Rio - Os mais de 700 mil eleitores que garantiram um percentual de 8,92% para Tarcísio Motta (Psol) na eleição para governador se devem, boa parte, ao desempenho obtido na capital, onde o professor obteve 14,63% dos votos.
Na cidade, Tarcísio ficou à frente de políticos de longa estrada, como Garotinho (PR), que teve 10,79% e Lindberg Farias (PT), com 7,64%. Luiz Fernando Pezão (PMDB) e Marcelo Crivella (PRB) lideraram no Rio, com 43,63% e 22,62% dos votos, respectivamente, e estão no segundo turno.
INFOGRÁFICO: Total de votos válidos por região para governador
No geral, a geografia do voto por regiões mostrou predomínio dos candidatos que cultivaram vínculos com as cidades e regiões onde iniciaram suas carreiras.
Os anos em que ocupou a prefeitura em Piraí credenciaram Pezão a obter 55% dos votos no Sul Fluminense. Quem mais se aproximou dele foi Garotinho, que, mesmo assim, teve três vezes menos votos (18,42%) que o candidato à reeleição.
Crivella teve uma votação mais homogênea. Ele venceu em Macaé (28%) e São João de Meriti (30%). Mas o candidato, que arrancou para o segundo turno superando Garotinho, teve votação consistente nas outras regiões e poucas vezes não figurou entre os três primeiros.
Ex-prefeito de Campos, Garotinho mostrou que segue forte na região. No município, cuja prefeita é sua esposa Rosinha, o candidato teve 39,78% dos votos, contra 30 % de Pezão. Ao todo, 34,91% do eleitorado do Norte Fluminense ficou com Garotinho, três pontos percentuais a mais do que Pezão.
Lindberg saiu da eleição com cinco vezes menos votos do que em 2010, quando se elegeu senador com 4,2 milhões de votos. Desta vez, o petista teve pouco menos de 800 mil votos, e perdeu em Nova Iguaçu, onde foi prefeito. Lá, teve 20,36% , ficando atrás de Garotinho e Pezão. O governador venceu em toda a Baixada, com folga: 35,77% dos votos.
UPP rende boa votação
O governador Luiz Fernando Pezão foi o candidato mais votado nos cinco maiores complexos de favelas do Rio — quatro deles ocupados por Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs), o carro-chefe da campanha de Pezão. No total, Pezão recebeu 96.150 votos nas zonas eleitorais que abrangem a Rocinha, Manguinhos, Maré, Penha e Alemão.
O resultado aponta que boa parte dos moradores dos locais parece satisfeito com o programa, apesar das críticas por conta dos constantes confrontos ocorridos nessas áreas entre traficantes e policiais. Nos últimos dois meses antes da votação, os tiroteios se intensificaram, com ataques de bandidos a policiais e às sedes das UPPs.
O próprio secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, chegou a afirmar que os ataques eram uma demonstração de insatisfação dos bandidos com a presença policial nas comunidades.
No Complexo do Alemão, por exemplo, onde os criminosos mataram o comandante de uma das unidades, mês passado, Pezão recebeu cerca de 1.600 votos a mais que o segundo colocado em todas as unidades, Marcelo Crivella (13.102 contra 11.494). Garotinho apareceu em terceiro na votação no Alemão, em Manguinhos, na Penha e na Maré. Esta última está sob intervenção das Forças Armadas.
Reportagem de Leandro Resende e Vania Cunha