Por leandro.eiro

Rio - Todas as quartas-feiras, um grupo de jovens que buscam na Matemática a solução para um futuro melhor se reúne em uma sala de aula na Tijuca, na Zona Norte do Rio, para exercitar a capacidade de raciocínio lógico. Durante cerca de quatro horas, o grupo passa a maior parte do tempo em pé diante do quadro negro, na tentativa de solucionar problemas. Eles têm entre 15 e 17 anos e, na editora Eleva, se preparam para as competições internacionais de Matemática. Sonham alto, em busca de oportunidades profissionais na área da Ciências da Computação.

Com idades entre 15 e 17 anos%2C eles buscam medalhas e querem formação em Ciências da Computaçãoarquivo pessoal

João Pedro de Carvalho, de 15 anos, quer conquistar uma vaga na Universidade de Stanford ou no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), onde esteve em fevereiro deste ano, junto com o colega António Alves, da mesma idade, para representar o Brasil num torneio internacional de Matemática, oferecido pelo MIT em parceria com a Harvard.

Experiência internacional

Primeiro lugar na prova do Colégio Naval, ele está de malas prontas para a Universidade de Puget Sound, em Washington, nos Estados Unidos, para participar da Mathcamp 2017. “Fui aceito pela instituição para uma temporada cinco semanas com palestras, workshops e aulas com professores e estudantes de graduação e de Mestrado das melhores universidades do mundo”, comemora o estudante, que mora em Bento Ribeiro e quer desenvolver softwares.

O grupo de estudantes em uma das aulas preparatórias para as competições internacionais%3A os problemas que estimulam a criatividadearquivo pessoal

António Alves é o atual medalhista de ouro da Olimpíada Brasileira de Matemática e primeiro lugar na prova da Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAr).

Planos para o futuro

“Quero ser desenvolvedor de sistemas de informática que possam ajudar as pessoas, principalmente das áreas mais carentes. Pretendo fazer algo que leve oportunidades àqueles que não têm”, idealiza o jovem morador do bairro da Cidade Nova, no Centro do Rio.

Do grupo, também participaram Felipe Chen, Juan de Araújo, Rodrigo Ribeiro e Mark Helman. Eles ficaram em 45º lugar em meio a 100 países participantes. “Fizemos uma vaquinha para custearmos as passagens, hospedagem e alimentação”, relembra António.

Outra forma de encarar os números

Para João Pedro, António Alves e seus colegas de treinamento, a Matemática não assusta: ela atrai e representa um estímulo à curiosidade e à intuição. Professor do grupo, Luciano Monteiro de Castro conta que, durante as aulas preparatórias para as competições internacionais, quase sempre os jovens chegam às soluções dos problemas sozinhos. “Eu só oriento a linha de pensamento a partir das primeiras ideias deles”, diz o professor, que faz parte da comissão que elabora as questões da Olimpíada Brasileira de Matemática.

Uma forma interessante de encarar o mundo dos números foi o que fascinou o grupo de jovens. “Nada de decorebas ou fórmulas. Os desafios são instigantes e estimulam a criatividade”, diz António Alves.

Vejamos um exemplo dado pelo professor. É a história de dois matemáticos que se encontram na rua e um pergunta para o outro: ‘com quantos anos estão as suas filhas mesmo’? Resposta: ‘o produto das idades dela é 36 e a soma é o número daquela casa. Ah, e uma delas toca piano’: “Há solução. Ela vem a partir do espanto”, ensina.

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