São Paulo - A última partida da seleção brasileira antes de iniciar sua participação na Copa do Mundo será num palco em que normalmente não é bem recebida. O amistoso desta sexta-feira diante da Sérvia, a partir das 16h, tem como atração extra saber se finalmente o Brasil conseguirá deixar uma boa impressão e agradar ao exigente público paulista. São vários os episódios em que a seleção deixou o gramado do estádio do São Paulo vaiada sem o menor constrangimento.
A primeira demonstração de "tolerância zero" do público do Morumbi com a seleção ocorreu antes de uma conquista histórica do futebol brasileiro. Às vésperas de participar da Copa do Mundo de 1970, no México, onde conquistaria o tricampeonato mundial, o Brasil disputou um amistoso contra a Bulgária, no dia 26 de abril. Neste jogo, o recém-empossado técnico Zagallo - que havia substituído João Saldanha, demitido um mês antes - deixou Pelé no banco de reservas e escalou em seu lugar Paulo César Caju. Inconformados, os torcedores vaiaram a seleção impiedosamente, mesmo com a entrada do craque do Santos na segunda etapa. Ainda assim , o Brasil não passou de um 0 a 0 diante dos búlgaros.
Nem mesmo em jogo festivo o estádio do São Paulo costuma trazer uma boa recepção à seleção. Em 3 de março de 1982, o atacante Jairzinho foi escalado pelo técnico Telê Santana para completar seu 100º jogo com a camisa da seleção. Depois das justas homenagens, o time brasileiro acabou tropeçando diante da Checoslováquia e empatou por 1 a 1, em jogo preparatório para a Copa da Espanha.
Outra oportunidade em que o Morumbi não trouxe muita sorte à seleção brasileira foi nas eliminatórias de 1985, para a Copa do México. Embora já estivesse classificado antecipadamente para o Mundial, o Brasil (novamente comandado por Telê) ficou no 1 a 1 contra a fraca Bolívia, no dia 30 de julho daquele ano. Resultado: muitas vaias.
Mas o maior episódio de rejeição do Morumbi e do torcedor paulista à seleção brasleira aconteceu nas eliminatórias para a Copa da Coreia e do Japão. Em 15 de novembro de 2000, sob o comando de Leão, o time brasileiro fez uma péssima apresentação diante da Colômbia. E nem mesmo o gol salvador de Roque Júnior, já nos descontos, evitou uma estrondosa vaia. A torcida ficou tão revoltada que jogou no gramado dezenas de bandeirinhas do Brasil.
Nas eliminatórias para a Copa da Àfrica do Sul, a seleção brasileira voltou a depecionar no Morumbi. No dia 21 de novembro de 2007, sob o comando de Dunga, a seleção sofreu para derrotar o Uruguai por 2 a 1 de virada, e mesmo com dois gols do ídolo do São Paulo, Luís Fabiano, deixou o gramado vaiada.
O último capítulo da crise entre Morumbi e seleção ocorreu em 2012. Em pleno 7 de setembro, feriado da Independência e num dos últimos jogos sob o comando de Mano Menezes, o Brasil penou para derrotar a frágil África do Sul por 1 a 0, gol de Hulk. O mesmo roteiro de outros anos acabou se repetindo, com muitas vaias ecoando das arquibancadas lotadas do Morumbi. Nem mesmo o craque Neymar, já na condição de estrela maior da seleção, foi perdoado.
Nesta sexta-feira, resta ao time de Luiz Felipe Scolari tentar mudar diante da Sérvia um roteiro que já ficou bastante conhecido toda a vez em que a seleção brasileira e o Morumbi se encontram, trocando as vaias e cornetadas por muita festa e aplausos.
Reportagem: Marcelo Laguna