Brasília - Frustrados com a postura do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, de permanecer calado ontem diante da CPI mista que investiga denúncias de irregularidades na empresa, os parlamentares da comissão vão pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) acesso ao conteúdo do depoimento dele à Polícia Federal, num acordo de delação premiada.
Assim que chegou à CPI, às 15h, escoltado por policiais federais, Costa fez uma avisou aos parlamentares: “Queria dizer que me reservo o direito de ficar calado”. Antes, deputados e senadores da Comissão decidiram que a sessão seria aberta. A oposição queria sessão secreta, mas perdeu por dez a oito.
Apesar do aviso do ex-diretor, membros da CPI fizeram perguntas a ele. Costa respondeu aos 28 questionamentos com a mesma frase. “Nada a declarar”. A sessão durou quase três horas.
Na reunião de ontem da CPI, foi combinado que seria pedida uma audiência ao presidente do STF, Ricardo Lewandowski. “A delação é a única forma de continuidade das investigações dentro do Congresso Nacional. Essa CPI está morta se não conseguirmos o compartilhamento das informações da delação premiada com o procurador-geral da República e o Supremo Tribunal Federal”, afirmou o deputado Fernando Francischini, líder do Solidariedade.
Para ele, os parlamentares deveriam ir logo hoje ao Supremo Tribunal Federal buscar as informações dos depoimentos de Costa na delação premiada. “É um direito que a CPMI tem”, afirmou Fernando Francischini.
A CPI mista da Petrobras vai pedir também a quebra de sigilo telefônico do celular funcional da Petrobras que teria sido usado nas ligações para o doleiro Alberto Youssef. Ele e Paulo Roberto Costa foram presos em março pela Polícia Federal na Operação Lava Jato, por lavagem de dinheiro.
Doleiro condenado a quatro anos
O doleiro Alberto Youssef foi condenado a quatro anos e quatro meses de prisão em regime fechado por crime de corrupção ativa por obtenção de empréstimo fraudulento no Banestado. A sentença é do juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, responsável também pelos processos da operação Lava Jato.
A ação de 2003 havia sido suspensa em função de acordo de delação premiada com Youssef. O doleiro, porém, foi flagrado nas investigações da Lava Jato cometendo crime igual, de remessa ilegal. Por isso, teve quebrado o acordo de delação premiada e a ação do Banestado foi retomada.
A Justiça comprovou que Youssef intermediou, em agosto de 1998, empréstimo fraudulento de US$ 1,5 milhão para a Jabur Toyopar Importação e Comércio de Veículos na agência Grand Cayman do Banestado, por meio de pagamento de propina de US$ 131 mil ao diretor de operações internacionais do banco.
Youssef tinha vários processos por crimes relacionados a atividades ilegais no mercado de câmbio. Todos os processos foram reabertos.
Estatal corta acesso a site
A Petrobras decidiu bloquear o acesso de todos os seus computadores ao site da enciclopédia virtual Wikipedia. A censura foi adotada depois da denúncia de que um computador da estatal foi usado para a modificação, na Wikipedia, do perfil do ex-diretor da empresa Paulo Roberto Costa, preso na operação Lava Jato.
Na segunda-feira, a estatal informou que constituiu uma comissão para decidir a punição ao servidor, que já foi identificado, “no âmbito trabalhista”. A empresa, contudo, não divulgou o nome do funcionário responsável.