Rio- Karine Teles tem se destacado em "Vale Tudo", da TV Globo, no papel de Aldeíde, a secretária "monocromática", que irrita o intolerante Marco Aurélio (Alexandre Neto), diretor da TCA, apenas com suas roupas com cores chamativas. As cenas entre os dois, apesar de terem um tom divertido para o público, gera identificação em muita gente que já teve um chefe carrasco - incluindo a própria atriz.
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"Acho que o chefe abusivo afeta a vida de profissionais de todos os gêneros. A meu ver, essa é uma prática velha e ineficiente de se buscar respeito. As leis estão evoluindo e hoje se fala sobre boas práticas de convivência no trabalho, existem canais de compliance ( conjunto de regras) e um outro olhar sobre o abuso de poder. Eu acredito que respeito se ganha na competência e não no grito", opina.
Karine conta que trabalhou em muitas áreas para se sustentar durante a faculdade e por alguns anos depois de formada, até ter coragem de se arriscar no mundo vivendo apenas da profissão que escolheu. "Nesses trabalhos esbarrei com algumas pessoas que abusavam, sim, do seu poder no lugar de chefia. Durante um tempo eu tentei encarar o desafio sendo extremamente competente para que não houvesse margem para reclamações, mas com isso, perdia tempo de descanso, noites de sono e tempo com a família...", conta.
"Quando fui cobrada de maneira agressiva e desrespeitosa durante o feriado de carnaval em que eu tinha saído da cidade por conta do falecimento da minha avó - eu entendi que não importava a minha competência, o abuso viria. Pedi demissão", relembra.
Outro ponto da personagem que tem agradado o público é relação de Aldeíde com o núcleo de Vila Isabel, especialmente com as amigas Raquel (Taís Araújo), Consuêlo (Belize Pombal) e o irmão Poliana (Matheus Nachtergaele). "Moro longe da minha família desde os 17 anos quando vim para o Rio de Janeiro fazer faculdade. Os amigos sempre foram minha maior rede de apoio, desde então, tenho poucos e maravilhosos que estão tão presentes e são tão importantes na minha vida, considero como família. Eu sou a Raquel deles e eles a minha e somos as Aldeídes e os Polianas uns dos outros", comenta.
A amizade dentro de cena também tem se extrapolado para os bastidores e o clima é de leveza e sintonia entre o elenco. "Tenho ido trabalhar sempre muito feliz, ganhei companheiros de cena com quem eu nunca tinha contracenado, mas que tenho a sensação de ter conhecido a vida toda - Belize, Matheus, Tais, Nero, Renato (Góes), (Luis) Lobianco e vários outros... Gente que ama o que faz e faz com excelência e amor! Não dá para pedir mais", vibra.
A atriz conta que já no primeiro dia de gravação na casa da Aldeíde e do Poliana, eles estavam gravando uma cena com a Raquel (Taís Araújo) recém-chegada e receberam um toque do diretor. "O Paulo Silvestrini veio explicar que a gente precisava maneirar no afeto em cena. A gente se deu tão bem durante a preparação que já demonstrávamos uma intimidade e um carinho tão grande uns com os outros que estava estranho, não cabia ali naquele estagio inicial em que as personagens acabaram de se conhecer. Eu achei lindo e significativo esse momento", cita.
Karine diz ainda que ela e Aldeíde sáo muito diferentes. "Mas eu posso ser 'maluquinha' e alegre como ela em alguns momentos da vida. Está sendo uma delícia exercitar a alegria em mim, o bom humor, o olhar otimista e generoso com o mundo que eu até tenho, mas nem sempre consigo exercer", explica.
Encontro com Lilia Cabral
Recentemente, a atriz encontrou Lilia Cabral, que interpretou Aldeíde na primeira versão da novela, exibida em 1988 e compartilhou o momento em suas redes sociais. "Nos encontramos na gravação de um merchand para a novela, mas já havíamos nos falado por mensagem antes. Lilia é sempre muito generosa e querida com meu trabalho e não foi diferente neste dia. Ela me contou histórias de bastidores, da criação das personagens Aldeide e Consuelo e falamos dos nossos filhos, e trabalho", lembra.
"Uma artista maravilhosa que me inspira demais. O trabalho da Lilia em 'Vale Tudo' é muito marcante e por mais que eu não tenha a usado de referência para a criação da Aldeíde desta nova versão, sinto que a memória da personagem está em mim de maneira indelével", complementa.
A atriz assistiu à versão original da novela e depois reviu quando passou no 'Vale a Pena Ver De Novo'. "Eu adorava a novela e mesmo depois de tantos anos, tinha lembranças ainda de momentos específicos. Eu era apaixonada pelo Sardinha e pela Solange - eram meus personagens preferidos quando criança! O feminismo da Solange foi marcante e formador para mim. O Sardinha me encantava por seu carisma - culpa do ator imenso que é Otavio Muller com quem eu tive a alegria de trabalhar algumas vezes na vida, diz.
Páscoa em família
E já que estamos no Domingo (20) de Páscoa, Karine Teles conta como costuma celebrar a data. "Os feriados costumam ser momentos de recolhimento e descanso para mim. Aproveito a cidade mais calma, ou quando posso, gosto de viajar para algum lugar tranquilo cercado de natureza", diz ela, que também não dispensa um docinho na data. "Eu adoro chocolate, mas gosto dos mais amargos - de 70% cacau para cima - acho que como um pedacinho quase que todo dia.... Quem eu costumo presentear são meus filhos - eles gostam dos ovos recheados", conclui.