Natural de Salvador, Bebeto, hoje com 59 anos, fala que o movimento era natural. "Desde criança, quando eu jogava pelada na Bahia, já fazia isso, era uma coisa espontânea", lembraReprodução/ Facebook Bebeto
Argentina já sofreu com o voleio de Bebeto
Pela Copa América de 1989, no Maracanã, o então atacante da Seleção marcou um golaço fazendo o movimento que virou sua marca registrada
Quando falamos de Brasil e Argentina no Maracanã não podemos deixar de citar um dos gols mais bonitos da história do clássico. Dom, talento, plasticidade, agilidade, beleza. Golaço. Essas são algumas palavras que podem definir o voleio de Bebeto naquele dia 12 de julho de 1989, na vitória sobre os hermanos por 2 a 0, no quadrangular final da Copa América. Romário também marcou.
Mais de 100 mil pessoas estavam no mítico estádio e puderam ver o lance que marcou a carreira do baiano José Roberto Gama de Oliveira. Ao que conta Bebeto, a finalização no ar não ficou marcada só para ele. "O Maradona pediu para trocar de camisa comigo. Ele disse que nunca tinha visto um gol bonito como aquele", relembra o soteropolitano.
"Como eu gostava de jogar esse clássico, ainda mais nesse palco sagrado. E esse gol de voleio, meu Deus. Esse gol é o da marca registrada, e fiz logo contra a Argentina do Maradona. Eles ficaram doidos comigo. É impressionante como aquele lance me fez virar referência", diz o ex-jogador, que também fala do lado negativo da acrobacia.
Foi tanto voleio que hoje tenho uma prótese no quadril esquerda e tenho que colocar no direito, por conta de uma artrose", conta. Segundo o ex-atacante, ao longo da carreira, foram 36 gols de voleio.
Natural de Salvador, Bebeto, hoje com 59 anos, fala que o movimento era natural. "Desde criança, quando eu jogava pelada na Bahia, já fazia isso, era uma coisa espontânea", lembra.
Voltando ao duelo contra a Argentina de 1989, o Brasil venceu e depois pegou o Paraguai, no segundo jogo do quadrangular. Resultado: 3 a 0, com dois de Bebeto e um de Romário. Na decisão contra o Uruguai, o Baixinho fez o único gol do jogo, que deu o título da Copa América ao time brasileiro. Bebeto foi o artilheiro com seis gols.
Além da conquista daquela equipe que tinha Taffarel, Aldair, Mauro Galvão, Ricardo Gomes, Mazinho, Dunga, Silas, Valdo e Branco, além de Sebastião Lazaroni como treinador, foi a afirmação de uma das maiores duplas de ataque da história do futebol. Os dois ainda dariam muitas felicidades ao povo brasileiro.
Embala neném na história
Um dos jogadores mais icônicos da história do futebol brasileiro, Bebeto, além do voleio, eternizou a comemoração "embala neném", feita pela primeira vez na vitória sobre a Holanda, por 3 a 2, nas quartas de final da Copa do Mundo de 1994.
O gol do Matheus ficou eternizado. A família é a base de tudo. Eles foram muito importantes nas minhas conquistas. Ali, foi uma homenagem para a minha esposa, para o meu filho que tinha acabado de nascer. Ele nasceu no dia 7 e o jogo foi no dia 9. Na hora a gente não teve noção da proporção que a comemoração iria tomar. As pessoas chegam para mim hoje em dia falando que eu marquei a vida delas. Eu me emociono muito."
Dias antes, em 4 de julho, data em que é comemorada a Independência dos Estados Unidos, o Brasil enfrentou a seleção norte-americana pelas oitavas de final. Naquela partida, vencida por 1 a 0, Bebeto foi o autor do gol. O camisa 7 daquela Copa também deixou marcado na história o famoso "Romário, eu te amo", depois de receber passe do Baixinho e estufar as redes dos mandantes.
Foi, disparado, o jogo mais difícil. Eles, muito patriotas, fizeram uma grande partida, poderiam ter ganho o duelo. Na oportunidade que tive, eu matei o jogo", relembra.
Bebeto falou ao Contra-Ataque que os jogadores daquele time comandado por Parreira eram muito unidos. Fruto disso foi a vitória por 1 a 0 sobre a Suécia na semifinal, e a conquista do tetracampeonato contra a Itália, nos pênaltis, por 3 a 2, após empate em 0 a 0 no tempo normal e prorrogação.
Qualidade do futebol atual e avaliação sobre Fernando Diniz
Falando do momento atual do futebol, Bebeto conta que sente falta de grandes jogadores, não só no Brasil, mas também no âmbito mundial. "Falar de agora dá uma tristeza, bate uma nostalgia muito grande. Na minha época tínhamos tantos jogadores de qualidade. Eram vários craques por equipe. Hoje é uma correria desenfreada. Muito físico, falta técnica. Não podemos perder a nossa magia. A qualidade, o improviso, a batida na bola, a chapada no ângulo, acho que poucos fazem isso hoje. O futebol ficou robotizado", desabafa o ex-jogador, que fez história no Flamengo, Vasco, Botafogo, Deportivo La Coruña-ESP, alguns dos clubes por onde passou.
O campeão do mundo de 1994 também comenta o trabalho do técnico Fernando Diniz no comando da Seleção. "Tenho acompanhado os jogos. Tem que deixar o Diniz trabalhar, ter confiança. Se ele está ali, tem méritos. Deixa ele colocar o que pensa. Os times dele jogam bonito, resgata algo do nosso tempo, do verdadeiro futebol brasileiro. Mas precisa de tempo. As coisas não se fazem da noite para o dia. Nas Eliminatórias não há tempo para implementar o sistema dele. Tem que ter paciência, coisa que o nosso imediatismo não permite."
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