O Rio é o terceiro estado com maior saldo no ranking de empregos formais no acumulado de janeiro a outubro de 2022. É o que apontam dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados no último dia 29, pelo Ministério do Trabalho e Previdência. Somente neste período, foram geradas 177.202 vagas de carteira assinada. Para a Secretaria de Trabalho e Renda, o avanço se dá, principalmente, pelas manobras para manter o Estado sendo um ambiente de negócios favorável aos investidores.
“Fazemos isso através de segurança jurídica e regulatória, simplificação, desburocratização e mais agilidade nos processos. Isso é o que tem favorecido a chegada de novas empresas e investimentos. Não é à toa que a Junta Comercial registrou, nos últimos dois anos, mais de 160 mil empresas abertas no Estado, explica a pasta, que é comandada pelo secretário Patrique Welber.
O avanço de outubro no Estado foi puxado, principalmente, pelos setores de Serviços e Comércio, seguidos por Indústria e Construção. Todos apresentaram saldo positivo na criação de empregos com carteira assinada. Entre os municípios que mais criaram empregos, o Rio lidera com 2.035 novos postos de trabalho, seguido por Angra dos Reis (577), Volta Redonda (539), Niterói (494) e Araruama (469).
"Esses números mostram que o Rio segue avançando na geração de empregos formais, garantindo o sustento de milhares de famílias fluminenses. Eles são resultado do trabalho incessante que temos realizado para fomentar o crescimento econômico do Rio de Janeiro", avalia o governador Cláudio Castro.
Concordando com análise da pasta de Welber, Castro avalia que estimular a abertura de empresas e investimentos "possibilita a criação de novas oportunidades para promover o bem-estar social e uma melhor qualidade de vida aos cidadãos".
A gestão também promove iniciativas para os candidatos que estão em busca de uma vaga. Uma das ações mais recentes foi o mutirão Emprega RJ, que, nesta primeira edição, foi focado em preencher oportunidades temporárias para o período do Natal. Na ocasião, a secretaria atendeu mais de mil pessoas no Largo da Carioca, no Centro, por meio de uma unidade móvel.
Segundo a pasta, as ações móveis são importantes “para garantir que todos tenham acesso aos serviços”. A proposta é ampliar a mobilização para outras regiões. “Já estamos planejando novas edições do evento para o próximo ano, em diferentes locais do Estado”, destaca Welber.
A secretaria também afirma que as equipes trabalham continuamente na captação de vagas junto às empresas locais através de programas. "Apenas neste ano, o Sine e Mais Trabalho RJ, já intermediaram, juntos, mais de 68 mil vagas de emprego com carteira assinada, sendo 10.441 exclusivas para pessoas com deficiência", explica o secretário.
Nas unidades Sine são oferecidas orientações para a formulação correta do currículo e instruções na preparação adequada para entrevistas de emprego. Nos atendimentos, as equipes destacam a importância da qualificação profissional, ofertadas por meio do aplicativo Mais Trabalho RJ. Há dezenas de cursos on-line e gratuitos, com diferentes cargas horárias e parceiros qualificadores. Segundo a secretaria, a iniciativa já possibilitou que mais de 2 mil pessoas fizessem alguma especialização de capacitação profissional.
Os cursos estão disponíveis para diferentes áreas como, hotelaria, planejamento estratégico, logístico e financeiro, marketing, turismo, gestão de pessoas, desenvolvimento humano, comércio eletrônico, inovação, informática, costura, cozinha, gestão de projetos, finanças e empreendedorismo, entre diversas outras opções.
Desafios enfrentados para conquistar vagas
A estudante de Psicologia Maísa Garcia, de 21 anos, moradora da Urca, na Zona Sul carioca, também conseguiu uma oportunidade de carteira assinada no dia 2 deste mês para o final de Ano, mas não foi por meio de nenhuma iniciativa pública. "Foi pela internet", conta. Ela, que é natural de Paulínia, munícipio no interior de São Paulo, próximo a Campinas, veio morar no Rio por conta da faculdade. A universitária acredita que é mais fácil encontrar emprego por lá. Segundo o Caged, o estado de São Paulo lidera o saldo do ranking de empregos formais, com 657.617 oportunidades de janeiro a outubro deste ano.
"Eu fiquei desempregada por oito meses. No último trabalho, eu era recepcionista de uma clínica, mas não tinha carteira assinada. Com a alta de preços no ano, teve períodos em que fiquei escolhendo o que comprar no mercado, comer ou fazer, porque não estava sobrando dinheiro. Apesar de eu ter recebido uma ajuda dos meus pais, nunca foi o suficiente. Estar sem trabalho torna as coisas mais difíceis", relata.
O alívio veio quando foi aprovada para vaga de vendedora no processo seletivo de uma loja de sapatos. "Foi tudo muito rápido! Em um dia me chamaram, no outro já fiz a entrevista. No terceiro dia eu já estava praticamente contratada, só entreguei meus documentos. No quarto eu já comecei a trabalhar."
A universitária está no último ano da graduação e pretende seguir carreira em saúde mental e psicologia clínica. Ela conta que preferiria estar fazendo um estágio na sua área, mas que a bolsa ofertada não atenderia suas despesas. "Na minha área, paga-se muito mal. Dificilmente dentro da parte da Psicologia que eu gosto existe estágio remunerado. Além de que não dá pra conciliar muito bem com a faculdade, que é no período integral. Mesmo no final da graduação, continua bem ruim".
"Eu acho que os governos Estadual e Federal deveriam criar mais oportunidades. Poderiam ser feitas parcerias de estágio que ofertassem renda para poder sobreviver", destaca Maísa.
A analista de RH Raquel Emiliano, de 29 anos, que mora em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, também enfrentou desafios em uma nova contratação. Mesmo trabalhando com recrutamento, ela se desesperou quando recebeu a notícia de que seria demitida. "Meu chefe veio me dizer no final de setembro que não teria mais o setor de RH na empresa em que eu trabalhava. Meu chão caiu, eu fiquei muito mal. Fiquei desesperada. No primeiro mês eu pensei, 'ah, vou procurar com calma'. Mas, depois de um mês um meio, eu só tinha feito uma entrevista", lembra.
A solução para Raquel também veio por meio da internet. "Eu tinha o LinkedIn, olhava as vagas, mas não sabia usar a plataforma", conta. Ela, que conhece bem o mercado, precisou fazer um curso para se adaptar à rede com a i9Hunter, empresa especializada em recrutamento e seleção humanizada.
"Meu perfil na rede já estava bom, mas eu não tinha interações, nem as pessoas certas na plataforma. Comecei a seguir as dicas do curso para melhorar os indicadores da minha página, para o meu perfil ser um dos primeiros vistos quando os recrutadores procurassem". A partir disso, surgiu uma oportunidade para ela, que ainda era abaixo do esperado. Raquel teve, então, a ideia de entrar em grupos de vagas no LinkedIn.
"No grupo, vi uma supervisora divulgando duas vagas para a minha área. Eu mandei uma mensagem para ela e 'me vendi', dizendo que achava ser uma candidata potencial para as oportunidades". A analista considera que a ousadia de ter abordado a recrutadora, o domínio que conquistou no LinkedIn — plataforma que classifica como ferramenta poderosa — e o fato de não ter desistido, foram determinantes para conseguir a tão esperada vaga, antes mesmo de ser demitida da antiga empresa.
Angel de Souza, 32, moradora da Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio, conta que prefere trabalhar de forma autônoma, mas que teve de se render ao emprego formal até encontrar estabilidade financeira para arcar com as despesas dos três filhos. Ela, que é profissional da beleza, agora atua como atendente em uma franquia de chocolates.
"A renda não estava dando, aí uma amiga minha foi promovida e me indicou", relata. "Querer comprar as coisas para dentro da sua casa e não poder, é triste. Muitas vezes meus filhos pediram algo e eu não pude dar. Agora as coisas melhoraram, graças a Deus", comemora Angel.
O que enche os olhos da profissional, no entanto, é trabalhar na sua área. "Mais para frente quero abrir meu próprio negócio", deseja a carioca.
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