Por nicolas.satriano

Rio - Sem ir às ruas na visita que faz nesta terça-feira ao Rio, o presidenciável do PSB, Eduardo Campos, prometeu mudar as políticas tributárias para diminuir o peso dos impostos sobre os mais pobres e cobrar mais tributos dos mais ricos.

Sempre ao lado de Marina Silva, sua candidata à vice, Campos se encontrou pela manhã com representantes de sete entidades fiscais dos municípios, estados e da união e se comprometeu em enviar sua reforma tributária ao Congresso Nacional logo na primeira semana de governo.

No encontro, onde foi entregue ao candidato documento com propostas para reforma tributária, está a indicação para a cobrança de tributação de 12% sobre as grandes fortunas e a redução dos impostos sobre o consumo, responsável, segundo disse, por 54% da arrecadação. A ideia, anunciou, é reduzir essa dependência para 33%.

"Quem paga mais tributo no Brasil são os mais pobres, porque (a arrecadação) está muito calcada no consumo. Precisamos parar de aumentar tributos e fazer uma reforma. A ideia é que os que ganham mais possam pagar mais dos que os ganham menos", anunciou.

Ele não respondeu, entretanto, como pretende negociar a mudança nas leis sem o PMDB, seu alvo preferencial de criticas ao falar das políticas de alianças adotadas pelos governos petistas e tucanos. Limitou-se a dizer que só a decisão de não aumentar imposto já facilita a reforma.

"Uma decisão que precisa ser tomada no Brasil: não aumentar impostos. Todos os governos aumentaram impostos sobre a população. Quando se toma a decisão de não aumentar impostos, aí sai a reforma tributária", afirmou, sem considerar as exonerações adotadas pelo governo petistas para determinados setores, na tentativa de estimular a economia.

O presidencial reclamou ainda da falta de atualização da tabela do Imposto de Renda, que, segundo ele, acumula defasagem de 60%, a contar dos governos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Ele prometeu atualizar a tabela pela inflação, caso seja eleito. "A reforma tributária tem que corrigir essas e outras injustiças", disse. "Um carro motor mil paga imposto, enquanto que uma lancha ou um avião particular não paga", comparou.

Para Campos, o "Brasil precisa socorrer a juventude brasileira" e voltou a prometer passe livre para estudantes e o ensino integral. Ele também criticou o governo de Dilma Rousseff, a quem acusa de ser responsável pela desvalorização nas ações da Petrobras, e garantiu que, se eleito, implementará na estatal "uma governança profissionalizada", afirmando que há "ingerência política" na administração da petroleira. "Nós vamos blindá-la da interferência nefasta da politicagem", garantiu.

"Chega a ser deprimente que o governo adote a prática de guardar na gaveta o reajuste da gasolina e da energia", também reclamou ele, não deixando claro, no entanto, se aumentará o preço do combustível logo no primeiro mês de governo.

Ignorando que a principal matriz energética do país -- as hidrelétricas -- já é considerada limpa, Campos afirmou que será revisto "a matriz brasileira de energia para que seja cada vez mais limpa". Entretanto, perguntado se é contra ou a favor da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, saiu calado, encerrando a entrevista coletiva. Marina Silva sempre já se colocou contra obra pelos impactos ambientais. Já o governo afirma ser a empreitada necessária para garantir o abastecimento energético e o crescimento econômico do país.

Você pode gostar