John, campeão da Libertadores e do Brasileirão, foi um dos destaques do Botafogo em 2024Vítor Silva/Botafogo

Rio - Um dos principais jogadores do título inédito do Botafogo na Libertadores da América, no último fim de semana, e também do Brasileirão, conquistado no último domingo (8) para quebrar o jejum de 29 anos, John está eternizado na história e entrou para o seleto grupo de goleiros negros lendários do clube. Durante a complicada campanha até a catarse no Monumental de Núñez, na Argentina, ele foi o responsável por assegurar a meta alvinegra.
Em um passado não muito distante, outro arqueiro caiu nas graças dos botafoguenses por toda a identificação e lealdade que teve quando ainda entrava em campo: Jefferson. Agora torcedor, o ídolo do Glorioso valorizou o enredo criado pelo companheiro de posição durante esta temporada, em entrevista exclusiva ao O DIA. Nos três títulos nacionais (1968, 1995 e 2024), goleiros negros estiveram na equipe e levantaram a taça.
"John já está na marcado para sempre. Tem uma identificação grande com a torcida, não só pelo título, mas também por tudo que vem fazendo no ano. Ele levantou um troféu tão sonhado por todos os torcedores e jogadores, sendo peça fundamental na conquista", declarou o ex-jogador.
"Fico muito feliz de poder ver a história do Botafogo sendo resgatada. Sempre foi um time grande, mas agora o respeito é outro. Os clubes enxergam com outros olhos", disse. 
Além de John, Wagner, que também está entre os goleiros negros lendários do clube, foi exaltado pelo antigo camisa 1: "Na época dele não tinha a mídia que tem hoje. Para mim, foi um jogador muito importante e isso precisa ser reconhecido". 
Jefferson esteve presente em Buenos Aires e viu de perto o Alvinegro ganhar a taça do torneio continental. A vitória por 3 a 1 sobre o Atlético-MG, com um jogador a menos desde o primeiro minuto, mostrou a união dos jogadores em prol do título. O ex-atleta ressaltou a importância de cada um e reforçou que o esforço deles, principalmente, merece ser aplaudido de pé.

Legado importante no acerto

O ídolo também mostrou que saber do sucesso dos antecedentes foi valioso para selar acordo com o Glorioso lá atrás, quando ainda iniciava a caminhada para se tornar um dos gigantes dos cariocas. 
"Eu fico muito honrado por ter feito história num clube que teve goleiros negros que marcaram épocas diferentes. Manga, Wagner, Max... Quando tive a oportunidade de ir para lá, foi fundamental saber disso. Cheguei, inclusive, sendo treinado pelo próprio Wagner", contou.
"O Botafogo é um clube diferenciado, que sempre abraça seus atletas. Goleiros negros, estrangeiros, jogadores que vieram de times menores. Todos têm sua importância", avaliou. 

Sensação única e zero arrependimento

Ao todo, o goleiro vestiu a camisa alvinegra durante 13 temporadas - sendo dez em sequência, de 2009 até 2018. No período, viveu altos e baixos, com a conquista do Campeonato Carioca em 2010, o brilho no time comandado por Seedorf, em 2012 e 2013, e o árduo rebaixamento, em 2014. No entanto, nunca deixou de representar os torcedores dentro de campo.
"A minha passagem não foi repleta de títulos importantes, mas resumo em duas palavras: gratidão e lealdade. O Botafogo me ajudou no momento em que eu mais precisei e eu estive lá quando o Botafogo mais precisou. A minha identificação com o clube e com a torcida é muito grande. Não priorizei dinheiro e sim o meu amor por eles", reforçou Jefferson. 
"Feliz por ter vivido o que vivi. Eu faria tudo de novo. O que mais me motiva é a gratidão dos botafoguenses e das pessoas que passaram por lá, por tudo que representamos para o clube. Eu me sinto orgulhoso", afirmou.

Tempos difíceis no Botafogo

Agora sob o comando do empresário norte-americano John Textor, o Glorioso vive um novo momento. Antes, nos tempos em que o goleiro esteve no clube, a situação não estava nem perto de ser a mesma. 
"Não se compara. Às vezes não tínhamos campo para treinar, fazíamos vaquinha para comprar um café da manhã para os funcionários. Já liguei para fornecedores porque tinham acabado algumas coisas. Hoje vemos a estrutura e fico muito feliz. É o momento do Botafogo, tem que comemorar e curtir", ponderou. 
*Reportagem dos estagiários Theo Faria e Gabriel Rocha, sob supervisão de Leonardo Bessa