Por thiago.antunes

Rio - A defesa da presença de tropas federais nas eleições ganhou mais um reforço ontem. Relatório da Secretaria de Segurança Pública mostra que traficantes e milicianos ameaçam o pleito em pelo menos 41 comunidades do estado, sendo dez delas com UPP. O relatório foi apresentado ontem ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) pelo desembargador Fábio Uchôa, que defende a presença das Forças Armadas e define a situação do Rio como “caótica”.

Candidatos não conseguem entrar em áreas de UPPAlessandro Costa / Agência O Dia

“O momento é muito grave. A cidade e as imediações estão dominadas pelo crime”, enfatizou. A decisão ficou para reunião do plenário da corte amanhã e depende de manifestação oficial do governador Luiz Fernando Pezão.

Entre as denúncias apontadas pelo relatório estão a cobrança de “pedágios” para placas e circulação dos candidatos em comunidades, como é o caso da Vila Ipiranga, em Niterói. Em áreas de milícia, os “currais eleitorais” se manifestam através dos cadastros dos títulos dos eleitores. A propaganda de alguns candidatos ao governo também está sendo sistematicamente removida. Entre outros locais de risco, aparecem o Complexo da Maré, do Alemão, e a favela da Rocinha.

“Essas ações podem envolver a proteção ou benefício de algum candidato. As tropas devem chegar ainda para a campanha, o estado não terá condições de aumentar o efetivo em cada uma dessas áreas”, indicou Uchôa.

Bernardo Garcez, presidente do TRE, fez críticas e cobrou Pezão, dizendo que a decisão de chamar as tropas depende dele. “A responsabilidade pela segurança do estado é do governador. Ele precisa se expressar com clareza, já que diz que não entra em algumas comunidades com tráfico”, contestou Garcez, criticando a comunicação entre estado e TRE.

“Um ofício do gabinete civil dizia que o estado cogitava chamar a Força Nacional. A resposta não pode vir de um subalterno. O governador é quem deve se dirigir ao presidente do tribunal”, cobrou o presidente.

Criminosos destroem materiais de candidatos

O problema existe, mas poucos candidatos vêm a público para contar sobre as ameaças sofridas em áreas de traficantes e milicianos. Pezão já declarou que o tráfico e a milícia “reagem” à sua candidatura, após um tiroteio na região da UPP Camarista-Méier, iniciado quando PMs foram fotografar denúncias de crime eleitoral.

Recentemente, a candidata à reeleição para Alerj Cidinha Campos (PDT) teve materiais de campanha queimados e destruídos um dia após serem colocados próximo às favelas da Guarda e da Águia de Ouro, em Del Castilho. “Meninos da minha campanha foram ameaçados de morte ao tentar fotografar os destroços. Milicianos disseram que aquela área estava vendida”, lembrou a deputada.

Carlos Minc (PT) foi expulso quando tentou fazer uma reunião na Rocinha. “Sempre defendi UPP, mas por que o tráfico decide quem pode e não pode fazer campanha?”, indagou.

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