Reforma do Imposto de Renda pode ser votada na terça-feiraReprodução

Nesta terça-feira, 17, deve ser votada a reforma do Imposto de Renda no plenário da Câmara. A deliberação estava prevista para ocorrer na última quinta-feira, mas foi adiada pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), devido à pressão feita por estados e municípios, que temem prejuízos na arrecadação. Para as pessoas físicas, o texto aborda mudanças importantes no pagamento de impostos, entre elas estão o aumento da faixa de isenção na tributação e a criação de um limite de renda para os optantes da declaração simplificada, que permite desconto de 20% no IRPF.

Atualmente, ficam isentas do pagamento do IR pessoas que recebem até R$ 1.903,98 por mês. Segundo a alteração trazida pelo projeto, essa faixa passará a ser de R$ 2,5 mil, ou seja, um ajuste de 31% - de acordo com as regras atuais, nesse caso, o valor do IR a ser pago seria de R$ 86,42 anuais. Além disso, o texto prevê a criação de um limite de rendimento anual fixado em R$ 40 mil para que seja possível optar pela declaração simplificada - opção mais indicada para aqueles que não têm muitas despesas dedutíveis. No modelo atual, qualquer cidadão pode optar pelo desconto simplificado na declaração, porém o desconto é de, no máximo, R$ 16.754,34.

Apesar da mudança na faixa de isenção, que acaba determinando uma flexibilização maior da alíquota do IR, a determinação de um limite de renda para a utilização do desconto simplificado pode acabar aumentando os custos para uma parte relevante dos contribuintes.
O contador Richard Domingos, diretor-executivo da Confirp Consultoria Contábil, fez uma simulação que revela os impactos no bolso do contribuinte. Para ele, as mudanças tendem a afetar os optantes pelo desconto simplificado. "As simulações indicam que a reforma do Imposto de Renda atingiria a classe média, especialmente o perfil das pessoas jovens, com formação acadêmica completa, de idades entre 22 ou 23 até 30 anos", explica.
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"É um grupo de pessoas que não tem despesas dedutíveis. São pessoas que já saíram da faculdade, não constituíram família ainda, não são mais dependentes e estão emergindo na sua classe social (...) É um grupo que está desacobertado, eles tinham um benefício que está sendo tirado", pontuou.
Segundo a simulação, para aqueles que têm uma renda mensal de até R$ 3.333,33 (R$ 39.999,96 anuais), por exemplo, a reforma foi benéfica. Com a possibilidade de optar pelo desconto simplificado e o reajuste da tabela, o contribuinte que pagaria R$ 686,42, passará a pagar R$ 150,00 - uma redução de 78,15% da carga tributária. No entanto, acima dessa faixa, a limitação do desconto acaba sendo prejudicial, onerando os custos do contribuinte.
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É o caso de um contribuinte que recebe salário de R$ 4 mil, ou seja, R$ 48 mil anuais. Atualmente ele paga R$ 3.166,49 de Imposto de Renda. Com a reforma, há uma redução de 11,5% no valor devido, que passará a ser de R$ 1.329,68. No entanto, se não houvesse a imposição de um limite para o desconto simplificado juntamente com a correção da tabela, a quantia paga seria de R$ 630,00 - 52,62% a menos.
Ainda segundo o especialista, por mais que haja a correção da tabela que, por si só, acaba sendo benéfica, caso a atualização acompanhasse a inflação, a faixa de isenção atualmente seria de R$ 4,022,24 - mais que o dobro dos atuais R$ 1.903,98. Isso é explicado pois, de acordo com estudos feitos pela Confirp, entre janeiro de 1996 e dezembro de 2020, a tabela do IR foi corrigida 111,5%. No mesmo período, a inflação medida pelo IPCA foi de 346,92%.
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Confira as mudanças na tabela do Imposto de Renda propostas pela reforma
Alíquota atual:
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Faixa 1: até R$ 1.903,98: isento
Faixa 2: R$ 1.903,99 até R$ 2.826,65: 7,5%
Faixa 3: R$ 2.826,66 até R$ 3.751,05: 15%
Faixa 4: R$ 3.751,06 até R$ 4.664,68: 22,5%
Faixa 5: acima de R$ 4.664,69: 27,5%
Faixa de isenção ampliada em 31% e reajuste médio de 13% nas demais faixas.
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Faixa 1: até R$ 2.500: isento
Faixa 2: R$ 2.500,01 até R$ 3.200: 7,5%
Faixa 3: R$ 3.200,01 até R$ 4.250: 15%
Faixa 4: R$ 4.250,01 até R$ 5.300: 22,5%
Faixa 5: acima de R$ 5.300,01: 27,5%
 *Estagiária sob supervisão de Marina Cardoso
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