Rio - Oficialmente aberto no dia 2 de fevereiro, o ano letivo da rede municipal deu uma pausa para o Carnaval e retornou esta semana, mas com alunos ainda sem uniformes novos e materiais escolares. ‘R’ é mãe de um aluno do 3º ano da escola Guatemala, no Bairro de Fátima e teve que comprar, pelo menos, caderno e lápis, além da blusa do uniforme de seu filho. “Como trabalho, consegui comprar, mas tem gente aí que não consegue, não tem dinheiro, não. Custa R$ 9 cada blusa, mas faz falta se a família for grande”, diz ‘R’.
É o caso da mãe de Luan, de seis anos, que estuda na escola Campos Sales, no Centro. O menino usa o uniforme do ano passado, mas já está pequeno e descosturando. “Eles correm, escorregam nos brinquedos. Acaba rasgando, não dura muito e a mãe dele ainda não conseguiu comprar. Ela tem mais outros dois filhos”, conta Suzana Machado, 44 anos, que leva e busca na escola o Luan, filho mais novo de sua amiga, de apenas 25 anos.
Além do material escolar que não foi entregue, algumas mães questionaram a necessidade da compra de material de uso coletivo. “Nunca precisei comprar essas coisas. Até tentei conversar com a diretora, mas não podemos nem entrar na escola. Nos primeiros dias de aula até entrávamos, agora não”, revela Suzana. A mãe, que é do lar, conta que há dois anos a prefeitura também oferecia mochila e não sabe porque não recebe mais.
Em nota, a Secretaria Municipal de Esporte, Educação e Lazer, informou que cerca de 26 mil uniformes já começaram a ser entregues às escolas e que, entre os dias 13 de março e 20 de abri, todos estarão disponíveis aos alunos. Já a licitação para a aquisição dos kits de material escolar está em fase de conclusão e a previsão é que todos sejam entregues até o início de abril.
“Nossa rede municipal de ensino é do tamanho das redes de muitos países: cerca de 650 mil alunos, 1.537 escolas. A compra de material e de uniformes precisa ser feita no ano anterior, para que tudo possa chegar em janeiro e ser distribuído em fevereiro. Isso não ocorreu em 2016”, diz a nota. Quanto à lista de material coletivo, a pasta não se pronunciou.
Assembleia para planejamento na rede estadual
Na rede estadual o ano letivo de 2016 acaba ainda este mês, informou a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc). Mais de 80% das 1.250 unidades já finalizaram o calendário letivo de 2016. Os cerca de 20% restantes terminarão nas próximas duas semanas. E para tentar evitar que 2017 seja mais um ano de greves na educação, a Assembléia Legislativa do Rio (Alerj), através da Comissão de Educação, convocou uma reunião hoje para discutir um planejamento da rede estadual.
Estarão representantes do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) e da Seeduc, além da participação da Defensoria Pública, do Ministério Público e do Tribunal de Contas do Estado.
Para Marta Moraes, uma das coordenadoras do Sepe, é importante cobrar mais investimento do estado na educação este ano e definir prioridades de imediato. “Estamos em situação de calamidade, escolas com pouca merenda e falta de material didático. O governo também está descumprindo pautas da greve, por exemplo, recebemos denúncias de professores de Niterói e da Baixada que estão sendo obrigados a pegar duas ou três escolas. O que foi proibido. Além de colegas com cargo de confiança sendo ameaçados de demissão. Esperamos que o secretário compareça, não queremos mais um ano prejudicado por greves e para isso é importante investir agora”, pontua.