Rio - Governador e candidato à reeleição, Luiz Fernando Pezão (PMDB) defendeu ontem a redução da maioridade penal para crimes hediondos e sustentou que a legislação deve ser adequada a cada região do país. “O Código Penal não pode ser o mesmo para o Rio, Rondônia, Roraima ou Acre. Temos que discutir isso na legislação, inclusive para pequenos delitos”, argumentou Pezão, durante sabatina do SBT, do UOL e da Folha. “Assim como nós não podemos ter um mesmo Código Florestal da Amazônia aqui para a cidade do Rio. São discussões que a gente tem de fazer cada vez mais no país”, completou.
Ao defender a revisão da maioridade penal, o governador observou que a maioria dos crimes são cometidos por menores de 18 anos. “Aqui no Rio, na Central do Brasil, há meninos que já foram presos oito vezes e que até já se tornaram conhecidos do delegado. Não tem pena para esse jovem”, disse. O setor de segurança pública norteou o início da sabatina, com governador sendo indagado sobre a eficácia das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Ele foi questionado se os traficantes realmente deixam as comunidades pacificadas e se não é hora de repensar o modelo.
“Nós não vamos retroceder um milímetro na política de ocupação. O tráfico entra lá, dá um tiro covardemente num policial, e foge”, disse Pezão, reconhecendo que a venda de drogas continua nas comunidades pacificadas. O governador ressaltou que atualmente há dez mil policiais nas UPPs e que em 31 de agosto haverá novo concurso público para admitir outros seis mil. O candidato prometeu estender a UPP para a Baixada, São Gonçalo e Niterói.
Atrás de Anthony Garotinho (PR) e Marcelo Crivella (PRB) nas pesquisas de intenção de voto, e empatado tecnicamente com Lindberg Farias (PT), Pezão espera que a campanha na TV o aproxime do eleitorado. Ele credita a colocação ao fato de ser o mais desconhecido dos quatro.
Pezão destacou que sua chapa conta com cinco candidatos à Presidência da República, mas minimizou o movimento Aezão, que pede votos para ele e para o presidenciável do PSDB Aécio Neves. “Eu vou apoiar a presidenta Dilma até onde o PT quiser e deixar. Eu tenho o maior carinho por ela. Está acima do relacionamento partidário.”
Questionado sobre a suspeita de superfaturamento na compra de ambulâncias quando era prefeito de Piraí, defendeu-se: “Tive todas as minhas contas aprovadas por unanimidade no Tribunal de Contas da União e no Tribunal de Contas do Estado. Essa ação a que eu respondo já foi arquivada no TCU e passou pelo TCE com quatro revistas de preço”.
Lindberg é outro ‘desconhecido’
Eleito duas vezes prefeito de Nova Iguaçu, uma das cidades mais populosas do estado, e senador da República desde 2011, Lindberg Farias (PT) ainda é um mero desconhecido dos eleitores fluminenses. Ao menos é esse o argumento apresentado por seu coordenador de campanha na Baixada, o prefeito de São João de Meriti, Sandro Matos (PDT), para minimizar a posição do candidato nas pesquisas de intenção de voto.
Os últimos levantamentos colocam o petista atrás de Pezão, Garotinho e Crivella na disputa, mesmo sendo correligionário de Dilma Roussef, líder na preferência do eleitorado do estado na corrida presidencial.
“A grande maioria dos eleitores ainda não conhece o Lindberg. As pesquisas que têm sido divulgadas são pesquisas frias, porque 80% da população ainda não está nem aí para o processo eleitoral”, opinou Matos. “A partir da próxima quinta-feira, com a abertura dos debates na TV, esse quadro vai ser revertido facilmente”, disse.
Garotinho terá agenda com Dilma
Depois de fazer campanha ao lado governador Luiz Fernando Pezão na Baixada Fluminense, a presidenta Dilma Rousseff (PT) vai pedir votos junto com o candidato do PR ao governo, Anthony Garotinho, no Rio. Os dois vão almoçar juntos na próxima sexta-feira, dia 15, no restaurante popular de Bangu. É a segunda vez que a presidenta vai preterir o correligionário de seu partido Lindberg Farias (PT) para apoiar candidatos de outras chapas. Washington Quaquá, coordenador da campanha de Lindberg, afirmou que o encontro estava previamente acertado.
“Essa agenda com o Garotinho veio a pedido nosso, pois a gente não queria que ela se encontrasse somente com o Luiz Fernando Pezão. Foi pacificado que ela iria se reunir com Garotinho, Crivella e por último com o Lindberg”, afirma Quaquá. Segundo ele, o “encontro puro sangue” entre os dois petistas deve ocorrer no fim do mês.
Em visita a São Gonçalo ontem, Lindberg voltou a prometer investimentos para criar mais Cieps na cidade.Já o candidato Marcelo Crivella (PRB) esteve em Campo Grande e prometeu investir na produção industrial da Zona Oeste. “Aqui nós temos 27% da população do Rio de Janeiro e temos apenas 7% dos empregos formais, aqueles com carteira assinada. É muito pouco”, afirmou.