Rio - Menos de três horas de sono por noite, média de 20 horas de descanso durante as últimas semanas e 24 horas na Internet. Não foi tranquila a rotina de Jeferson Monteiro, criador da página que tem mais um milhão 589 mil e 346 seguidores e sucesso nas Eleições de 2014: "Dilma Bolada". Aos 24 anos, o jovem, morador de Mesquita, na Baixada Fluminense, mergulhou de cabeça na corrida eleitoral como único responsável pelas postagens na fanpage, mesmo com o número expressivo de seguidores. Antes de tudo, Jeferson disse que estava "em jogo um projeto muito maior para o país".
"Pela manhã, acordei com uma sensação ruim. Muito apreensivo. Vi (nas redes sociais) que tinha uma mobilização do Aécio muito grande, principalmente por causa do doleiro."
E a "sensação ruim" não era para pouco. Com aproximadamente 80% das urnas apuradas, tudo indicava que os brasileiros escolheriam Aécio Neves (PSDB) como novo presidente da República. A apreensão, não só dele, mas de todos que acompanhavam pela mídia os resultados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), durou momentos:
"Às 20h06min, eu tinha certeza que ela (Dilma Rousseff, candidata petista) seria reeleita presidente do Brasil". A convicção do então consultor de campanha se consolidou porque o percentual de urnas que faltavam apurar eram no Norte e Nordeste do país, regiões em que ele acreditava - e com razão - a superioridade de Dilma no número de votos.
Em Brasília desde domingo, dia da apuração, Jeferson não deixou de votar. Esteve na seção, em Mesquita, no Rio, à uma da tarde. Logo depois, tomou o avião para o Distrito Federal para acompanhar os resultados nas urnas, que reelegeram Dilma com mais de 54 milhões de votos. "Não consegui chegar para o discurso da vitória por causa do trânsito".
Empolgado, Jeferson chamou de privilégio a participação dele em comemoração centro administrativo do país: "É muito bom estar aqui (em Brasília), estar perto. Eu me sinto parte deste processo. Hoje recai sobre os ombros dela (Dilma) responsabilidades que ela nunca teve", disse o consultor.
Quando se confirmou o resultado do pleito, Jeferson respirou aliviado: "A sensacão é de dever cumprido. Eu não voto na Dilma por causa da "Dilma Bolada". A "Dilma Bolada" só existe por causa da Dilma. Eu faço porque gosto. É uma convicção". Aos 24 anos, ele contou que não sabe o que será daqui pra frente e pretende descansar um pouco. "A página voltará a depender dos fatos cotidianos e da agenda do governo".
"A fanpage sempre foi pró-Dilma", disse o administrado da fanpage, "mas com o objetivo de apresentar variedade e entretenimento". Ele lamentou as acusações, segundo ele muitas delas do partido tucano, de que a campanha petista fosse suja. "Houve excesso? Houve. Mas para ambos os lados". Para ele, não houve inocentes durante as eleições. O jovem chegou a caracterizar de cínicos aqueles que apenas disparavam contra eleitores e correligionários da Dilma. Jeferson defendeu, ainda, que boatos e desinformações sejam investigadas e os responsáveis "exemplarmente punidos".
"Eu não espalhei nenhum boato em momento nenhum. Eu quis mostrar para as pessoas a Dilma que eu acho que ela é de fato e qual o projeto que ela defende. Agora, eu gostaria que o sentimento de união falasse mais alto."
Adiantando o próximo post da página, Jeferson contou que deve publicar, ainda esta noite ou amanhã, um "post" brincando com os eleitores tucanos que, desde domingo, têm bradado que deixarão o Brasil devido à reeleição de Dilma.