estavam com muita vontade", afirma Tracie.
 'Eu com certeza não venceria'
Apesar de exigirem foco e comprometimento dos participantes, os jurados admitem que é difícil se expor num programa como esse que exige improviso nas rimas e criatividade. "Tenho certeza que não ganharia um programa desses e acho que não participaria, porque é uma pressão, não é só o talento que conta. Cada desafio é uma coisa diferente. Foi legal esse contato com a gente e com outros convidados", diz Tasha.
Filipe Ret destaca que o elenco é um recorte dos talentos escondidos espalhados pelo Brasil e torce para que o programa tenha mais edições estendidas a pessoas de outros estados. "A gente quer que os participantes tenham algum nível de sucesso. De repente um que perdeu pode despontar. Eu, com certeza, não venceria e provavelmente não participaria. Eles estão avançados a se submeter ao formato logo de cara, nessa pressão ali eles já ganharam muito", opina.
Tracie conta que conforme os participantes avançavam nas etapas, a evolução era tão grande que era difícil eliminar um deles. "Teve hora que todo mundo foi tão bem que a gente teve que se apegar aos erros mínimos", conta. "Quem ficou só batendo na mesma tecla foi ficando pelo caminho, quem teve mais coragem, foi se superando, venceu", avalia Djonga.
Convidados especiais
Entre os convidados especiais do "Nova Cena" estão 20 artistas da cena nacional: Azzy, Bob13, Dallas, Dexter, Ebony, FBC, Iza Sabino, Jottapê, Karol Conká, KL JAY, Laudz, Marcelo D2, Maru2D, MC Luanna, Negra Li, N.I.N.A, Sidoka, Vulgo FK, WIU e Zegon. Todos, de alguma forma, contribuem para o desenvolvimento artístico da nova safra de rappers que participam da disputa.

Conheça os participantes do Rio

Afrodite: Artista da Baixada Fluminense, cuja trajetória reflete a realidade de muitas mulheres da periferia.

COLD JAS.: Nasceu em Angola e se mudou para o Brasil aos 16 anos, após viver uma guerra civil. Desde os 12 anos, vivia imersa na cultura do rap e do afrobeat, mesmo ciente da falta de apoio e espaço em um país conservador. No Brasil, estudou em um colégio de freiras em Sorocaba e, posteriormente, cursou Engenharia da Computação no Rio de Janeiro.

Guiu: Nascido em uma comunidade de Teresópolis, desde a adolescência, escreve poesias e começou nas batalhas de rua após um primo o inscrever de forma inesperada.

Jump: A prática do salto em distância o afastou do mundo da criminalidade e rendeu até uma bolsa na faculdade. Criado pelos padrinhos, ele perdeu o pai e outros familiares muito cedo. Apesar de sua dedicação ao esporte, a arte sempre ganhou seu coração. Foi na igreja evangélica que ele descobriu sua paixão por cantar e nas batalhas de rima que começou a se expressar de maneira mais autêntica.

Muse Maya: Joana, conhecida como Muse Maya, é de Maricá e, aos 18 anos, mudou-se para a capital para estudar teatro e, ao mesmo tempo, iniciou sua carreira na música. Seu interesse pelo rap surgiu por meio do amigo Sol. Ela utiliza seus sentimentos e experiências pessoais como fonte de inspiração para seu trabalho. Suas principais influências incluem rap, trap, pop, jazz e R&B.

Muxima: Gustavo Toledo lutou por anos contra a vergonha da gagueira e se refugiou na escrita, acreditando que cantar nunca seria uma realidade para ele, até descobrir as batalhas de rima. Hoje, Muxima sonha em ganhar o mundo e transformar a realidade à sua volta por meio de suas músicas.