Por thiago.antunes

Rio - No dia seguinte à pior derrota de sua trajetória política, Anthony Garotinho segue recluso na casa da família no bairro da Lapa em Campos de Goytacazes desde a tarde de domingo. Pela manhã, recebeu apenas a visita de alguns assessores e aliados como o deputado federal reeleito Paulo Feijó (PR). À tarde uma nova reunião entre ele, Feijó e o deputado estadual Geraldo Pudim terminou com o anúncio do encontro com Marcelo Crivella para a confirmação de apoio ao candidato do PRB que vai disputar o segundo turno contra Pezão.

A segunda-feira também foi marcada por reflexões sobre os rumos do próprio partido e o cenário eleitoral. Nem mesmo a vitória maiúscula de Clarissa a uma vaga como deputada federal foi capaz de aplacar as críticas dos integrantes do PR quanto às escolhas de estratégias do clã. “Nós perdemos para nós mesmos. Foram os nossos erros que nos deixaram de fora do segundo turno”, criticou um aliado.  O próprio sucesso de Clarissa causou críticas de outros candidatos da legenda que acusam Garotinho de ter mobilizado mais força para eleger a filha em detrimento de outros candidatos.

Geraldo Pudim (E) e Paulo Feijó%2C políticos aliados de Garotinho%2C estiveram com o candidato derrotado e acertaram um encontro com CrivellaCarlos Moraes / Agência O Dia

Entre os descontentes está outro filho de Garotinho, Wladimir, que teve sua candidatura vetada pelo pai. Em represália, ele apoiou a candidatura do amigo Bruno Dauaire para uma vaga na Alerj. A opção acabou por aproximá-lo de Júlio Lopes, ex-secretário estadual de Transportes, aliado de Pezão e deputado federal reeleito. E a vitória de Bruno Dauaire, o mais votado em Campos, também fez com que um antigo aliado de Garotinho perdesse espaço: Geraldo Pudim acabou conquistando apenas uma suplência na Alerj.

Outra avaliação é que as estratégias de marketing e de apoios da campanha falharam. Assessores insistiam que era necessário abrir o discurso para conquistar setores das classes médias e atrair intelectuais e formadores de opinião. Paira também no clã Garotinho a possibilidade de troca de partido no futuro para o PDT. Os aliados, porém, dizem que tudo será discutido com calma pois o momento é de reflexão e de negociações também no cenário da eleição presidencial, o que poderia render a legenda ao menos um ministério.

Apuração das eleições converteu-se em pesadelo

Mal foi anunciado o segundo turno para o governo do Rio entre Luiz Fernando Pezão (PMDB) e Marcelo Crivella (PRB), os adversários de Anthony Garotinho (PR) começaram a soltar fogos de artifício pelo município de Campos dos Goytacazes. Um desfile de carros de adversários buzinando alto tirou a tranquilidade da família recolhida em casa. Alguns colocavam sapatos na janela do carro em alusão ao governador Pezão. Ao mesmo tempo, amigos e assessores do candidato do PR deixavam a casa cabisbaixos ou chorando.

Enclausurado em sua casa desde que foi votar na manhã de domingo, Garotinho resolveu acompanhar a votação com a família. Teve que aguentar a provocação dos vizinhos da casa da frente que apoiam seu irmão Nelson Nahim, candidato a deputado federal pelo PSD na coligação de Pezão.

O irmão protagonizou outra saia justa pela manhã quando Rosinha, mulher de Garotinho e prefeita de Campos, foi votar na Universidade de Direito e os dois deram de cara com Nahim distribuindo santinhos. Rosinha chegou a cumprimentar o cunhado, enquanto Garotinho passou reto pelo irmão sem olhá-lo. Nahim e Garotinho estão brigados e não se falam desde 2011.

Garotinho e a família ficaram animados com os resultados da pesquisa boca de urna que apontavam o candidato no segundo turno. Mas quando os resultados com 70% das urnas apuradas já mostravam Crivella na frente, o clima mudou e à medida que as urnas foram mantendo a diferença era possível ouvir da rua portas batendo forte e chutes no portão da frente.

Você pode gostar