Por pedro.logato

São Paulo - Quem anda pelas ruas e avenidas das principais cidades do Brasil às vezes fica em dúvida se de fato haverá uma Copa do Mundo a partir da semana que vem no País do futebol. Poucas ainda estão pintadas e decoradas com bandeiras e adereços verde-amarelos. Esse também é o clima na Rua Geni Aparecida de Moura, no Jardim Glória, subúrbio da Praia Grande, popular balneário turístico situado a 78 quilômetros de São Paulo. Isso não chamaria a atenção se ali não fosse o cenário dos primeiros chutes, arrancadas e tampões de dedo perdidos do maior craque e principal esperança do Brasil na Copa do Mundo. Dos 7 aos 12 anos, Neymar morou no número 324 da Rua B, nome antigo e mais conhecido pelos moradores do bairro.

Neymar comprava balas na loja de seu DomingosMurillo Constantino / Agência O Dia

Mesmo sem esse entusiasmo todo com a Copa, a galera da B sente orgulho do ex-vizinho ilustre. Domingos Paes de Lira, 61 anos, é o dono da lojinha onde o atacante e os amigos da rua compravam doces e balas. Ele até hoje se lembra bem daquele moleque mirrado e de cabelo enroladinho. “Ele era meu freguês. Só pensava em jogar bola. Já era bom naquela época”, diz, tímido, seu Domingos da Vendinha. Quando morava por lá, Neymar tinha três amigos inseparáveis: Jonathan Santos Marcelino, 22 anos, desempregado; o irmão e ajudante de obras William, 23, e o músico Alan Wilbert, de 21. Eram os companheiros das peladas nos Maracanãs, Morumbis e Vilas Belmiros imaginárias que criavam a cada embate disputado no asfalto quente do litoral paulista.

Hoje, Alan é músico no grupo de pagode local ‘Outro Papo’. Ele torce para o ex-parça na Copa e também para que o craque dê uma força na divulgação do trabalho da banda. “Ele dá moral para tantos grupos por aí. Então, não custa nada ajudar os amigos das antigas”, pede Alan.
Jonathan, segundo ele chamado de John por Neymar, lembra que, apesar de tímido, o atacante da Seleção já fazia sucesso com as meninas do bairro. “Ele tinha moral com as novinhas. Várias queriam ficar com ele”, revela John.

O amigo confirma uma história que o próprio Neymar fez questão de desmentir. É sobre o time de coração do atacante. “Na infância, o Neymar era palmeirense. Tinha até camisa do time”, entrega Jonathan, ao lado do desenho do atacante pintado na vizinha Rua M. Na B, a Copa ainda não chegou. Mas o ilustre ex-morador do Jardim Glória pode ajudar a mudar isso.

EX-VIZINHOS RECLAMAM DE ‘DRIBLES’

lém de carregar o peso de ser a principal esperança do Brasil na Copa, Neymar terá que reconquistar a confiança dos seus ex-vizinhos de rua. A maioria não anda muito feliz com o atacante, que só voltou lá para visitar as obras de seu instituto, que funcionará no antigo campo do Grêmio Praia Grande, no Jardim Glória.

“Desde que ele foi para o Santos, nunca mais voltou aqui. Eu só queria um abraço dele. E uma camisa do Barcelona também”, diz, rindo, o amigo Jonathan. Mãe dele e de William, outro amigo de infância do jogador, Cilmara Batista Santos conta que levava Neymar à escola junto com os filhos.

Ela se queixa que foi barrada durante um evento no futuro Instituto Neymar JR: “Era amiga da mãe dele. No dia em que esteve aqui, não me deixaram entrar lá.”

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