Débora Bloch é Odete Roitman em Vale TudoGlobo/ Rudy Huhold

Rio - "Pode avisar que Odete Roitman voltou". Essa foi a primeira chamada da icônica vilã de "Vale Tudo", dessa vez interpretada por Debora Bloch, de 61 anos, no remake da novela, escrita por Manuela Dias, que estreia nesta segunda-feira (31), na TV Globo. Na primeira versão do folhetim, exibido originalmente em 1988, o papel da viúva fria e poderosa era de Beatriz Segall - que morreu aos 92 anos, em 2018.
Irmã de Celina Junqueira (Malu Galli), a personagem continua detestando o Brasil, seu país de origem, como na primeira versão da novela. "Ela é retrógrada, ultrapassada e racista. Odete é uma personagem muito preconceituosa, classista e que, infelizmente, está muito atual ainda", descreve Debora. 
"Ela fala coisas horríveis como se fosse a coisa mais normal do mundo. Infelizmente, é uma personagem que está aí ainda, que é atual. Por mais que tenhamos evoluído em muitas questões, o preconceito e o racismo que continuam a assombrar a sociedade brasileira", acrescenta.
Dona do Grupo Almeida Roitman, que herdou do marido, Odete é uma mulher soberba e, mesmo sendo rica e bem-sucedida, sente necessidade de odiar tudo o que seja popular. Ela mora no exterior e considera o Brasil 'tupiniquim' demais para o seu gosto.
"A Odete tem um certo complexo de vira-lata como brasileira. Ela subestima tudo o que é nacional e acha que o mundo civilizado está na Europa. Não sabe reconhecer o valor do Brasil e despreza tudo o que é daqui. Talvez, porque é onde estão os filhos dela, que considera um problema", conta Bloch. 
A empresária aplica golpes com classe e é temida por muitos, até pelos próprios filhos Heleninha (Paolla Oliveira), que trata o vício em álcool e vive entre idas e vindas de clínicas de reabilitação, e Afonso (Humberto Carrão), um homem com consciência social e que gosta de viver no país - ideia que incomoda muito a mãe.
 "A Odete é uma mulher que despreza o Brasil, que não sabe ver, reconhecer, não entende o valor do Brasil. Um retrato de uma classe brasileira que despreza o país e, ao mesmo tempo, se beneficia dele, suga as suas riquezas", destaca a artista. 

Debora ainda compara as falas absurdas e comportamento elitista da vilã após décadas. "Caminhamos tanto nas questões humanistas, não imaginei que fôssemos assistir de novo essa ode a ideias conservadoras, ultrapassadas e fascistas. É como se a história estivesse se repetindo, e a Odete representa esse pensamento. É um pensamento atual, então estou tentando fazer a Odete dos dias de hoje", pontua. 
Outra relação conturbada que a novela mostrará será a da poderosa empresária com a nora Maria de Fátima (Bella Campos), papel de Glória Pires na primeira versão. A atriz conta que a personagem será passada para trás pela jovem ambiciosa, que se casará com Afonso por interesse. "Ela acha que pode manipular, que a Maria de Fátima é uma pessoa manipulável, mas vai levar uma rasteira. Acho que isso vai ser um momento importante para refletirmos sobre como o racismo se disfarça nas relações cotidianas", opina. 
O público está ansioso para rever a vilã no ar, mas Odete ainda vai demorar para surgir na novela. A previsão é que sua primeira aparição aconteça no capítulo 24, que deve ser exibido no dia 26 de abril. 
Quem matou Odete?
O mistério sobre quem matará Odete promete despertar curiosidades, palpites e muitos "detetives" vão tentar desvendar o nome do assassino, assim como no folhetim original. O drama envolvendo a personagem parou o Brasil entre 1988 e 1989, pois a revelação do assassino aconteceu somente no último capítulo da história.
A criminosa em questão foi Leila (Cassia Kis), que atirou em Odete achando que se tratava de Maria de Fátima (Gloria Pires) e surpreendeu os telespectadores, já que era não era uma personagem de grande destaque. Dessa vez, a autora Manuela Dias já adiantou que mudará o autor do assassinato e já tem muita gente do elenco torcendo para seu personagem ser o responsável. Cauã Reymond, Carolina Dieckmann e Thiago Martins foram alguns nomes que gostariam de ter seus personagens envolvidos nesse mistério.
"Vi a novela um pouco, não via todo dia, comecei a rever, mas achei que não estava me ajudando muito. Decidi me concentrar no texto, e contar a minha Odete, a minha maneira de fazer e viver essa personagem. Sempre que se remonta um clássico, os atores e o diretor vão dar a sua leitura, cada um vai acrescentar o seu repertório", frisou Bloch.