Por thiago.antunes

Rio - Às 15h em ponto, Gláucia Gonçalves, de 43 anos, varre a pacata Praça da Preguiça, em Piraí, a cidade que Luiz Fernando Pezão (PMDB) administrou entre 1997 e 2004 e quer usar como laboratório para governar o estado, se for reeleito. O trabalho é pouco, já que a região aparenta limpeza.

Crianças brincam na praça com tranquilidade, com um carro da Polícia Militar no local. O wifi comunitário que Pezão implantou quando prefeito, e é um dos carros-chefes de sua campanha, funciona bem na praça, mas perde o sinal em ruas próximas.

Para a aposentada Teresinha Vieira%2C Pezão foi um dos melhores prefeitos de PiraíEstefan Radovicz / Agência O Dia

Gláucia diz que está satisfeita com o trabalho de Pezão. Muda o tom, no entanto, quando o assunto é o Morro do Sossego 2, onde mora. Segundo ela, faltam calçadas e encostas. “Quando chove, as ruas enchem e o pé fica cheio de lama. Já pedi a prefeitura que faça encostas na minha casa, mas até agora nada”, critica, em tom tímido de quem, mesmo assim, gosta do ex-prefeito. “Agora tenho um emprego; ele nos deu novas oportunidades”, ameniza a gari.

Os cerca de 26 mil habitantes frequentam o Hospital Municipal Flávio Leal (a Santa Casa de Misericórdia de Piraí), a referência de Pezão no setor de saúde para implantar no resto do estado. Segundo o governador, o espaço hoje dá 100% de cobertura de atendimento básico para a população. O hospital é pequeno em relação às unidades das grandes cidades mas, às 16 horas de quinta-feira, não aparentava uma emergência lotada, como costuma ser em hospitais públicos.

Mesmo sem filas, os moradores que saíam da unidade relataram que o atendimento não é perfeito e citaram pontos que ainda precisam ser aprimorados. Ao elogiar a limpeza do hospital, com aspecto de novo, duas mulheres criticaram um mesmo setor da unidade: a maternidade. Segundo as mães, os médicos relutam em fazer partos cesárias. “Eles me fizeram esperar uma semana para ver se eu entrava em trabalho de parto. Sentia muita dor”, disse Zunira de Oliveira, de 31 anos. Ela diz que, por conta disso, vai votar no candidato Anthony Garotinho (PR).

Morador de Barra do Piraí e diabético, Silva (ele não quis falar seu primeiro nome) disse que o hospital não pode ser uma referência no estado. “Sempre enfrento dificuldades para marcar o médico que renova a receita do colírio que compro a cada três meses, para regular a pressão do olho. Muitas vezes, volto para casa sem o remédio”, reclamou.

Apoio divide moradores

A intimidade da cidade com Pezão gera sentimentos de amor e ódio entre os moradores. Funcionário de uma empresa de logística, Kenilton de Oliveira, de 40 anos, é uma prova disso. Ele declara que vai votar no candidato, não pelas suas ações por Piraí, mas porque ele teria um carinho especial pela cidade. Mesmo assim, Kenilton demonstra ciúmes em ter que dividir o político com o resto do estado.

“Não sei se ele continuará humilde com a gente depois disso”, afirma, também fazendo críticas ao governo. “Aqui, vivemos ainda um pouco do coronelismo. Só quem é apadrinhado por alguém consegue benefícios na máquina pública”, diz.

A aposentada Teresinha Vieira, de 85 anos, diz que não há do que reclamar da gestão de Pezão, fazendo jus ao enorme painel publicitário do candidato que é a cidade, com seu rosto estampado em janelas de várias casas. “A cidade está um espetáculo. Pezão foi um dos melhores prefeitos de Piraí”, afirma.

Já os mais jovens, como de costume, são mais exigente com o trabalho do candidato. Segundo o estudante João Victor Vitipó, de 15 anos, na Escola Municipal Lúcio de Mendonça, faltam janelas e algumas salas não têm aparelhos de ar-condicionado nem ventiladores.

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