Boca Juniors chega a sua 12ª final da Libertadores e buscam o hepta da competiçãoDivulgação/Conmebol

Rio - Um dos clubes mais tradicionais do futebol sul-americano, o Boca Juniors chega a sua 12ª final de Libertadores e está a um passo de conquistar o sétimo título e se igualar ao Independiente como o maior vencedor da história da competição continental. No sábado (4), a equipe encara o Fluminense que, por sua vez, vai atrás da primeira taça.
De Romero no gol a Cavani no ataque, o Boca tem uma equipe muito aguerrida e que, que conduziu o clube à decisão empatando todos os jogos do mata-mata e garantiu a vitória contra os adversários nas disputas por pênaltis. 
Especialista em futebol argentino, a jornalista Gabriella Brizotti conversou com O Dia para destrinchar os pontos fortes e fracos do Boca Juniors, além dos principais jogadores da equipe que irá desafiar o Fluminense na grande decisão, no Maracanã.
ATENÇÃO NO ATAQUE
O principal nome do ataque do Boca Juniors é Edinson Cavani, jogador que é ídolo da seleção uruguaia e também com passagem de destaque no futebol europeu. Ele chegou ao clube de Buenos Aires durante o mata-mata, marcou na semifinal contra o Palmeiras e é uma das principais ameaças à meta defendida por Fábio.
"O time do meio para frente é muito bom e o ataque é um dos pontos positivos. O Cavani dispensa apresentações. É um jogador que todo mundo conhece. Ainda está se firmando no Boca, mas é um jogador muito importante para o esquema tático do Almirón. Ainda que não marque muitos gols, fez o decisivo contra o Palmeiras que garantiu o empate na semifinal e consequentemente a disputa por pênaltis"
Outro destaque no sistema ofensivo é Miguel Merentiel. O atacante que foi emprestado pelo Palmeiras e vem acumulando boas atuações com a camisa do time argentino. 
"O Merentiel é um dos principais jogadores do ataque do Boca Juniors. Ele não tinha muito espaço no Palmeiras e vem jogando bastante no Boca que exercerá a cláusula de compra e permanecerá com ele".
DE OLHO NA ZAGA
Apesar de ter a defesa menos vazada da Libertadores, com apenas cinco gols sofridos em 11 partidas, a zaga é um dos principais pontos de atenção do técnico Jorge Almirón. Isso porque o sistema defensivo tem tido problemas nas demais competições e também não contará com o experiente Marcos Rojo, ex-jogador da seleção argentina e do Manchester United.
"Podemos citar a defesa que vem sofrendo vários gols. O Almirón não consegue encaixar e a gente sabe que a equipe vai ter um desfalque que é o Rojo, então já é uma grande baixa no setor defensivo. Não quer dizer que com ele o Boca consiga ter uma defesa sólida, mas é um diferencial, tem uma grande experiência, mas sem ele é um ponto fraco”.
Ainda se tratando da defesa, há a dúvida sobre quem deve atuar no lugar de Rojo, ao lado de Jorge Figal. O mais cotado para a função é Nicolás Valentini, que se recuperou de uma lesão sofrida na partida contra o Racing pela Copa da Liga Argentina e deve jogar a final. 
"Caso o Valentini jogue, o que chama a atenção é que ele é canhoto e o Figal também é canhoto, então seriam dois canhotos na defesa do Boca. Isso chama um pouco de atenção. A torcida do Boca espera que ele se recupere porque é um bom jogador, é um zagueiro bem sólido, mas ainda é reserva justamente pela experiência que o Rojo tem e pelo tempo de casa".
"O Valentini é um zagueiro muito jovem, mas o pouco que ele joga a torcida gosta muito e há uma preocupação muito grande caso ele não consiga jogar a final, justamente porque o Rojo já está fora". 
JUVENTUDE DE VALENTÍN BARCO
Um jogador a ficar de olho na final é Valentín Barco. Mesmo com apenas 19 anos, ele foi fundamental para que o Boca chegasse à 12ª final de sua história.
"O Barco é um menino muito jovem, ele é muito bom. É um jogador muito bom de assistir e joga muita bola. Ainda que não marque muitos gols, na Libertadores marcou apenas um, ele é muito importante para fazer com que o Boca chegue ao gol. No jogo contra o Palmeiras, na Bombonera, ele criou várias chances que poderiam ser convertidas em gol. Ele sempre faz essa ligação do meio-campo com o ataque, deixa o Cavani em posição para marcar os gols, então é um jogador muito importante nesta função”.
MOMENTO DO BOCA
Se a campanha na Libertadores foi boa, já que levou o time até a grande decisão, o mesmo não pode ser dito nas outras competições. O Boca não conseguiu produzir os mesmos resultados nem no Campeonato Argentino nem na Copa da Liga.
"No campeonato local, o Boca Juniors pode ficar fora do mata-mata da Copa da Liga Argentina porque provavelmente não vai se classificar, mas na Libertadores, mesmo empatando todos os jogos, conseguiu chegar na final".
"No jogo contra o Palmeiras, principalmente no jogo da ida, o Boca jogou muito bem, um time irreconhecível para quem acompanha no Campeonato Argentino. Vê-los chegando longe na Libertadores e batendo de frente com os adversários faz do Boca um time irreconhecível. No Campeonato Argentino, não conseguem manter o mesmo ritmo. Não sei o que explica isso, mas a gente sabe da mística do Boca em Libertadores”, finalizou. 
ROMERO COMO GRANDE DESTAQUE
Já experiente, com 36 anos, o goleiro Sergio Romero é um verdadeiro especialista em defesas de pênaltis e se tornou o grande protagonista do Boca Juniors durante o mata-mata da Libertadores. Isso porque os argentinos passaram por Nacional (oitavas), Racing (quartas) e Palmeiras (semifinal), nas penalidades. Ao todo, o goleiro foi responsável por seis defesas em 11 cobranças nas três disputas. 
O camisa 1 do Boca subiu de patamar para o torcedor xeneize e já vê comparações com um dos maiores ídolos da história do clube.
"O Romero é o cara que vem defendendo os pênaltis, é o cara que evitou que o Boca Juniors fosse desclassificado da competição e garantindo as classificações nos pênaltis. Conversando com colegas argentinos e muito deles têm a opinião que o Romero já é tão importante para o Boca Juniors tal qual o Riquelme na Libertadores de 2007", completou. 
Com passagem pelo Manchester United, além de ter sido o titular da seleção argentina nas Copas do Mundo de 2010 e 2014, o goleiro é bastante respeitado desde o seu retorno ao seus país natal.  
"É um cara que tem uma grande passagem pela seleção argentina, por times da Europa, voltou e está jogando no Boca e vem construindo uma grande história. O Boca Juniors acertou muito na contratação dele e é um dos melhores pegadores de pênalti da América do Sul, talvez do mundo".
"É o goleiro que faz toda a diferença e todo mundo que acompanha o Boca Juniors sabe que se for para os pênaltis ter o Romero embaixo das traves pode ser o diferencial. Os adversários 'tremem' ao ver o Romero ali e ele passa muita confiança na meta do Boca".
CLIMA DA TORCIDA
Pela 12ª vez em sua história, o Boca Juniors atinge chega a uma final de Libertadores. Contudo, os argentinos amargam um jejum de 16 anos sem levantar a taça e ainda sofrem com o trauma do vice-campeonato de 2018, quando perderam para o maior rival, o River Plate". 
"Está uma expectativa muito grande por parte da torcida do Boca, principalmente por conta de fazerem muitos anos que eles não vencem, a última em 2007, e pelo trauma da Libertadores de 2018 que eles perdem para o River Plate, em Madrid. Esse trauma ainda está vivo e querem muito apagar", finalizou.  
Boca Juniors e Fluminense se enfrentam na final da Libertadores, no próximo sábado (4), às 17h (de Brasília), no Maracanã.
*Matéria do estagiário Matheus Mattos sob a supervisão de João Alexandre Borges