Por paulo.gomes

Rio - Mal foi anunciado que o segundo turno do governo do Rio seria disputado entre Luiz Fernando Pezão (PMDB) e Marcelo Crivella (PRB) e adversários de Anthony Garotinho (PR) começaram a soltar fogos de artifício pelo município de Campos dos Goytacazes. Um desfile de carros de adversários buzinando alto também se iniciou em frente a sua casa, alguns colocavam sapatos na janela em alusão ao apelido de Pezão. Ao mesmo tempo, amigos e assessores do candidato do PR deixavam a casa cabisbaixos ou chorando.

Correligionários de Anthony Garotinho (PR) deixaram a casa do candidato derrotado ao governo do estado chorando na noite de domingoCarlos Moraes / Agência O Dia

Enclausurado em sua casa desde que foi votar em um colégio eleitoral no bairro da Lapa, em Campos, Garotinho resolveu acompanhar a votação em casa. Teve que aguentar a provocação dos vizinhos da casa da frente: residência do irmão dele, Nelson Nahim, candidato a deputado federal pelo PSD na coligação de Pezão e que exibia placas dele com o adversário do irmão na varanda.

O irmão já tinha protagonizado outra saia justa pela manhã quando Rosinha, mulher de Garotinho e prefeita de Campos, foi votar na Universidade de Direito e os dois deram de cara com Nahim distribuindo santinhos dele e de Pezão no caminho. Rosinha chegou a cumprimentar o cunhado, enquanto Garotinho passou reto pelo irmão sem olhá-lo. Nahim e Garotinho estão brigados e não se falam desde 2011 devido a uma disputa política na prefeitura de Campos.

Garotinho e a família aguardavam a apuração com apreensão, mas ficaram animados com os resultados da pesquisa boca de urna que apontavam Garotinho no segundo turno. Mas quando os primeiros resultados com 70% das urnas apuradas já mostravam Crivella na frente, o clima mudou e a medida que as urnas foram mantendo a diferença era possível ouvir da rua portas dentro da casa de Garotinho batendo forte e chutes no portão da frente.

Simpatizantes do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) provocaram Garotinho exibindo sapatos%2C em alusão ao apelido do candidato à reeleiçãoCarlos Moraes / Agência O Dia

Ao final da apuração, Garotinho pediu a assessores para comunicar que não iria se pronunciar. O comunicado foi simplesmente que "o povo é soberano, escolheu e eu respeito". A expectativa é que ele fique em Campos e só se pronuncie nesta segunda-feira. Em seu reduto eleitoral, Garotinho ganhou de Pezão por apenas 9% dos votos, enquanto Pezão chegou a quase 80% dos votos em Barra do Piraí.

O deputado do PR reeleito, Paulo Feijó, deixou a casa de Garotinho dizendo que o momento era muito triste. "Nosso sentimento é de frustração", afirmou Feijó. Ele disse que todos estão chateados, mas Garotinho "é um guerreiro" e nesta segunda deve começar a discutir o segundo turno.

Integrantes da campanha dizem que ele preferiu não ligar para nenhum candidato no domingo, mas o "caminho natural" é realmente apoiar Crivella.

No sábado, O DIA adiantou que, apesar de não falar oficialmente sobre o assunto, Garotinho e Marcelo Crivella (PRB) negociavam a troca de apoio para quem seguir na disputa. As últimas pesquisas apontavam Garotinho numericamente a frente, mas com um empate técnico entre os dois devido a margem de erro.

Você pode gostar