Camila Pitanga é a convidada do programa ’Roda Viva’, da TV Cultura, desta segunda-feira (3)Reprodução de vídeo

Rio - Camila Pitanga, de 47 anos, foi a convidada do programa "Roda Viva", da TV Cultura, desta segunda-feira (3). Na atração, a atriz confirmou o retorno à Globo em "Dona de Mim", próxima novela das 19h, além de revelar que teve dificuldades para entender e interpretar a personagem Lola, sua vilã em "Beleza Fatal", da Max.

"Eu tive uma certa dificuldade... Que vida é essa? Porque ela é uma influencer digital, ela é o capital bem despudorado, vendendo um tipo de beleza. Porque existe uma tradição no mercado brasileiro, seja de cosméticos ou procedimentos estéticos. Mas a novela fala de uma disputa que está acontecendo mesmo", analisou a atriz, ao ser questionada sobre como lida com a pressão estética da personagem.

Em seguida, a atriz citou a importância da novela retratar uma realidade, já que houve um aumento de mortes durante a realização desses procedimentos. "A gente tem visto em muitos jornais muitas mulheres tendo mutilações, deformações e perdendo a vida. [...] A novela aborda isso, mas Lola é o pior disso, é o capital querendo ganhar dinheiro. Ela é agressiva no mercado e marketing. Ela é a própria estandarte. Você vê na cara dela, é toda esticada e tudo muito artificial. Mas é uma artificialidade que hoje é muito aceita porque virou um status", analisa.

A atriz destaca que é contra procedimentos que colocam a vida das pessoas em risco. "Eu sou crítica, mas eu também não sou patrulha de ninguém, sabe? Cada um sabe de si. Eu tenho muita preocupação nessa questão ética e de risco de vida porque a gente está vendo que está muito sério. Nesse sentido, acho que tem que ter regulação", complementou a artista.

Logo após, a jornalista Luiza Brasil questionou sobre as comparações de Lola com Bebel, personagem de Pitanga em "Paraíso Tropical" (2007), e como as produções mudaram a forma de retratar mulheres negras.
"Mudou muito. Eu sempre começo do desamparo, da sala de ensaio, do corpo que quase como uma página em branco. Nesse sentido não mudou, porque é trabalho, é uma artesania, não está nada pronto. Quando você tem um bom personagem, você tem uma situação que te leva, isso faz toda a diferença", analisou Camila. "De 2007 para cá, processualmente é isso mesmo. É trabalhar, pesquisar, estudar referências. Quando tem a sorte de ter um autor que troca ideia com você, como foi o caso com Raphael [Montes], sempre foi extremamente generoso. [Diretora] Maria de Medicis a mesma coisa. Eu também tinha lá [Globo]. Então nesse sentido vejo muitas pontes".
A atriz  ainda vibrou com a presença de negros nas novelas. "O audiovisual brasileiro, ou pelo menos as novelas, entenderam que nós existimos com força, potência e que temos muito a dizer".
Retorno à Globo

A apresentadora Vera Magalhães, então, perguntou: "Camila, você tem uma volta à Globo prevista depois de bastante tempo, e depois dessa experiência no streaming. Você acha bom esse novo modelo de contrato mais fluido?".
A atriz refletiu. "Está sendo muito bom voltar com Rosane Svartman, com colaboração da Renata Sofia, com Allan Fiterman, com pessoas que eu admiro e me trouxeram uma joia. Eu estou agora muito focada em 'Beleza Fatal' e eu acho que é a tendência dessa oxigenação, relacionamento aberto. O barato é poder estar na Globo, poder estar na Max".

Camila explicou que outros projetos estão sendo analisados no streaming, mas também pretende apresentar propostas na emissora da família Marinho. "Importante dizer que na Max eu tenho muito orgulho de estar como produtora executiva e empreendendo projetos [...] Nós atores somos criadores, a gente tem expertise", destaca.
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