Rio - A apenas treze dias do primeiro turno, a empresa responsável pela manutenção das urnas eletrônicas no Estado do Rio ainda recruta interessados em preparar e operar as máquinas. Em tese, o inscrito não pode ser filiado a partidos políticos, ser parente ou ter vínculos com candidatos ou membros e juízes vinculados à Justiça Eleitoral, conforme resolução elaborada em 2005 pelo Conselho Nacional de Justiça. Especialistas advertem, no entanto, que a fiscalização é falha.
No site da empresa Engetec S/A, escolhida pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ) para gerir as urnas eletrônicas nestas eleições, ainda há convocação para contratar 729 pessoas por três meses que tenham experiência em microinformática para trabalhar como técnico de urna. O site da companhia informa sobre as restrições de parentesco para a vaga. Contudo, procurada pela reportagem, a Engetec não disse como faz para checar as informações.
“Antes da urna eletrônica, as pessoas que trabalhavam na eleição (mesários) tinham seus nomes publicados. Caso houvesse impugnação, todos os que trabalharam no processo eleitoral poderiam ser identificados. Com as urnas eletrônicas, os nomes dos que trabalham não estão sendo divulgados, fica impossível investigar”, explicou a advogada Maria Cortiz, que integra o Comitê Multidisciplinar Independente (CMind) — grupo de especialistas que, desde 2009, estuda questões relativas ao voto eletrônico.
O engenheiro Amilcar Brunazo, que também participa do CMind, acredita que um técnico de urna mal intencionado pode fraudar as eleições. “É possível que um usuário que domine o programa ‘Inserator’, usado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) instale programas não oficiais nas urnas eletrônicas”, disse. “Além disso, alterando a mídia de data e hora, é possível simular uma ‘votação’ em casa e depois registrar no cartório como sendo a oficial”, completou o especialista em segurança de dados.
Ambos salientaram que representantes de partidos políticos podem fiscalizar os locais de votação, mas, como são 451 mil seções eleitorais no Brasil, fica inviável fiscalizar na totalidade. Procurado há uma semana, o TSE ainda não se pronunciou.