Por bianca.lobianco

Rio - Com a diferença exígua de 42.654 votos para o deputado federal Anthony Garotinho (PR) e contrariando todas as indicações das pesquisas de intenção de voto, o senador Marcelo Crivella (PRB) ficou com a vaga para o segundo turno e enfrentará o governador e candidato à reeleição Luiz Fernando Pezão (PMDB). É a primeira vez que ele passa para o segundo turno em disputas para cargos executivos — prefeito e governador. Foram 1.619.165 de votos para o senador, totalizando 20,26% do total de válidos.

“Pesquisas não decidem pelo eleitor”, disse ele em coletiva após a apuração das urnas, aproveitando para cutucar o adversário: “Eles fizeram campanha esbanjando dinheiro.” Pezão, o preferido para 40,57% dos eleitores, recebeu 3.242.513 de votos. Para ele, este número significa a aprovação do governo Sergio Cabral (PMDB), do qual era vice e secretário de Obras. “Quem defendeu o governo fui eu”, disse ele quando perguntado sobre ter ‘escondido’ o aliado durante os programas de TV. Negou também que Crivella represente maior dificuldade na campanha.

Pezão%2C com a mulher Maria Lúcia%2C deu coletiva no hotel Windsor Flórida%2C no Catete%2C e disse que não teme o embate do segundo turnoAndré Mourão / Agência O Dia

O crescimento do senador nas pesquisas não foi detectada nem na boca de urna do Ibope, que cravou 34% para o governador e 28% para Garotinho, que, de fora, recebeu 19,73% dos votos válidos, totalizando 1.576.511. O instituto não acertou a percentagem de nenhum dos candidatos ao governo do estado. “Houve um problema e vamos ter que ver o que aconteceu. Não conseguimos captar este movimento do Crivella. Pode ter sido raiva de Garotinho ou voto envergonhado no senador. No entanto, temos de admitir nosso erro e apurar o que aconteceu”, considerou o presidente do instituto de pesquisas Ibope, Carlos Augusto Montenegro.

Conforme O DIA adiantou no sábado, tanto Garotinho como Lindberg Farias (PT) — que recebeu 798.897 de votos — deverão anunciar apoio ao senador. A possibilidade não assusta Pezão, entretanto: “Antes, eu apanhava dos quatro. Agora, vou apanhar só de um. Tenho ótimo relacionamento com o Lindberg e vou procurar o PT.” Ele acrescentou ainda que vai procurar todos partidos, inclusive o PR de Garotinho.

O senador Marcelo Crivella%2C acompanhado pela mulher Sylvia Jane%2C comemorou a passagem para o segundo turno e criticou as pesquisasMárcio Mercante / Agência O Dia

Já Marcelo Crivella prometeu hoje mesmo ‘correr atrás das alianças’. “Vou falar com o Psol, com Garotinho, com Lindberg”, declarou, acrescentando que seus prováveis aliados não irão necessariamente interferir num possível governo. Dos 12,1 milhões de eleitores, 20,11% (2.440.581) não compareceram às urnas. Em 2010, 21,03% dos eleitores faltaram. Ao contrário do que se esperava, após as manifestações de junho do ano passado, não houve diferença significativa nos votos brancos (6,12%) e nulos (11,44%). No último pleito presidencial, 11,39% votaram nulo; e 6,13%, branco.

Governador levou ‘colinha’ para a urna

O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) tomou café da manhã em sua casa, no Centro de Piraí. Depois do desjejum com bolo de banana e laranjas, não tirando os olhos de mensagens de dois celulares — ele se comunicava de hora em hora com o secretário José Mariano Beltrame, preocupado com a segurança pública.

Pezão%2C com a mulher Maria Lúcia%2C deu coletiva no hotel Windsor Flórida%2C no Catete%2C e disse que não teme o embate do segundo turnoErnesto Carriço / Agência O Dia

Pezão chegou à Escola Municipal de Lages, no bairro Ribeirão das Lages, na periferia da cidade, por volta de 11 horas. Chegou a entrar na sala de votação, mas retornou à procura da mulher Maria Lúcia.“Ô, Biluca, cadê minha colinha”, perguntou arrancando gargalhadas de um batalhão que aguardava sua presença. Pezão tomou café cedo em casa mas saiu logo para cumprimentar eleitores nas ruas antes de votar.

Depois de votar, candidato foi ao subúrbio

O candidato Marcelo Crivella (PRB) votou às 9h15 no Clube Marimbás, em Copacabana, onde chegou a pé, acompanhado dos filhos Marcelo e Raquel, da mulher Jane e da nora Maressa. O candidato do PRB aparentava calma e afirmava estar confiante no segundo turno.

“Estou com impressão de que o povo do Rio vai colocar o PRB no segundo turno para renovar a política do estado, muito embora essa tenha sido uma das eleições mais difíceis que eu já disputei”, afirmou. Acompanhado de um motorista e um fotógrafo, rumou para o subúrbio, onde visitou as comunidades do Jacarezinho, da Mangueira e do Complexo do Alemão.

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