Por thiago.antunes

Rio - Para ganhar a licitação que preparou o município de Niterói para a votação com urnas biométricas, a Arcolimp Serviços Gerais Ltda. firmou contrato de R$ 3,667 milhões com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ). O órgão, no entanto, ainda está fazendo levantamento de quanto, de fato, foi pago pelo serviço. O ministro João Otávio de Noronha, corregedor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), exigiu do TRE o processo de contratação da empresa. Como O DIA publicou nesta quinta-feira, com exclusividade, a empresa é especializada em limpeza.

A corregedoria do TSE apura ainda se a coleta de digitais foi feita de maneira correta com os 378.528 eleitores. No primeiro turno houve atrasos na votação e o último eleitor votou às 19h15 e a totalização de votos no estado acabou às 21h50. Em nota oficial, o TRE questionou a escolha de Niterói para a votação biométrica.

“Toda a documentação referente à escolha de Niterói para ser o primeiro grande colégio eleitoral a usar urna biométrica foi requisitado pela Corregedoria-Geral do TSE”, informou o documento. Em outro trecho assegura que “dentre os documentos, estão a designação da ex-capital fluminense por mero despacho da então diretora-geral, Regina Célia Muniz Hickman. Tal decisão não levou em conta os estudos da Secretaria de Tecnologia da Informação do TRE-RJ, bem como não foi submetida ao plenário da corte regional”.

Experiência com votação biométrica em Niterói atrasou apuração no RioReprodução

Atual chefe de gabinete da presidência do Tribunal de Justiça, Regina Célia explicou que a decisão pelo município seguiu critérios técnicos, como a proximidade com o Rio, o que reduziria o custo operacional de implantação da biometria. “No caso de Niterói não houve pagamento de diária para servidores, como ocorreu em Búzios”, justificou. A servidora alegou que a licitação, ganha pela Arcolimp, foi aprovada pela Secretaria de Orçamento de Finanças e Secretaria de Gestão de Pessoas, do TSE .

“A Arcolimp é conhecida por prestar serviços gerais, mas tem outras atividades”, disse. Segundo ela, foram contratados 25 postos para recepcionistas e um de supervisor. Eles faziam a seleção de documentos e fotografavam os eleitores. A coleta de digitais teria sido feita por servidores do TRE. “Foram realizados mutirões com servidores para que o processo de biometria fosse concluído”, contou Regina Célia. A Arcolimp, procurada pelo DIA, informou que só vai se pronunciar judicialmente.

Serviços vão de escovão à usina nuclear

A empresa Arcolimp Serviços Gerais possui longo histórico de contratos firmados com órgãos públicos desde o início dos anos 2000. Atualmente, o próprio TRE-RJ, o gabinete do prefeito de São Paulo, e a Secretaria de Governo do município paulista ainda possuem convênios com a empresa.

A lista de órgãos que já mantiveram convênios é ainda maior: os ministérios do Ambiente, da Justiça, da Educação, de Minas e Energia, da Fazenda e da Ciência, Tecnologia e Inovação, a Procuradoria da República do Estado de São Paulo e a Secretaria Municipal de Saúde do Rio. Esses contratos se referiam a admissão de serviços de lavandeira, copeiro, garçon, recepção e de limpeza.

Além da controversa licitação que habilitou a empresa de serviços gerais para o recadastramento biométrico em Niterói, o TRE-RJ admitiu garçons e copeiros para todos os edifícios-sede do órgão através de contratos com a empresa, firmados em janeiro deste ano.

Outras funções inusitadas também fazem parte do rol de serviços oferecidos pela empresa. Uma delas é a “reestruturação e expansão de instituições federais de Ensino Superior”, como no contrato com a UFRJ em 2013 e a fabricação de equipamentos para a estatal Nuclebrás Equipamentos Pesados S/A, a controladora das usinas nucleares de Angra dos Reis.

Você pode gostar