Bahia e Rio Grande do Sul - O candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB) afirmou ontem estar “estarrecido” com o discurso de Dilma Rousseff (PT) na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Em visita a Porto Alegre, dentro de uma extensa agenda no Sul do país, o candidato criticou a condenação da presidenta aos ataques militares dos Estados Unidos a membros do Estado Islâmico na Síria. “A presidenta propõe negociar com um grupo que está decapitando pessoas”, atacou o candidato.
Na quarta-feira, Dilma repudiou os ataques aéreos dos Estados Unidos aos jihadistas no Oriente Médio. “A cada intervenção militar não caminhamos para a paz, mas, sim, assistimos ao acirramento desses conflitos. Verifica-se uma trágica multiplicação do número de vítimas civis e de dramas humanitários”, afirmou a presidenta. Dilma disse ainda que o uso da força não elimina as causas dos conflitos.
“Não podemos permitir o aumento destes atos de barbárie, que ferem nossos valores éticos, morais e civilizatórios”, enfatizou.
Aécio voltou a acusar a petista de usar a tribuna da ONU para fazer campanha política. “A história se lembrará do discurso da presidenta, quando ela esqueceu onde estava e para quem falava, para fazer propaganda para o horário eleitoral”, afirmou o tucano.
Nos 23 minutos em que falou, Dilma usou parte do tempo para destacar feitos do governo petista nos últimos anos. Ela afirmou que a política econômica petista foi responsável pela geração de 21 milhões de empregos e destacou a redução de desigualdade no país.
A presidenta negou o caráter eleitoral de sua fala, justificando que seu discurso seguiu a linha dos pronunciamentos feitos por ela desde 2011. Tradicionalmente, os líderes brasileiros são responsáveis por abrir a Assembleia da ONU.
Discurso não repercute em outros países
Apesar do discurso enérgico contra os ataques aos terroristas do Estado Islâmico, o posicionamento da presidenta Dilma Rousseff não teve ressonância forte na imprensa internacional. Durante o encontro, todos os olhos ficaram voltados para o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que apelou aos outros países que se unissem para combater o Estado Islâmico . “A única linguagem que assassinos como esses entendem é a da força”, declarou o líder.
Petista diz que adversária é ‘conservadora e neoliberal’
Um dia depois de discursar na Assembleia Geral da ONU, a presidenta Dilma Rousseff (PT) disse ontem que a política econômica proposta por sua rival Marina Silva, do PSB, é “extremamente conservadora e neoliberal”. Em campanha em Feira de Santana, na Bahia, a presidenta criticou ainda o ajuste fiscal proposto pela ex-senadora.
“Vai cortar o quê, os programas sociais, o bolsa família? Choque fiscal é o quê?Um baita ajuste que se corta tudo para pagar juros dos bancos? Não é necessário. O Brasil tem uma das menores dívidas líquidas sobre o Produto Interno Bruto do mundo, 34%. Todo o resto do mundo, tirando uns seis países, tem dívida líquida acima de 100% ou perto de 100%. Focar falando de choque fiscal é uma forma perigosa e eleitoreira”, afirmou a presidenta.
Dilma enfrentou esta semana uma maratona de compromissos. Na segunda, ela participou de caminhada em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), e de lá embarcou para Nova York, nos Estados Unidos. Ontem, depois de voltar da Bahia, a presidenta decidiu cancelar a sua participação em um comício, no Distrito Federal, por estar muito cansada.