Por felipe.martins

São Paulo -  Fortemente pautado por temas econômicos, o segundo debate entre os candidatos à Presidência reproduziu o cenário revelado nas pesquisas eleitorais: a polarização entre Marina Silva (PSB) e Dilma Rousseff (PT) e a relegação de Aécio Neves (PSDB) a um desconfortável terceiro lugar nos holofotes.

Em cinco oportunidades, as duas candidatas travaram confrontos diretos. Enquanto Dilma foi criticada pelos resultados econômicos de seu governo, Marina foi tratada com desconfiança em relação à “nova política”. Uma das incoerências apontadas sobre a candidata foi a falta de transparência a cerca das empresas que a contratam para fazer palestras.

Logo na abertura do debate, Dilma elencou a quantidade de promessas feitas pela ex-senadora, como usar 10% do PIB na educação e 10% da receita da União para saúde, e perguntou de onde sairiam os recursos para cumpri-las. Marina prometeu maior eficiência dos gastos públicos. O assunto do pré-sal também rendeu farpas. Dilma acusou Marina de “desprezar” a riqueza em seu programa de governo. “O petróleo não pode ser demonizado”, afirmou. Marina revidou com ataques à gestão da Petrobras. “Infelizmente, no seu governo o maior perigo para o pré-sal é o que foi feito com a Petrobras, uma empresa que perdeu valor e foi usada politicamente”.

Sete candidatos participaram do segundo debate entre os presidenciáveis%2C exibido ontem no SBT%3A Marina e Dilma tiveram diversos embates durante o encontro Divulgação

Outro momento de tensão foi quando Marina questionou “O que deu errado” na política econômica de Dilma, a acusando de não reconhecer erros em sua gestão. A presidenta respondeu com um ataque, insinuando que o discurso da “nova política” da rival é vazio. “O cobertor é curto. Sem apoio político, discussão e negociação a senhora não consegue aprovar os grandes programa do Brasil”, afirmou. “ Esse governo, com atitudes erráticas, não ajuda a resolver os problemas”, rebateu Marina.

A ex-senadora também foi questionada sobre a falta de transparência na divulgação das empresas que a contratam para palestrar. Nos últimos três anos, a candidata recebeu R$ 1,6 milhão para em eventos deste tipo, mas não divulga as fontes do dinheiro. Perguntada se a prática condiz com os princípios da “nova política”, ela afirmou que separa sua vida privada e pública e atribuiu o sigilo a seus contratantes. “A cláusula de confidencialidade é mais uma exigência de quem contrata do que da minha parte. Se as empresas quiserem revelar, quanto a mim não há problema”, afirmou. Marina aproveitou a pergunta para alfinetar os partidos adversários. “Vamos fazer um comparativo entre as palestras do Fernando Henrique e o Lula para que não tenhamos dois pesos e duas medidas.

Aécio Neves abandonou a estratégia adotada no primeiro debate de confrontar Marina e centrou todo o fogo em Dilma. O tucano acusou o governo de segurar recursos destinados para a segurança pública e de resistir às parcerias com o setor privado. O senador também criticou o cenário econômico. “Precisamos de uma política econômica confiável e transparente. A candidata oficial fala dos pessimistas, mas eles são os 79% de brasileiros que não acreditam mais na capacidade deste governo de resgatar a confiança na economia”, disparou.

Candidatos nanicos protagonizam momentos peculiares

Cientes de que não têm chance de vencer as eleições, os candidatos nanicos foram responsáveis por protagonizar os momentos mais peculiares do debate.

Luciana Genro (Psol) e Pastor Everaldo (PSC) foram candidatos de uma nota só. A socialista repetiu sem parar o mantra de que é preciso combater o capital financeiro e o evangélico não se cansou de mencionar a importância da valorização da “família”.

O trio Dilma, Aécio e Marina ganhou diferentes apelidos durante o debate. Enquanto Eduardo Jorge se referiu a eles como o “G3”, (alusão ao G8, grupo dos países mais poderosos do mundo), Luciana Genro usou a alcunha de “três irmãos siameses”.

Em meio aos ataques, sobrou até para o jornalista Kennedy Alencar, da Folha de S. Paulo. Levy Fidelix se irritou quando o jornalista perguntou se o PRTB era uma legenda de aluguel. “Você é o tipo de representante dessa mídia vendida, que coloca a gente nas pesquisas lá embaixo”, esbravejou o candidato, que o chamou de “língua de trapo”.

Na mesma pergunta, Eduardo Jorge (PV) arrancou risadas da plateia quando foi convidado a comentar a resposta malcriada de Fidelix. “Não tenho nada a ver com isso”, apressou-se em dizer.

O Twitter foi a arena das piadas. “É a primeira vez que duas mulheres brigam no SBT sem ser dentro de uma banheira”, resumiu um usuário.

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