Ana Flavia Cavalcanti interpreta Marlene em ’Garota do Momento’Beatriz Damy / TV Globo

Rio - No ar em "Garota do Momento", da TV Globo, Ana Flavia Cavalcanti tem chamado atenção do público com a personagem Marlene. Na trama ambientada nos anos 1950, a atriz vive os dramas de uma mãe solo e os conflitos do relacionamento com Juliano, patrão casado, vivido por Fabio Assunção. A secretária é manipulada pelo chefe para que não lute pelos direitos da fórmula do sabonete criado por ela.
"Uma tremenda injustiça, né? A trama da Marlene começou com ela muito obstinada, cheia de ideias, decidida a dar certo e aí no meio do caminho ela se envolveu amorosamente com o chefe. Da parte dela, apesar de ele ser casado e ela saber disso, ela está realmente envolvida, já ele está usando o amor dela para ter vantagens e cometer maldades", avalia a artista. 
Ela também fala sobre o processo de preparação para o folhetim. "Eu me inspirei muito na minha mãe que é umbandista e muito boa com banhos, ervas e já fez muitas velas e sabonetes aromáticos. Marlene começa sua trajetória na novela reconhecendo o valor de suas velas e seus sabonetes feitos 'maison' (artesanalmente), mas entende que está na hora de dar um passo maior e se profissionalizar. Para ela, trabalhar na Perfumaria Carioca é um excelente começo", diz.  
A maternidade solo encorpa a trama da personagem e conecta Ana Flavia com uma realidade conhecida por ela. "Praticamente todas as casas na minha vizinhança eram chefiadas por mulheres, mães solos. Eu conheço intimamente a luta de uma mulher que acorda cedo, pega duas conduções lotadas, viaja em pé, trabalha o dia todo e volta para casa nas mesmas condições só que agora exausta e em casa tem uma, duas ou mais crianças aguardando com saudades. [...] As mães dizem que muito da força delas vem justamente do filhos, de saber que eles estão lá. Isso é amor", destaca.
A história da personagem também ganha novos rumos com a chegada de Érico (Silvero Pereira), ex-marido de Marlene e pai do filho dela, Carlito (Caio Cabral). Pessoa honesta e gentil, ele ganha a vida como transformista, se apresentando na noite como Verônica Queen. "Silvero é enorme, um super ator, artista, excelente parceiro. Fizemos cenas lindas e densas também, um reencontro depois de 18 anos não é pouca coisa, não. Posso contar que entre nossos personagens tem muita água para passar por debaixo dessa ponte". 
Outros projetos
Ana Flavia também faz parte de três filmes e pontua os desafios de trabalhar em projetos tão distintos. "Eu adoro ser atriz. Então, o que poderia ser um desafio, eu enxergo como um aprendizado, uma oportunidade de aprimorar meu ofício, minha relação com o set de filmagem, a habilidade social, somos muitos em um set e todos temos momentos delicados. Ficamos muito tempo juntos fora de casa, isso as vezes dá uma sensibilizada no processo individual, poder estar literalmente em ação me ajuda a aprender a lidar melhor com as diversas situações que encontramos", explica. 
Em "Baby", a atriz dá vida a uma mulher lésbica e que também é mãe solo. "Vivi muitas coisas que a Priscila vive no filme. Morei no centro de São Paulo, já me casei com uma mulher que é mãe e cuidamos juntas de uma criança. Tenho uma boa relação com as pessoas que já me relacionei amorosamente, eu tenho muitos amigos gays jovens e são muitas camadas de proximidade e, ao mesmo tempo, eu não sou a Priscila. Sinto que nos emprestamos muito uma a outra, eu adoro esse filme e estar nele só me dá orgulho!".
Já na série teen "Passinho", a artista desbrava uma nova realidade. "No primeiro dia de gravação cheguei meio atordoada, fazendo mil coisas ao mesmo tempo e tudo isso sentada numa quadra poliesportiva enorme numa faculdade em Osasco. Quando a assistente de direção disse: 'foi som, foi câmera, ação' e as crianças começaram a batalha de passinho no meio da quadra meu mundo parou. Fiquei abduzida por eles e muito feliz de estar ali, de verdade, fui tomada por uma emoção genuína que só a dança e a música são capazes de fazerem", diz. 
No teatro, Ana Flavia divide o palco com a mãe no espetáculo "Conforto". "É Uma experiência linda. 'Conforto' para mim é poder estar em cena com minha mãe contando nossas histórias de vida e de sonho. Muito astral". 
Profissão 
Com projetos em meios diversificados, a artista comenta a evolução de seu trabalho e as motivações para explorar diferentes formas de atuação. "Gosto de viver, de trabalhar, de dançar, de conhecer pessoas novas, de viajar, gosto de ver novela, de ver teatro, filme em casa e no cinema, de praia, de não fazer nada e nem pensar em nada também. Acho que tudo isso me inspira e tenho tido mesmo muita boa sorte e bons encontros ao longo dos anos e não paro de ter desejos, acho que isso me motiva muito. É bom demais poder ser artista no Brasil".