Rio - No penúltimo debate antes do primeiro turno das eleições, exibido ontem pela Record, os candidatos ao governo do Rio centraram fogo contra o líder das pesquisas e candidato à reeleição, Luiz Fernando Pezão (PMDB). Ontem, pesquisa do Datafolha apontou para o isolamento de Pezão em primeiro lugar, com 31% das intenções de voto.
Anthony Garotinho (PR), que aparece em segundo nas sondagens, abriu o debate acusando o atual governo de superfaturar passagens do transporte coletivo. “As passagens estão superfaturadas. A passagem entre Rio e Volta Redonda custa R$ 37,41, e deveria ser R$ 29,80”, afirmou. O candidato também acusou o PMDB de se envolver com milicianos , ao responder uma pergunta de Lindberg Farias (PT) sobre as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).
“No debate passado, eu apresentei uma foto do Cabral, seu padrinho político, abraçado com milicianos de Campo Grande. Eles acabaram com todos os nosso programas de prevenção a segurança”, disparou Garotinho. Na réplica, Lindberg aproveitou para alfinetar o candidato do PR. “O Garotinho não pode falar muito. O chefe da Polícia Civil foi preso justamente por envolvimento com milicianos”.
“É engraçado, no governo Dilma vários ministros foram demitidos por corrupção, e a culpa não é da Dilma. No meu caso, uma pessoa é expulsa e o culpado sou eu?”, se defendeu Garotinho, fazendo menção à candidata apoiada por ele.
Lindberg criticou o governo pela falta de planejamento nas reformas do Maracanã. “Nesses últimos 16 anos, o Maracanã foi reformado três vezes. Cabral e Pezão gastaram R$ 1,5 bilhão e agora vão ter que fazer outra reforma para as Olimpíadas”, atacou o petista. Crivella pregou a moralização da gestão pública afirmando que o exemplo tem que ser dado “de cima para baixo”. Ele disse que não é possível ter um governo honesto “se o governador viver envolvido em escândalos, se seus auxiliares saem para a festa e colocam guardanapos”.
Tarcísio Motta (Psol) também disparou contra Pezão, o acusando de governar para os interesses das empreiteiras e grandes empresários.
“Eike Batista está falido mas agradece muito ao governo de Cabral”, ironizou. O candidato também pediu ao governador para listar seus doadores de campanha. “ Se o senhor teve essa mesma vontade de saber e querer saber os fornecedores é só ir no nosso site e ver que tem lá”, rebateu Pezão.
À Pezão, coube ficar na defensiva e exaltar as realizações do governo principalmente na área de infraestrutura, como a construção do Arco Metropolitano.
“Me orgulho de ter feito o Arco, que estava no papel desde 1971”, afirmou o candidato. Ainda na linha de defesa das realizações do governo, o governador destacou os investimentos feitos no transporte coletivo. “Pegamos o transporte em uma situação muito difícil. Pegamos dez trens com ar condicionado e vamos chegar a 150 no fim do ano”.
Durante o debate, o petista Lindberg Farias defendeu o rompimento definitivo entre o PT e o PMDB, inclusive na administração municipal, em que o vice-prefeito é o petista Adilson Pires.
“PT tem que sair de todos os governos do PMDB, inclusive o do Rio, com Eduardo Paes”, afirmou o candidato, em resposta a uma pergunta de Tarcísio Motta sobre a atuação dos petistas na secretaria de Meio Ambiente. A pasta foi comandada por sete anos por Carlos Minc, que pertence ao PT.
Garotinho faz denúncia
Na segunda rodada de perguntas diretas entre os candidatos, Garotinho teve a chance de perguntar mais uma vez a Pezão, mas não falou sobre nenhum tópico do programa de governo, ou aproveitou a oportunidade para subir o tom das críticas e atacar seu principal adversário. Em vez disso, foi enigmático. “O que o candidato faria com uma empresa que adquire um bem com uma procuração falsa, e engana a justiça?”, perguntou.
Em resposta, Pezão indicou não ter entendido o questionamento do adversário. “Acho que trata-se de um ato falho, um ato errado, mas queria entender mais a sua pergunta”, declarou o governador, visivelmente confuso.
Na réplica, Garotinho disse que a TV Globo supostamente comprou uma emissora em São Paulo usando uma procuração falsa. Em seu blog, postagens do mês de agosto fazem referência sobre o assunto “Faço essa pergunta pois a Globo é a grande patrocinadora e apoiadora de Pezão, queria entender o que ele acha disso”, argumentou o candidato do PR.
Na tréplica, o candidato do PMDB lamentou a pergunta feita pelo adversário. “Esse momento de debate é para falar sobre propostas. A gente quer discutir o futuro do estado do Rio aqui. Nós avançamos na nossa gestão, e aqui não é espaço para falar sobre instituições privadas. Nós queremos discutir as propostas para o estado do Rio de Janeiro.”
Reportagens de Luisa Brasil e Leandro Resende