Rio - A pouco mais de uma semana para as eleições, a candidatura de Lindberg Farias (PT) ao governo do Rio não decolou, e o senador sequer chegou perto de alcançar os líderes nas pesquisas de intenção de voto. Com este cenário, integrantes do PV começaram a debandar e estão “costeando o alambrado”, como dizia o ex-governador Leonel Brizola (PDT) sobre os políticos prestes a mudar de lado. O PV integra oficialmente a chapa de Lindberg, com o vice Roberto Rocco.
Nos últimos dias, cerca de 15 candidatos a deputado estadual e federal do PV declararam apoio a Luiz Fernando Pezão (PMDB), governador e candidato à reeleição. O grupo dos dissidentes ratifica o racha no partido, iniciado quando o PV decidiu apoiar o petista.

Na avaliação das lideranças do movimento, a baixa expectativa de votos de Lindberg é a gota d’água para a debandada. O desgaste começou com a centralização das decisões pela direção estadual da legenda e foi agravado pelo não cumprimento do “acordo” entre o PT e PV _ os verdes dizem que não receberam material de campanha prometido pelos petistas, e que não foram recebidos por Lindberg durante a campanha. “Não recebemos nem a agenda de rua”, disse Eurico Júnior, deputado federal e uma das lideranças do movimento.
“O Rocco é quem dá as cartas no PV, e o partido está se desintegrando, conduzido de forma autoritária”, afirmou Aspásia Camargo, única deputada estadual verde do Rio, que era contra a aliança com o PT. Ela lembrou que a união com os petistas foi acordada em uma reunião de apenas sete minutos, sem que ela e outros quadros importantes tivessem voz.
A declaração de apoio a Pezão foi decidida em reunião realizada nesta segunda-feira. Para Aspásia, a reaproximação com o PMDB significa uma “retomada do rumo do partido”. A deputada diz que está sendo vítima de perseguição pela legenda que, segundo ela, pode acabar “desaparecendo” no Rio. “Estou com pouco tempo de TV no horário eleitoral, logo eu, a puxadora de votos. Lideranças como o Alfredo Sirkis e Fernando Gabeira já saíram. O PV é uma oligarquia”, resumiu.
Eurico Júnior fez duras críticas ao PT que, segundo ele, jamais se aliou ao PV a nível nacional. Ele indicou que “quando a candidatura majoritária vai mal, todo mundo afunda junto”. “As pesquisas mostram que até os parlamentares do PT vão ter dificuldade para se reeleger”, disse.
Carla Piranda, presidenta estadual do PV, atacou os dissidentes. “Acabou o espaço no PV para aqueles que se mobilizam apenas pelo interesse pessoal. Esse grupo reúne só cinco candidatos sem nenhuma representatividade verde”. Na próxima segunda, o PV irá instalar comissão de ética para apurar casos de infidelidade partidária. A direção cogita tirar a legenda de Aspásia, por conta do material de campanha em que ela aparece ao lado de Marina Silva (PSB), candidata à Presidência. O PV indicou Eduardo Jorge para o pleito.
Quaquá ataca verdes
Presidente do PT do Rio, Washington Quaquá, coordenador de campanha de Lindberg, não economizou nos ataques aos “desertores” do PV. “O Eurico deve ter fumado alguma erva para falar essa bobagem, de que nós não demos material para os candidatos do PV. Além do mais, a agenda do Lindberg é pública”.
Apesar das críticas, Quaquá minimizou a importância do apoio de Aspásia e Eurico Júnior ao petista.
“A direção do partido está com a gente. Parece que o único verde que chama a atenção deles é o do dinheiro, que é abundante lá no PMDB, financiado por empreiteiras”, ironizou. Lindberg não terá a ajuda da presidenta Dilma Rousseff (PT) para tentar um último suspiro na campanha. Ela virá ao Rio no dia 30 para atividade de governo ao lado do prefeito Eduardo Paes (PMDB) nas obras do Parque Olímpico.
Depois, participa de um encontro com atletas que apoiam sua candidatura, mas sem a presença de Lindberg ou de qualquer outro dos três candidatos ao governo do estado.
Reportagem de Leandro Resende