Por thiago.antunes

Rio - O eleitorado estava divido, com os nervos à flor da pele, especialmente em relação à escolha para presidente, mas as eleições no Rio de Janeiro transcorreram sem grandes contratempos. “Foi uma votação muito tranquila, que superou até a nossa expectativa”, disse a diretora-geral do Tribunal Regional Eleitora, Adriana Brandão. Mesmo assim, houve problemas. De acordo com o TRE, 174 pessoas foram presas no estado — 53 somente na capital.

Além disso, foram 428 urnas substituídas, sendo duas em Búzios e 11 em Niterói — onde foi utilizado o modelo biométrico. Este total representa 1,3% do geral de urnas. Eleita pela primeira vez deputada federal este ano, a deputada estadual Cristiane Brasil (PTB) foi detida ontem de manhã fazendo boca de urna na Rua Marquês de Abrantes, no Flamengo, nas proximidades do Instituto Metodista Bennett, onde funciona uma seção eleitoral. Ela foi detida com outras 12 pessoas e vai responder por crime eleitoral. Cristiane é filha do ex-deputado federal Roberto Jefferson.

Presa por crime eleitoral%2C Cristiane Brasil%2C que fazia campanha de Aécio Neves (PSDB) no Flamengo%2C ri na delegaciaBruno de Lima / Agência O Dia

Dos 13 presos no Flamengo, dez faziam campanha para o candidato à Presidência da República Aécio Neves (PSDB), entre eles Cristiane Brasil. Outras três divulgavam a adversária do candidato tucano, Dilma Rousseff (PT). Os presos foram levados para a 15ª DP (Gávea) onde funcionou um polo da Polícia Federal responsável pelas prisões por se tratar de crime eleitoral. Eles assinaram um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), no qual se comprometeram a se apresentar perante um juiz quando solicitado. Por se tratar de crime de menor gravidade, todos foram liberados.

Em nota, a deputada disse que passou por constrangimento ao ter “seu direito ao voto confundido com a prática ilegal da boca de urna”. “Fui votar onde moro há anos, no bairro do Flamengo, encontrei duas pessoas amigas no caminho e fomos abordados pela polícia. Meus amigos deixaram imediatamente suas bandeiras e, mesmo assim, nos dirigimos pacificamente à delegacia, para prestar esclarecimentos”, disse.
A deputada diz confiar na Justiça. “Sei que esse é um momento que passará em breve, com a vitória de governantes capazes de fazer a mudança que o Brasil precisa. Eu estarei ao lado deles, participando ativamente, e dentro da lei, desse país que todos queremos construir”, comentou Cristiane Brasil.

Equipamento antigo

A votação foi encerrada em todo o estado, às 17h25. Às 17h30, a apuração foi iniciada. Segundo a diretora-geral do TRE, Adriana Brandão, o grande número de urnas substituídas se deveu a quantidade de equipamentos antigos. No Rio, há 17 mil urnas do ano de 2004. “As urnas com defeito vão para um depósito do TRE para aguardar o descarte que deverá ser feito pelo TSE". No estado, ao todo, existem 32.765 mil urnas.

Eleitor usa a urna biométrica em Niterói%3A votação teve alguns atrasos%2C mas menos que no primeiro turnoAlexandre Vieira / Agência O Dia

Sobre a quantidade de presos, Adriana ressaltou a forte fiscalização. “A cidade está limpa como nunca esteve e isso é reflexo de uma atuação de fiscalização para impedir qualquer tentativa de boca de urna”, avaliou a diretora do TRE.

Biometria provoca atrasos

Em Niterói, eleitores levaram até uma hora para conseguir votar. Apesar da demora, o panorama foi melhor do que no primeiro turno, quando a espera chegou a três horas. Mais uma vez, a máquina de biometria foi a responsável pelos atrasos. A maquiadora Jane Gomes, 29, esperou 50 minutos. “Mesmo com o risco de ficar muito tempo na fila, em momento algum pensei em não votar”, disse.

Já no Clube Central, em Icaraí, onde no primeiro turno as filas eram grandes e a votação terminou após as 17h, eleitores levavam, em média, cinco minutos para votar. O mesmo ocorreu no Colégio Nossa Senhora da Assunção, em São Francisco.

Adesivos foram a marca

Na Tijuca, famílias e amigos se reuniram para votar. As ruas do bairro se dividiam entre o azul do candidato Aécio Neves (PSDB) e o vermelho de Dilma Rousseff (PT). Muitos moradores usaram adesivos de seus candidatos. “Estava andando com o da Dilma, quando um homem passou por mim e disse que tinha alergia à pobre”, conta a funcionária pública Helena Drummond, 46.

Na Baixada Fluminense não houve registros de confusão. Uma urna quebrada num colégio de Caxias atrasou a votação e provocou filas. Em Nilópolis, muito cabos eleitorais abordavam eleitores. Em Belford Roxo, uma kombi com bandeiras de candidatos que percorria locais de votação foi apreendida e levada para a delegacia da região, a 54ª DP (Belford Roxo).

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