Cuca deixou o CorinthiansRodrigo Coca/Agência Corinthians
A família pediu para Cuca abandonar o cargo por causa da pressão Tite e Vanderlei Luxemburgo são dois nomes apontados para assumirem o cargo. O próximo jogo do Corinthians é sábado, às 18h30 diante do Palmeiras, no Allianz Parque.
Outro técnico a ficar pouco tempo no clube foi Júnior, em 2004, que saiu após dez dias no comando, com duas derrotas por 3 a 0 para São Caetano e São Paulo.
Cuca fez um pronunciamento: "Foi um jogo demais. Pela primeira vez pude sentir o pulsar da Fiel, da Arena. Foi maravilhoso com a conquista desta vaga. Foi um dia vivido como um sonho, foi maravilhoso."
O técnico então passou a falar da pressão que sofreu fora de campo. "Foi quase um massacre, um pesadelo. Eu estava muito concentrado para este decisão com o Remo. Os jogadores me emocionaram, eles sentiram o que eu estava passando. Não quero ser vítima de nada, mas foi a pior coisa que se pode passar, quando invadem a rede social de suas filhas, de sua mulher com ameaças, ofensas descabidas... vou fazer 60 anos, você pesa o que vale a pena e o que não vale. Vale a pena minha família, a coisa mais importante para mim. Não esperava esta avalanche, coisas passadas há muito tempo, fui julgado e punido pela internet, mas não quero entrar em detalhes."
Por fim, o treinador anunciou sua saída. "Não era o que queria, foi um pedido de minha família. Amanhã (quinta-feira) estarei em casa, vou cuidar de vocês", disse Cuca, que falou da contratação de advogados. "Quem, julga pode ser julgado", afirmou. "Quero agradecer o presidente (Duílio Monteiro Alves), já havia tomado esta decisão ontem (terça-feira). Ele é um cara do bem, é como se fosse mais um, simples, humilde... ele está sofrendo pressão enorme não é justo deixar ele, os jogadores, a diretoria sob esta pressão. Agradecer os jogadores também que compraram minhas ideias... se Deus quiser eu volto um dia para fazer um trabalho do começo ao fim."
Em sua coletiva de apresentação, na última sexta-feira, Cuca se declarou inocente e afirmou que não teve participação no caso de estupro que ocorreu em 1987 em Berna. Então jogador do Grêmio, ele foi detido em 1987 com os também atletas Eduardo Hamester, Henrique Etges e Fernando Castoldi sob a acusação de "manter atos sexuais" com uma menina de 13 anos em um hotel em Berna, na Suíça.
Dois anos mais tarde, Cuca acabou condenado a 15 meses de prisão e ao pagamento de US$ 8 mil. Julgado à revelia e condenado, ele não cumpriu a pena porque o caso prescreveu. Em depoimentos à época, a vítima narrou ter sido segurada à força pelos quatro jogadores do Grêmio. O processo está sob sigilo protegido pela lei de proteção de dados da Suíça.
Nos últimos dias, houve protestos de todos os tipos e de mais de um grupo de corintianos contra Cuca e sua permanência no clube. Foram manifestações nas redes sociais e presenciais também. Na sexta-feira, data da apresentação do treinador, coletivos de torcedores, a maioria deles compostos por mulheres, mostraram indignação do lado de fora do CT Joaquim Grava enquanto, no interior do CT, o técnico se explicava sobre a condenação relacionada ao caso de violência sexual na Suíça.
Uma delas, Luciana, contou que uma amiga, vítima de abuso infantil, não teve forças para se manifestar porque o caso de Berna gerou gatilhos nela. "Duílio e patrocinadores, o que é 'respeito às minas' para vocês"? questionou Luciana. "Respeito às minas não é fazer campanha no Dia da Mulher, Dia das Mães, levar mulher à arena e fazer uniforme para mulher comprar".
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