Por thiago.antunes

Rio - Nem dois pontos percentuais para mais nem para menos. Os resultados das eleições para Presidência e governo de estado, ontem, mostraram que as pesquisas feitas pelos institutos Ibope e Datafolha, passaram ao largo da apuração e não retrataram fielmente o recado que veio das ruas. Num domingo marcado por surpresas, às 22h52, com 99,85% das urnas apuradas, o tucano Aécio Neves (PSDB) conquistou 33,57% dos votos (34.863.670), tirando de Marina Silva (PSB) o sonho de chegar pela primeira vez ao segundo turno. No total, 38,7 milhões de brasileiros desperdiçaram o voto.

Segundo números do Datafolha e do Ibope, divulgados às vésperas da eleição, Aécio teria, respectivamente, 26% e 27% dos votos válidos. Uma diferença, portanto, de sete pontos percentuais ao resultado das urnas. A candidata do PT à reeleição, Dilma Rousseff manteve a liderança, obtendo 41,58% dos votos (43.186.592) _ 3,9 milhões a menos do que em 2010. Pelos números dos dois institutos, a petista teria 44% e 46% das intenções.

Eleições passaram muito longe da margem d erroDivulgação

Marina, que durante a campanha chegou a ficar à frente do candidato tucano até dois dias antes da eleição, recebeu 22.137.368 votos (21,31%). Nas duas sondagens, a candidata aparecia como tecnicamente empatada com o adversário mineiro, tendo recebido 24%.

A diferença entre Marina e Aécio foi de nove pontos percentuais. Uma das reviravoltas na reta final da campanha aconteceu na votação para o governo do Rio. Cenários apontados nas pesquisas davam como certa a vitória do candidato Anthony Garotinho(PR) para o segundo turno, ao lado do atual governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) que manteve a liderança com folga. Na briga pelo segundo lugar, porém, quem levou a melhor foi o senador Marcelo Crivella (PRB), que obteve 20,2% dos votos, contra 19,7% de Garotinho.

Na boca de urna do Ibope, o ex-governador do Rio aparecia com 28% das intenções. Ao comemorar a vitória, Crivella comentou a distorção dos índices. “Pesquisa não decide eleição. Foi uma catástrofe. Pesquisas são a fotografia do momento, mas não representam o resultado final”, disse.

Com uma diferença de pouco mais de 42 mil votos%2C Crivella superou o deputado Anthony GarotinhoCarlo Wrede / Agência O Dia

Assim como na eleição passada para Presidência, PT e PSDB devem começar a corte a Marina Silva e ao seu espólio de campanha: os 22 milhões de votos conquistados no domingo _2,6 milhões a mais do que em 2010, quando a então candidata do partido PV preferiu não fazer alianças com nenhum dos dois adversários que foram para o segundo turno (Dilma e Serra).

Desta vez, a expectativa é que Marina se decida por uma das candidaturas. A partir de hoje, os candidatos recomeçam do zero na disputa pelos mais de 142 milhões de eleitores. No caso dos presidenciáveis, a petista e o tucano terão mesmo tempo de TV cada: 10 minutos.

Candidato à reeleição%2C o governador Pezão saiu na frente no primeiro turno%2C com 3%2C2 milhões de votosErnesto Carriço / Agência O Dia

No Rio, as pesquisas acertaram na vitória de Romário (PSB) ao Senado. Na disputa pela única cadeira, o jogo acabou no primeiro tempo para o ex-prefeito César Maia (DEM). Com uma votação expressiva, o ex-craque do Vasco tirou de letra a marcação do adversário, conquistando 4,6 milhões de votos (63,43%), após quatro anos como deputado federal. César Maia obteve 20,5%. Jair Bolsonaro (PP) foi o deputado federal do Rio mais votado, com 464.572 e Marcelo Freixo (Psol) liderou a corrida para a Alerj, com 350.408 votos.

Nos estados, Alckmin foi reeleito no primeiro turno e vai governar São Paulo pela quarta vez. Pela primeira vez na história política brasileira, um candidato do PC do B foi eleito governador. Flávio Dino derrotou o senador Lobão Filho (PMDB) apoiado por Roseana Sarney. Com 63,5% dos votos, Dino pôs fim à hegemonia de poder mantida há 44 anos pela família Sarney no Maranhão. Em Pernambuco, o herdeiro de Eduardo Campos, Paulo Câmara, também foi eleito ontem governador com 68% dos votos. Na terra de Aécio, Minas Gerais, a vitória foi do petista Fernando Pimentel.

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