Pagamentos de dívidas deverão consumir cerca de 25% dos recursos disponibilizados pelo programaMarcello Casal Jr/Agência Brasil

As primeiras parcelas mensais aos beneficiários do Auxílio Brasil em 2022 já começaram a ser pagas e, segundo a estimativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), boa parte dos recursos disponibilizados pelo programa já tem destino. De acordo com análise da entidade, considerando o pagamento do valor mínimo de R$ 400 a cerca de 17,5 milhões de famílias, a expectativa é que o novo programa injete ao menos R$ 84 bilhões na economia em 2022.

Desse valor, aproximadamente 70% deverão se transformar em consumo imediato, dos quais R$ 28,04 bilhões no varejo brasileiro e R$ 31,12 bilhões, no setor de serviços. Em seguida, mais de 25% devem ser direcionados para quitação ou abatimento de dívidas. Por fim, poupados 3,83% equivalente a R$ 3,21 bilhões.

Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, as projeções podem ser explicadas pelo cenário financeiro do País. "Diante das ainda frágeis condições econômicas e das características de consumo do público elegível ao benefício, a maior parte dos recursos deve ser direcionada para o consumo imediato", observa.
Vale lembrar que são elegíveis ao Auxílio Brasil as famílias em situação de pobreza (renda familiar per capita de R$ 100,01 a R$ 200,00) ou pobreza extrema (renda familiar per capita de até R$ 100,00) que tenham gestantes, mães que amamentam, crianças, adolescentes e jovens entre 0 e 21 anos incompletos.

Comprometimento com dívidas

De acordo com indicador do Banco Central do Brasil, no terceiro trimestre de 2021, 30,3% da renda média dos brasileiros estava comprometida com dívidas, o que representa o maior patamar da série histórica iniciada em 2005. "Mesmo com a breve redução desse percentual entre o segundo e o terceiro trimestres de 2020, os desdobramentos econômicos da crise sanitária voltaram a pressionar o endividamento familiar. Assim, diante desse avanço, a tendência é que uma parcela significativa do Auxílio Brasil seja direcionada para a redução do endividamento", avalia o economista da CNC responsável pela pesquisa, Fabio Bentes.